quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Mais uma vez: Qual é o problema!?


Um dia destes realizou-se em Cascais uma grande conferência, não sei exactamente sobre quê, organizada por certa revista conceituada na área da economia e a que a comunicação social deu um enorme destaque.

Servia de pano de fundo à tribuna dos palestrantes um painel pejado de publicidade.

Entre os palestrantes esteve o primeiro ministro de Portugal e o ministro que ocupa um cargo logo a seguir, vários ministros e secretários de Estado; esteve também o líder do maior partido da oposição.

Estiveram, ainda, directores, chefes e várias outras tipos de representantes de empresas.

Se estes não destoavam à frente do tal painel, pois a publicidade faz parte do seu mundo; aqueles... bem... pura e simplesmente, não podiam estar ali! Isto foi o que eu disse de mim para comigo.

Os mais altos representantes do Governo de um país, seja ele qual for, e o (talvez) futuro Governo, não podem, em circunstância alguma, ser associados a qualquer produto, marca, interesse particular. A isenção e a sua evidência é uma regra absoluta, não há nem pode haver excepções.

Quem patrocina, já se sabe, muito legitimamente, tira ou procura tirar dividendos. Pode não ter sido o caso, não digo que foi, mas a simbologia é arrasadora: o poder político dando a cara, mas tendo na retaguarda o poder económico e dos negócios.

Presumo que este tipo de cenário se torne habitual, como já o é em escolas e universidade públicas, em museus públicos, etc., etc, etc e presumo também que muitas pessoas, caso leiam um texto como este perguntem: qual é o problema!?

Maria Helena Damião

2 comentários:

Carlos Ricardo Soares disse...

O problema é que isso não acontece por acaso ou distração, ou ingenuidade, ou dolo. O problema é que eles (se calhar) não querem enganar ninguém. O problema é que eles assumem que assim é e que, portanto, assim deve ser. O problema é...
Quem pode manda e quem não pode...

perhaps disse...

Quando a política se deixa fazer refém da economia o mundo anda, mas para trás.

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