Após a Segunda Guerra Mundial, a reconstrução na Alemanha e no Japão demandou de 15 a 20 anos, tempo surpreendentemente curto frente aos danos ocorridos.
Durante e após a reconstrução, os dois países investiram fortemente em educação, principalmente o país asiático. A reforma focou o ensino público, que atende a 90% da população, básico e técnico; e na remuneração concedida aos professores, que é 25% maior do que a média dos servidores públicos.
Mais tarde, a Coreia do Sul seguiu o mesmo caminho. Bons alunos têm acesso a bolsas, e o governo incentiva a pesquisa. Como resultado, o país cresceu 9% ao ano por mais ou menos três décadas Atualmente, é a vez da China, com um sistema mais "duro": o progresso de professores e estudantes depende dos seus desempenhos.
Histórico de notas altas permite que ambos frequentem as melhores escolas, nas quais o governo investe mais. Notas menores levam a escolas de menor nível ou o mercado de trabalho. E o crescimento da China também é similar aos casos anteriores.
Alguns países compreenderam que o conhecimento é o caminho para obter no futuro uma posição destacada. Trata-se de uma questão de vontade social e política.
Em decorrência de observações feitas durante muitos anos -a partir dos quais desenvolvemos programas específicos para escolas técnicas e empresas-, constatamos que o nível técnico é fundamental para atingir altos níveis de produtividade.
Estratégias, políticas e planejamento são normalmente de competência de cargos com nível universitário, enquanto "pôr as mãos na massa" nem sempre é "bem-visto". Quem toma as decisões deixa nas mãos de outros a sua implantação.
Esse distanciamento se repete também horizontalmente, com pouco trabalho em equipe e, consequentemente, pouca reflexão sobre como as coisas são feitas.
Mudar cultura é possível, porém demorado. É necessário buscar alternativas mais rápidas. Parece-nos que uma alternativa viável é reforçar fortemente o nível técnico, onde as "coisas acontecem" em qualidade e produtividade, oferecendo capacitação em inovação e melhoria contínua, para que as empresas já incorporem jovens com tais conhecimentos.
Num grupo de trabalho de aproximadamente dez pessoas, é necessário que um deles, no mínimo, observe permanentemente como as operações são executadas no seu setor e detecte oportunidades de fazer diferente e melhor.
Assim agindo, a estagnação (e consequentemente a obsolescência) dos processos operacionais poderia ser diminuída ou evitada, com o consequente aumento de inovação e melhoria contínua.
Esses conceitos precisam ser levados "às pontas" ou ao "negócio" - ou seja, às escolas e às empresas -, já que atualmente órgãos centralizados não se mostram muito efetivos.
3 comentários:
E cá em Portugal, se quisermos ser verdadeiros e rigorosos, no ensino básico e secundário não há praticamente ensino técnico. Uns arremedos aqui e ali, de um modo ou de outro, mais barrela menos barrela, e é a mixórdia costumeira.
Os resultados, esses são catastróficos, apesar da cosmética estatística, mesmo ou principalmente de organizações internacionais.
A realidade, essa é menos disfarçável e... impõem-se!
No Brasil é historica a escola técnica à exemplo: agrícola, contábil, enfermagem, administração e de magistério, capacitava e formava a nível de segundo grau. Os anos oitenta apesar da (economia instável) a expansão de mercado e crescimento industrial no Brasil, evolui e, de encontro ao processo democrático o ensino técnico; paralelamente, desdobrara cursos de aprendizagem por atender diferentes setores que pretendia a indústria e o comércio. Ainda, vale citar, nos anos noventa o ensino técnico brasileiro desacreditado, as universidades surgiam no Brasil e o diploma universitário tornara-se a força da democracia brasileira, quase uma identidade que denotava a importância da universidade neste território. Já, na virada do século ao estudante brasileiro com o advento da NET surgiu a facilidade do curso superior a distância, e a síndrome da autonomia de diploma. Atualmente o ensino técnico é complexo e sólido, pois a base diciplinar do estudo técnico têm maior credibilidade e, investimento crescente no setor.
Defensor acérrimo (quase diria, "canino") do ensino técnico (tão maltratado depois de 25 de Abril), escrevi aqui vários posts sobre esta temática. Um deles mereceu o comentário de apoio do Professor Jarbas Novelino Barato que, mais do que isso, teve a gentileza de me enviar do Brasil o livro de que é autor,intitulado "Educação Profissional: Saberes do ócio oub saberes do trabalho?".
Numa época em que o próprio diploma universitário ( pior, se obtido em escolas de vão de escada) deixou de ser um passaporte para um emprego garantido e bem remunerado, o ensino profissional deve recuperar o seu estatuto de seriedade para a entrada num mercado de trabalho saturado de "doutores e engenheiros" que buscam no diploma não o saber mas a moldura de prestígio social que satisfaça completamente o seu ego de políticos, ainda que em elevados cargos de governação.
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