segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O desacordo ortográfico

Sempre defendi que o acordo ortográfico é uma mentira política. Do meu ponto de vista, os autores do acordo mentiram aos governantes. O verdadeiro objectivo dos autores do acordo é mudar a ortografia, à sua maneira, de acordo com uma ideologia que considera importante aproximar o mais possível a ortografia da fonética. Assim, o princípio que orienta as mudanças ortográficas, nos dois países, foi o de escrever como se fala. Como é evidente, as maiores diferenças (e viva as diferenças!) entre o português de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, e S. Tomé e Príncipe está na maneira como pronunciamos as palavras. Se desatarmos a mudar a maneira como escrevemos com base na maneira como falamos, a médio prazo o que temos é a completa separação das diferentes variantes da língua, exactamente como aconteceu com o português em relação ao castelhano. Como nenhum governante de nenhum país aceitaria mudar a ortografia só porque sim, foi-lhes vendida a ideia de um futuro império da língua portuguesa unificada e eles caíram que nem patinhos na mentira. Que é uma mentira é o que se torna patente neste artigo de Maria Regina Rocha, professora de língua portuguesa e consultora do Ciberdúvidas: fazendo uma contagem das palavras que o acordo unifica e das palavras que o acordo desunifica, ficamos com 1235 que antes se escreviam do mesmo modo em todos os países (como "perspectiva") e que passam a escrever-se de maneira diferente ("perspectiva" e "perspetiva"). E quantas palavras se escreviam de maneira diferente e passam a escrever-se de maneira igual com o acordo? Apenas 569 palavras (como "abstrato"). Entretanto, continuam a existir 2691 palavras que já se escreviam de maneira diferente e que continuaremos a escrever de maneira diferente (como "fato" e "facto"). Isto é a demonstração empírica de que o acordo não contribui em coisa alguma para unificar a língua; antes contribui, e muito, para a desunificar e, a médio prazo, fracturar completamente. Vale a pena ler o artigo de Maria Regina Rocha, publicado no jornal Público do passado dia 19 de Janeiro:

O acordo Ortográfico está em causa. Instituições e publicações há que o aplicam; outras, que o rejeitam. O grande público contesta-o, e a esmagadora maioria dos cidadãos não consegue compreender o que se está a tentar fazer à Língua Portuguesa.

Efectivamente, embora genericamente as pessoas estejam contra esse acordo, infelizmente a forma como se extremaram posições levou a que, num determinado momento, quem tinha o poder político lhe conferisse força de lei, sem uma atenta e lúcida reflexão sobre o mesmo e as suas gravíssimas implicações, sobretudo de natureza linguística e cultural, com repercussão no ensino e no domínio da língua.

Como ainda estamos em fase de transição e as leis são os homens que as fazem, esperemos que as razões serenas e lúcidas se imponham e façam com que aqueles que representam o povo legislem de acordo com o supremo interesse do país e da língua portuguesa, seja ela falada onde for.

Lembro apenas, como precedente, que o Acordo Ortográfico de 1945 foi nessa data assinado por Portugal e pelo Brasil, que o Brasil o tentou aplicar durante dez anos e que, em 1955, rendido à especificidade do registo ortográfico da variante do Português do Brasil, revogou esse acordo. Assim, se Portugal tomar a iniciativa de reflectir e, com razões ponderosas, reformular o texto do Acordo actual, não fará nada de inédito nem beliscará as relações entre os países envolvidos. Aliás, será de referir, ainda, que, recentemente, o próprio Governo brasileiro anunciou que vai adiar a obrigatoriedade da aplicação do acordo para 2016...

Focando, então, o Acordo actual, em primeiro lugar, deverei dizer que uma pessoa com formação linguística naturalmente que não estaria, à partida, contra um acordo ortográfico. E deverei dizer, ainda, que houve, neste acordo, tentativas (embora não totalmente eficazes) de resolver algumas questões ortográficas relativamente à grafia de novas palavras, concretamente no que diz respeito à utilização do hífen.

No entanto, este acordo enferma de um grande pecado original: não alcança minimamente o apregoado objectivo da unidade na ortografia.

Para que serve um "acordo ortográfico"? Para unificar a ortografia de povos que falam a mesma língua. Ora, com este acordo, a ortografia da Língua Portuguesa não se unificou. Tentei obter resposta a uma pergunta simples: quantas palavras se escreviam de forma diferente no Brasil em comparação com a forma como as mesmas palavras se escreviam em Portugal e nos restantes Países de Língua Oficial Portuguesa antes do Acordo e depois do Acordo? Não consegui obter uma resposta objectiva da parte dos defensores do Acordo Ortográfico. Pergunto: parte-se para a tentativa de aplicação de um acordo ortográfico sem se saber claramente quantas palavras é que mudam na ortografia?

