domingo, 10 de maio de 2015

"Elitismo para todos"


Numa entrevista ao jornal Le Figaro, do passado dia 2 de Maio, François Bayrou, antigo Ministro de Educação, fala sobre a reforma do “Collège” (correspondente aos nossos 2º e 3º ciclos do Ensino Básico) que o actual governo francês quer iniciar no próximo ano lectivo.
Esta proposta de Reforma tem gerado grande discussão em França, sustentando alguns dos críticos que ela contribui para um empobrecimento do ensino, levando a uma facilitação que compromete a verdadeira formação integral dos jovens.
Insurgindo-se contra a desvalorização das línguas clássicas que nessa reforma se propõe, François Bayrou lembra que  “A escola deve ter em vista o elitismo para todos” e queO verdadeiro esforço democrático não é o mínimo para todos, mas o máximo, a excelência, proposta a todos”.

E, combatendo a ideia, que parece generalizar-se, da submissão à economia, ao poder do dinheiro, Bayrou defende que na escola o que deve impor-se, não é a lei do mais forte, é a lei do mais conhecedor e do mais generoso”.
Das suas afirmações ao logo da entrevista destaco (sem tradução) o passo que se segue:

“La proposition de l'école pendant plusieurs décennies a été d'ouvrir aux enfants de toutes origines et de tout milieu le niveau le plus exigeant pour que celui-ci leur serve de viatique, de bagage de route pour la vie. Il faut d'abord se concentrer sur ce qui fait la différence en termes de reconnaissance sociale. Bien sûr, on peut dire que la profession, les revenus, sont une forme de différence très importante, mais ce qui fait la différence principale de reconnaissance, c'est d'abord la langue: la langue comme moyen d'expression, comme moyen d'acquisition de connaissances, comme clef d'appropriation d'une culture. La culture n'est pas seulement l'accumulation de connaissances, mais une sédimentation à travers le temps qui vous permet de comprendre le monde et d'acquérir les instruments précieux pour s'y retrouver. Lorsqu'on pense à ces générations d'enfants issus de milieux matériellement ou culturellement défavorisés, l'école leur ouvrait une voie qui était d'excellence. L'excellence n'était pas réservée à ceux qui avaient les moyens de la recevoir à la maison, mais ouverte à tous ceux qui étaient assez intéressés, assez éveillés pour accrocher leur attention et, pas à pas, faire ce chemin vers la maitrise de l'expression, la maîtrise de la pensée.”

O texto integral da entrevista pode ser lido aqui.

3 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Defendo o que Bayrou defende
Mas o que está a acontecer mete medo...
O modelo, mete medo, os voluntários ensinarão "o que são as profissões, as finanças, ao desenvolverem ideias, construírem o primeiro plano de negócios, gerirem as suas próprias mini-empresas, os alunos aprendem a tornar-se empreendedores a partir dos 6 anos”.
Em cerca de 500 escolas, são já 200 mil os meninos que se visa transformar em quadros escravos dos Soares do Santos, Amorins e Belmiros...

Isaltina Martins disse...

Quando estes responsáveis da educação se aperceberem do que está a acontecer talvez já seja demasiado tarde... Ou talvez eles nunca se apercebam! Afinal o conhecimento parece não ser necessário, para esta gente que não o possui... Estamos a alimentar cabecinhas ocas que depois se julgam muito importantes pelo seu empreendedorismo... e acham que estão a descobrir o que já estava descoberto há muito tempo.

Rogério G.V. Pereira disse...

Tem razão... mas o meu medo não é só que isso aconteça... o meu medo passa pelo silêncio (cúmplice?) de quem conhecendo a questão, se cala. Não denuncia, não fala...

Sabe a Isaltina que a Câmara de Lisboa, pelo pelouro respectivo, dá-lhe incentivo?
E o problema não só as cabecinhas ocas, são também as outras, aquelas que os da direcção (representantes dos grupos Mello e Jerónimo Martins, das Fundações EDP e PT e da Sonae) marginalizarão.

Convido os colaboradores/autores do "Natura" a mergulhar no problema. Vale a pena!

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