sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

NOVE LIVROS PARA 2009


Meu artigo no "Público" de hoje:

Crise? Mas qual crise? Se há crise, ela não se nota no número e variedade de edições recentes nas livrarias. O difícil é escolher. Às portas do Natal, eis nove livros que podem ser boas prendas, pois prometem boas leituras agora e no ano de 2009. A ordem é a alfabética do primeiro autor.

- João Lobo Antunes, “O Eco Silencioso”, Gradiva. Mais outra colecção de ensaios do conhecido professor de Medicina da Universidade de Lisboa e neurocirurgião, que é um dos nossos melhores pensadores e prosadores. Dá gosto ler tão perfeita combinação de pensamento e escrita.

- Sofia Jorge Araújo, Sónia Martins e Ana Godinho, “Descobre a Ciência 9. Descobre a Vida!”, Bizâncio. Três biólogas portuguesas, algumas a trabalhar no estrangeiro, escreveram um livro que serve de introdução à moderna biologia para crianças dos quatro aos doze anos a partir de experiências simples realizadas em escolas do Porto e de Edimburgo. A adesão dos infantes foi tão entusiástica num como noutro lado. É o nono volume de uma série iniciada há nove anos.

- Joaquim Fernandes, “O Grande Livro dos Portugueses Esquecidos”, Círculo de Leitores e Temas e Debates. Um historiador e jornalista reuniu, após consultar as bibliotecas, um conjunto de esclarecedoras fichas sobre portugueses esquecidos que não mereciam sê-lo, tendo-me pedido um prefácio. Ao percorrê-las concluí que é muito injusta a amnésia nacional!

- Donald S. Johnson e Juha Nurminen, “História das Viagens Marítimas”, Sete Mares. Dois marinheiros, o primeiro norte-americano e o segundo finlandês, navegam com mestria pela história das navegações, num volume de luxo profusamente ilustrado (traduzido por António Costa Canas, um marinheiro português especialista na expansão marítima portuguesa). Os feitos dos portugueses são devidamente assinalados.

- Fernando Cabral Martins (coordenação), “Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português”, Caminho. Uma obra de vulto (quase mil páginas!), verdadeiramente enciclopédica, da autoria de uma plêiade de especialistas, sobre o maior vulto da nossa literatura do século passado e o movimento no qual se enquadra.

- Philip Roth, “O Fantasma Sai de Cena”, Dom Quixote. Mais uma obra de ficção, com a mesma profundidade e elegância de outras, daquele que é um dos maiores escritores vivos de língua inglesa. O tema é a velhice do escritor Nathan Zuckerman, o “alter ego” de Roth presente em vários outros romances, que no final desaparece de cena. O livro acaba mesmo com a frase: “Desaparece para sempre”.

- António Sérgio, “Ensaios sobre Educação”, Imprensa Nacional. Numa altura em que a educação nacional dá provas de continuar em crise, vale a pena averiguar quais são as raízes profundas dessa crise, nos textos de um dos intelectuais portugueses que mais se preocuparam com o nosso atraso educativo. Lembre-se que Sérgio foi ministro da Instrução Pública, mas só por dois meses e dez dias...

- Nuno Artur Silva e Inês Fonseca Santos (coordenadores), “Antologia do Humor Português”, Texto. Se alguém pensa que Portugal é um país sorumbático, perderá essa ideia ao ler esta miscelânea, onde podemos rir com a verve de Jorge de Sena, Mário-Henrique Leiria, Alexandre O’Neill, Luiz Pacheco e muitos outros, alguns deles contemporâneos. Rir pode ser um bom remédio em alturas de depressão.

- A. Mark Smith e Arnaldo Pinto Cardoso, “O Tratado dos Olhos de Pedro Hispano”, Alêtheia, FMR e Fundação Champalimaud. Edição que é um regalo para a vista da pena de um historiador norte-americano e de um teólogo português sobre um dos “portugueses esquecidos” que mais fama mundial alcançaram: Pedro Hispano (1205?-1277), médico, filósofo e o único papa português até à data, sob o nome de João XXI (o número foi engano, pois devia ser João XX). O seu “Tratado dos Olhos” revelou-se útil durante séculos, tendo servido a Miguel Ângelo para procurar cura para uma doença oftalmológica contraída quando pintava a Capela Sistina.

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