Assim, procurei eu a resposta, consultando o "Vocabulário de Mudança" disponibilizado no Portal da Língua Portuguesa.

E, considerando a informação aí veiculada, a resposta é a seguinte (contagem feita manualmente): antes do Acordo -- e exceptuando as palavras com alteração do hífen, as palavras graves acentuadas no Brasil e não em Portugal (como idéia - ideia) e as palavras com trema (pelo seu número residual e por tais situações afectarem sobretudo a ortografia brasileira) --, havia 2691 palavras que se escreviam de forma diferente e que se mantêm diferentes (por exemplo facto e fato), havia 569 palavras diferentes que se tornam iguais (por exemplo, abstracto e abstrato resultam em abstrato), e havia 1235 palavras iguais que se tornam diferentes.

Está a ler bem: com o Acordo Ortográfico, aumenta o número de palavras que se escrevem de forma diferente!

Isto é, havia 1235 palavras que se escreviam da mesma forma em Portugal e no Brasil que, com o Acordo, mudam, a saber: 190 ficam com dupla grafia em ambos os países (por exemplo circunspecto e circunspeto); 57 ficam com dupla grafia mas só em Portugal (por exemplo, conceptual e concetual, que no Brasil se escreve conceptual, mantendo a consoante "p"); 788 mudam para uma das variantes que existem no Brasil, por vezes a menos utilizada ou a considerada mais afastada da norma padrão (por exemplo, perspetiva: em Portugal, só se admite esta forma -- sem "c" --, mas no Brasil admitem-se duas, perpectiva e perspetiva, sendo esta última preferencial); finalmente, 200 mudam para uma até ao momento inexistente e que passa a existir apenas em Portugal (por exemplo, receção, que no Brasil só admite a forma recepção, que passa a não ser possível em Portugal).

Esta última situação é a mais aberrante: são 200 palavras inventadas, que não existiam e passam a ser exclusivas da norma ortográfica em Portugal. Alguns exemplos: em Portugal, com o Acordo, passa obrigatoriamente a escrever-se aceção, anticoncetivo, conceção, confeção, contraceção, deceção, deteção, impercetível.

O problema diz, pois, respeito sobretudo à grafia das palavras que contêm as vulgarmente chamadas "consoantes mudas". Segundo os referidos dados do Portal da Língua Portuguesa, com o Acordo Ortográfico, no que diz respeito às palavras que mudam, no Brasil continuam a escrever-se 1235 palavras com essa consoante etimológica (978 de dupla grafia e 257 que se escrevem só com a manutenção da consoante), enquanto em Portugal e nos restantes Países de Língua Oficial Portuguesa são apenas 247!

Em Portugal, altera-se a ortografia fazendo desaparecer as respectivas consoantes e, afinal, no Brasil, essa ortografia de cariz etimológico mantém-se!!!

Não vou aqui falar da questão da dupla ortografia e de fragilidades e incorrecções presentes nos textos referentes ao Acordo Ortográfico, que têm um efeito negativo no ensino, na aprendizagem e no domínio da Língua Portuguesa (tal poderá ser objecto de outro artigo). Aqui apenas estou a referir como falsa a propalada unidade ortográfica!

Chegou a hora decisiva de nos pronunciarmos eficazmente pela suspensão da aplicação deste Acordo que tanto prejuízo causa à Língua Portuguesa. Tal é possível subscrevendo a Iniciativa Legislativa de Cidadãos (em http://ilcao.cedilha.net/), que visa, democraticamente, levar ao Parlamento, de novo, esta discussão.

E faço um apelo aos decisores políticos para que analisem cuidadosamente a situação: ninguém se pode escudar na ignorância dos assuntos sobre os quais toma decisões, pois a História não lhes perdoará.

Maria Regina Rocha

12 comentários:

José Batista disse...

Enfim, em vez de um acordo ortográfico (de quem com quem, para interesse de quem?) obteve-se o que alguém chamou insistentemente de:

ABORTO ORTOGRÁFICO!

De que muitos, como eu, gostariam de ver-se livres.

Vou já ver se aquela petição não é uma que já assinei, eu e todos os membros da minha família.

Cisfranco disse...

Muito bem.Não concordo com o acordo e ainda continuo na fase de resistência, não o aplicando. Os serviços públicos produzem despachos para os funcionários aplicarem esse aborto ortográfico, mas ainda não tomei conhecimento formal disso.
Bastaria ter o conhecimento que este post muito bem feito, refere, para os negociadores não proporem o que propuseram.
Suspensão e revisão do acordo!

Desidério Murcho disse...

Apesar de estar no Brasil, já imprimi e assinei a Iniciativa Legislativa de Cidadãos e enviei pelo correio.

