segunda-feira, 12 de outubro de 2020

OS SULCOS DO ROSTO

 

Publico esta minha foto tirada hoje nos meus 89 anos de idade por me fazer lembrar amigos que nesta mesma idade publicam no portal do respectivo facebook (ai esta minha ignorância informática, ou será frontispÍcio?), fotos saudosas dos seus vinte e poucos anos de idade!
Fazem-me eles lembrar aqueles vendedores ambulantes do Largo de São Domingues, em Lisboa, do meu tempo de juventude que, sob o selo de segurança das suas promessas de juras, a pés juntos e alto e bom som, ampliado por megafone, anunciavam: "Eu não estou aqui para enganar ninguém"! E com esta falsa promessa enganavam todo o mundo e arredores de papalvos!
Destarte aldrabona, vendiam frascos e frascos a carecas com com cabeças do tipo bola de bilhar, do famoso "Kuro" (se a memória me não falha, era este o nome do produto!) com o slogan: "Onde cai" Kuro cai Kuro e não cai cabelo", a que eu acrescentava baixinho para não ser ouvido pelo trapaceiro e por ele corrido à paulada: "Onde cai Kuro, cai Kuro e cai cabelo"!
Como o possível leitor poderá verificar, "in loco", mesmo sem Kuro o cabelo vai-me rareando. E porque o tempo não pára a minha foto actual, com os seus sulcos (rugas) na cara, mapeia a minha vivência com as suas vitórias (menos) e as derrotas (mais) que fui colhendo na minha vida, vivida em pleno sem artimanhas de estar de posse de um elixir que faz parar o tempo tornando-me dono, com tal, de um fortuna de fazer inveja aos políticos e deputados que enxameiam este Portugal que se diz socialista sem se preocupar com os seus pobres, os seus reformados, os seu velhinhos, as suas crianças que vão para a cama com fome; e sei eu lá que mais!
Este "sei lá que mais" deixo ao cuidado do leitor, para consulta num cardápio, passe a redundância de vergonhas vergonhosas!!
P.S.: Eu que me tenho de direita, por vezes, dou comigo a conversar com um amigo de esquerda dando nós, a certo momento de uma conversa civilizada, a dizer um para o outro: "Eu no meio desta confusão pareço de esquerda e você de direita", e vice-versa! Estou em crer que esta aparente confusão nasce do facto de sermos iguais a nós próprios num país de conveniências e conivências ocasionais!

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