"«A libertação do mal» não é mais do que o processo que dá ao homem consciência do seu poder decisório, e da potencialidade do que representa, tanto para o bem como para o mal; e provocando simultaneamente um contraditório sentimento de euforia e de desprotecção afectiva por tudo o que isso implica.
E como, por outro lado, a libertação do mal é também, simultaneamente, a libertação do bem enquanto categoria axiológica inversa, com isso começa a infindável e dramática luta entre o bem e o mal. Que vinha do princípio dos tempos, é evidente, como já o tinham reconhecido muitas religiões, mas agora como uma crueldade, uma desprotecção e um carácter final como jamais tivera.
O resultado desta luta é hoje demasiado incerto e mais dramático que nunca. E se começou por ser dor e rebeldia, chegou a um ponto de drama e de angústia resultante da pura desorientação, e talvez caminhe para o pior de todos os estados que é o da indiferença e do incaracterístico a partir do qual tudo, mas tudo mesmo, é possível."Referência bbliográfica: Boavida, J. J. (2008). A libertação do mal. In A. Matos et al. A maldade humana: fatalidade ou educação (pp. 9-30) Coimbra: Almedina,
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