Vale a pena acrescentar o seguinte: caso se quisesse genuinamente, e não mentirosamente, harmonizar ortografias, a via a seguir seria comparar as diferenças e eliminá-las quando isso é razoável. Assim, os brasileiros poderiam perder o trema de "conseqüente" sem prejuízo de maior, ficando como nós; e nós poderíamos perder algumas consoantes mudas, como "a(c)tual", ficando como eles. Mas nós manteríamos a "perspectiva", porque 1) os brasileiros também usam o c e 2) o c para nós é crucial para ler a palavra correctamente. Um acordo feito nesta base seria realmente unificador, e seria mais parecido ao que os países de língua castelhana conseguiram fazer, harmonizando e integrando as variantes de maneira inteligente. O que fez o Malaca Casteleiro e o António Houaiss foi um erro colossal, tanto do ponto de vista técnico-linguístico, como do ponto de vista histórico e, sobretudo, do ponto de vista moral: mentiram aos governantes e fizeram uma fraude com a qual tentaram enganar todos os cidadãos da língua portuguesa. Uma vergonha.

Paisano disse...

Ao fim de muitos anos comecei a sofrer de uma doença estranha que recentemente me afectou.
Contrariando as minhas convicções cedi finalmente a consultar a medicina, versão contemporanea do feiticeiro da tribo.
Arrastado aos modernos antros e após atenta observação, seguida de toda a panóplia dos exames complementares ouvi finalmente o veredicto para os meus achaques.
Disse o científico que:
== O seu mal é provocado por um "acordu ortugraficu"! Prevejo que se não evitar o contacto com tal vírus o seu fim seja fatal! A sua capacidade de resistência ao bacilo é grande mas .... a cada dia que passa !!!! A minha recomendação terminante, e para a sua salvação e conservação do prazo de vida que lhe foi concedido é a de que se mantenha o mais afastado possível de tal enormidade, protegendo-se o mais possível a tal epidemia.

José Batista disse...

Concordo inteiramente, caro Desidério, embora não conheça elementos que me permitam afirmar que Malaca Casteleiro e António Houaiss sejam fraudulentos e mentirosos. Mas que foram incompetentíssimos, lá isso parece-me que sim.

E depois eu tenho um problema de que o Paisano (ver abaixo) se pode afastar e para o qual o Desidério se pode borrifar: como sou professor do ensino secundário obrigam-me a escrever segundo o "aborto"...

O que me faz sentir... lixado (perdoem-me as orelhas mais sensíveis)

Eduardo Guerra disse...

Nunca na minha vida pensei vir a ser um 'espetador à distância', tal como as televisões agora nos chamam, a quem assiste aos seus programas, alcunhados de telespetadores! Se o ridículo e a estupidez pagassem imposto, a dívida do Estado há muito que estaria saldada.

Desidério Murcho disse...

Não quero ser ofensivo para com Malaca Casteleiro nem António Houaiss, ainda por cima já morto. Mas só me parece haver duas hipóteses. Ou são pessoas muito incompetentes porque querem unificar com base no que mais nos separa, que é a fonética, ou quiseram manipular os políticos e todos os utentes da nossa língua comum. Não vejo outras hipóteses plausíveis. Como não me parece que Houaiss seja incompetente, pelo trabalho que conheço dele (nada conheço de Malaca, por isso não sei), só me resta uma das alternativas. Mas posso estar enganado. O facto é que, esteja ou não enganado, o acordo não unifica: desunifica.

Eu continuo e continuarei a escrever com a ortografia antiga, em Portugal, mas no Brasil escrevo com a nova (no Brasil não foi feita praticamente nenhuma violência sobre a ortografia, apenas ficou mais simples e lógica). Acontece que como sou autor de manuais de filosofia, o editor obedece à lei e muda-me tudo o que escrevo para a nova ortografia. O que tenho de aceitar, claro.

José Batista disse...

Curta nota: quando acima falei de incompetentíssimos, refiro-me especificamente ao chamado acordo ortográfico e a quem é ou foi responsável por ele (nem sequer sei se as pessoas referidas são ou foram as mais responsáveis, nem isso me interessa). Naturalmente, não me atrevo a pronunciar-me sobre a obra de cada um daqueles autores.
Pobre de mim.

Agora, tenham aquelas ou outras pessoas a importância e relevância que tiverem não aceito considerá-las "vacas sagradas" na matéria restrita em apreço. Era só o que (me) faltava.

E aprecio quem diz alto e bom som o que deve ser dito.

Anónimo disse...

