segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

"A biodiversidade e nós". Cartão de Boas Festas de Jorge Paiva de 2018

No final de um ano muito difícil para o Planeta Terrestre, partilho mais uma vez com os Leitores o postal de Boas-Festas que recebi do meu Amigo Jorge Paiva.
Muitos conhecerão o seu trabalho e empenho altruísta em prol do Mundo: físico, natural e humano. As suas palavras não são, pois, apenas palavras. São o resultado de uma vida de estudo. São palavras de quem sabe. Devemos dar-lhe atenção.

Os humanos (género Homo) surgiram (2,8 - 2,75 Ma) quando havia o máximo de Biodiversidade no Planeta Terrestre e numa região africana de elevada Biodiversidade. Dependemos, pois, não só das outras espécies como, também, do maior número possível delas. 
Quando a nossa espécie (Homo sapiens) saiu de África, deslocando-se para regiões de menor Biodiversidade (NE de África e SW da Ásia), domesticou animais, plantas e outros seres vivos (fungos, etc.) e reproduzi-os para se alimentar e para outros fins (animais de carga, de sela, de companhia e plantas para construção, mobiliário, lenha, medicinais, têxteis, etc.). 
Assim, a maioria das pessoas considera que só é portante preservar os seres vivos que nos são úteis. Este tem sido um clamoroso erro, pois constantemente se descobrem utilidades de seres que menosprezamos e até seres venenosos e letais (ex. teixos e víboras). 
Desta maneira, temos vindo a promover a extinção de muitas espécies por julgarmos que não nos são úteis ou por lhes destruirmos os ecossistemas. 
Um exemplo recente disso, é o que está a acontecer com os leões (Panthera leo). Há fósseis da subespécies de leões, extintas há cercade 10.000 anos, que testemunha, a sua ocorrência no continentes Norte-Americano (Panthera leo subsp. atrox) e no Continente Euro-asiático (Panthera leo L. subsp. fossilis). Porém, no século IV a.C. ainda existiam leões na Europa (Panthera leo subsp. atrox), como refere Aristóteles, na sua História dos animais ("Na Europa inteira só há leões entre os rios Aqueloo e Nesso", isto, no Nordeste da Grécia, entre a Acarnância e a Trácia). 
Esta subespécie que se extinguiu na Europa durante o século II d.C., ainda hoje existe em África na região ocidental do Rift (África Central e Ocidental) e na Ásia, no Parque Nacional da Floresta de Gir (Gujarat, Índia). No Norte de África o último exemplar foi morto no Atlas (Marrocos) em 1920. A outra subespécie ainda existente (Panthera leo subsp. melanochaita) ocorre na África Oriental e do Sul. 
Actualmente há apenas cerca de 400 leões na Ásia e 20.000 em África. 
Façamos votos para que a época festiva do final do ano ilumine a consciência de todos nós de modo a pressionarmos governantes e políticos a assumirem o compromisso de preservar a Biodiversidade.
Jorge Paiva, 2018.

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