terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A POLÍTICA DE CIÊNCIA É BOA, OS CIENTISTAS É QUE NÃO PRESTAM

Num comunicado divulgado ontem, o Conselho dos Laboratórios Associados criticou duramente as políticas do governo para a ciência, rebatendo cabalmente as afirmações ignorantes de Passos Coelho acerca do percurso da ciência portuguesa nos últimos 20 anos. Ao contrário do que disse o primeiro-ministro, num português que está longe de ser um exemplo de excelência, o aumento de investimento na ciência em Portugal foi acompanhado de um correspondente aumento da produção científica. Não estamos ainda ao nível dos países mais avançados da UE, nem do investimento nem da produção científica, razão que justifica a continuação deste caminho e não a sua inversão. A ideia de que há doutorados a mais também é falsa, não há, há a menos, quando comparado com a média da UE, razão pela qual é inaceitável o corte brutal nas bolsas de doutoramento. A ideia de que podemos deitar para o lixo mais de 2000 investigadores pós-doutorados, como sucedeu no último concurso, é suicida.

Os vários actores da política do governo têm falado numa aposta na "qualidade" e na "excelência", para tentar mascarar como "poda" os cortes pela pela raiz que têm feito. A avaliar pelos dois comunicados do Conselho dos Laboratórios Associados (aqui e aqui) e pelo in(comunicado) do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, a qualidade e a excelência não querem essa doutrina de "qualidade" e "excelência" apregoada pela FCT.

O Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia é um órgão de aconselhamento criado pelo actual governo, tem sua a sede no Palácio das Laranjeiras (ou seja em instalações do Ministério da Educação e Ciência), conta entre os seus membros com alguns dos mais reconhecidos e premiados cientistas portugueses, tanto a nível nacional como internacional, é coordenado pelo cientista António Coutinho (antigo director do Instituto Gulbenkian de Ciência e presidido pelo próprio primeiro-ministro! Este conselho é inquestionavelmente uma representação de excelência e qualidade, que pelos vistos não se revê na "excelência" e "qualidade" deste governo.

O Conselho dos Laboratórios Associados (CLA) reúne 26 centros de investigação de todo o país com classificação de "excelente", entre os quais o laboratório associado do Instituto de Tecnologia Química e Biológica. Desse laboratório associado faz parte o Centro de Estudos de Doenças Crónicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa (CEDOC), que acolhe o grupo de investigação do Presidente da FCT (Não é excelente? Não é produtivo? "Falha na substância?").

A qualidade e a excelência não querem a "qualidade" e a "excelência" da FCT. Nem sequer o Laboratório Associado do qual Miguel Seabra faz parte. Como está contra todos, tantos os investigadores jovens (que manda embora) como os menos jovens e mais reconhecidos (cuja opinião não leva em conta), talvez a ideia deste governo seja fazer ciência sem cientistas. Está visto que, para eles, a política de ciência é boa, os cientistas é que não prestam.

1 comentário:

joão viegas disse...

Ha uma gralha (a mais) :

"A ideia de que há doutorados a mais também é falsa, não há, há a menos"

Boas

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