A estabilização ortográfica é o caminho natural da ortografia das línguas cultas - tanto quanto podemos verificar pelo inglês, pelo francês ou pelo castelhano (que, teve uma reforma meramente indicativa e com modificações pontuais). É que, quanto mais facilitado e imediato o acesso à norma, quanto mais elevados os índices de alfabetização, maior é a fixação da ortografia.
Não é assunto para negociações, como se se tratasse de um bem disponível para os governos e muito menos de democracias: é que, se o governo decide contra pareceres - e pareceres oficiais que solicitou - estamos perante um poder ditatorial que não pode ser justificado nem legitimado: é o reino da política do capricho, do governo de favoritas, chamem-se estas Pompadour ou lusofonia.
Talvez por isso, nos países que não conheceram a ditadura nunca houve qualquer reforma ou acordo ortográfico.

João Ricardo disse...

A ILC não é uma petição, até porque as petições têm ZERO valor jurídico e vinculativo. Ao ser apreciada e aprovada, uma ILC - Iniciativa Legislativa de Cidadãos - tem o valor de lei!

Por isso é que, neste momento, "A" maneira de lutar contra o AO90 é exactamente assinando a ILC. Sempre foi.

José Batista disse...

Obrigado, caro João Ricardo, pelo seu esclarecimento.

Creio que foi esta iniciativa que assinei. Mas não consegui encontrar nenhuma lista de nomes onde pudesse verificar se também o meu consta.

AFMata disse...

Fonte:

Compêndio de gramática Portuguesa 1º e 2º anos do Liceu Porto Editora páginas 325 e 326, conforme a escrita correcta das palavras segundo as normas oficialmente estabelecidas .


Três Princípios Gerais:


1º - Não se escrevem letras geminadas ou dobradas;

Exceptuam-se rr e ss, que, entre vogais, conservam respectivamente o som sonoro e surdo : torre, carro, massa.

Obs :

a) - nos vocábulos em que o primeiro elemento termina por vogal e o segundo começa por r ou s, dobram-se estas letras: derrogar, prorrogar, monossílabo, ressoar, ressentir.

b) - nunca se dobra o m nem o n: emagrecer, imergir, enobrecer, inato.
Em connosco, comummente, ruimmente, não há letra dobrada, mas uma ressonância nasal e uma consoante.


2º - Só se escrevem as letras finais b, c, d, g, t (ainda que se não pronunciem) nos nomes próprios bíblicos consagrados pelo uso: Jacob, Job, Isaac, David, Gog, Josafat, e ainda em Cid, Madrid, Valhadolid, Calecut ou Calicut.

o n final só se escreve quando se pronuncia e não torna nasal a vogal anterior: alúmen, glúten, líquen, mas gérmen ou germe, regímen ou regime.


3º - Em geral não se escrevem letras que representam consoantes que se não pronunciam.

Exceptuam-se o c e o p dos grupos cc, cç, ct, pc, pç, e pt nos casos seguintes:

a) quando, precedidos de a, e ou o, exercem influência na pronúncia destas vogais, tornando-as abertas:

abstracto, acção, accionar,actual, acto,actor, actuar, actuação, actualização,activo, accionista, adoptar, adopção, adjectivo, arquitectura, atracção, aspecto, afecto, baptismo,colecta,colectivo, característica, correcto, correcção, defectivo, detectar, difracção directo,direcção, efectivo, erecto, espectador,espectáculo, exacto, excepção, excepto, expectativa, faccioso,factor, factura, fraccionário, fracção,friccionar, indirecto, infecção, infectado, insecticida, inspector, inspecção,lectivo, leccionar, objecção, objectivo, objecto, optimista, projecção, projecto, perspectiva, predilecção prospectiva, reacção, respectivo, recepção, receptáculo, reflectir, retrospectiva, sector, selecção, selecto, tacto, tecto, tractor,tracção ............

b) para harmonizar grafias com palavras afins em que a consoante se pronuncia ou indica a abertura da vogal anterior:

Egipto e egípcio
corruptor e corrupto
carácter e caracteres

contacto e contactar
facto e factual

interrupção e interruptor
micção
pacto e pactuar
eléctrico e electricidade
bactéria e bactericida

obs:

o grupo sc conserva-se no interior de palavras, quando se pronuncia, mas cai o primeiro elemento, quando inicial; consciência, proscénio, mas ciência, cena cenário, ciático, cindir.

O u de gu e qu pronuncia-se, quando está seguido de a ou o;
não se pronuncia, quando se segue e ou i: língua, quase, qualidade, quota, sangue, que, queimar, quilo, quimera; mas equestre, equidade, frequência sanguíneo.

Obs:

como consequência do princípio, escrevem-se nos grupos consonânticos as letras que representam consoantes que se pronunciam em Portugal e no Brasil, ou num só dos países:

súbdito, obter, dicção, amígdala, indemne, designar, ruptura, amnistia, afta, ficção, aritmética, indemnizar, Agnelo, interruptor






Grafia das Consoantes e dos grupos consonânticos

Casos particulares

NOVA ATLÂNTIDA

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