sexta-feira, 3 de abril de 2015

A LUZ QUANDO NASCE É PARA TODOS

Meu artigo no Sol de hoje:

O símbolo de 2015 - Ano Internacional da Luz consiste num disco solar rodeado por bandeiras de várias cores, de modo a que o conjunto pareça uma flor. O Sol representa a origem da vida, pois sem Sol nenhum ser vivo existiria sobre a Terra (a energia solar assegura por um lado a existência de água em estado líquido e por outro lado a fotossíntese nas plantas, que transformam água e dióxido de carbono em oxigénio e compostos orgânicos vitais). A nossa estrela significa também a sustentabilidade humana, pois a energia que dele nos chega é uma condição necessária da vida humana (daqui a cinco mil milhões de anos, quando o Sol se começar a extinguir, não teremos condições para viver neste sítio do cosmos). O Sol representa a cultura universal, pois como diz o provérbio “O Sol quando nasce é para todos” (na inauguração do Ano da Luz, na sede da UNESCO, um representante da Nova Zelândia comentou: “Sim, mas primeiro é para nós.”). Dada a omnipresença do Sol na nossa vida, não admira que os povos antigos como os Egípcios, os Aztecas e os Incas tenham divinizando o Sol.

As bandeiras coloridas representam a variedade e inclusão internacional. A proclamação do Ano Internacional da Luz foi feita por unanimidade, num dos raros gestos em que as nações da Terra aparecem unidas. As cores (curiosamente oito e não as sete tradicionais do arco-íris) podem ser vistas como simbolizando um espectro de temas associados ao Sol como a ciência, a tecnologia, o desenvolvimento, o ambiente, a cultura, a história e a educação.

É graças à luz que obtemos a maior parte do nosso conhecimento do mundo. Perto do Sol, a evolução biológica tornou os nossos olhos aptos a receber a luz que é mais emitida pelo Sol, a chamada luz visível. A atmosfera filtra, para nossa protecção, boa parte da luz invisível enviada pelo Sol. Mas ela é permeável às ondas de rádio e  microondas que usamos em telecomunicações hoje de uma forma maciça. Luz invisível muito energética (raios X e raios gama) é produzida por nós para ser usada, por exemplo, para diagnóstico e tratamentos médicos. As tecnologias da luz são infindáveis: em nossas casas a luz entra por fibras ópticas nas televisões e computadores e as comunicações globais assentam em cabos ópticos que atravessam os oceanos. Beneficiamos hoje de todo um conjunto de técnicas baseadas em lasers, uma ideia de Einstein só concretizada no laboratório nos anos 50: desde os códigos de barras nos supermercados até à cirurgia oftalmológica, passando pela leitura de CD.

Neste ano dito não só da luz como das tecnologias baseadas na luz, as Nações Unidas pretendem não só celebrar a luz, um tema verdadeiramente transversal, como ligar, inspirar e motivar de modo a que as tecnologias baseadas no nosso conhecimento da luz sejam mais partilhadas em toda a sociedade humana. Muitas actividades estão a ser organizadas em todo o mundo (www.light2015.org), incluindo evidentemente Portugal (ail2015.org), com o envolvimento de sociedades, laboratórios e escolas científicas assim como de empresas e associações económicas, ambientais e culturais. Em Portugal, o ano arrancou oficialmente a 16 de Março na Escola Passos Manuel, em Lisboa, o mais antigo liceu português, com uma palestra sobre a história do nosso conhecimento da luz e um show de luz, que demonstrou de modo espectacular as várias propriedades da luz. Foi a primeira de um conjunto de sessões escolares, intituladas Haja Luz nas Escolas. Entre muitas outras iniciativas a 13 e 14 de Setembro haverá uma noite de observação e um workshop, curiosamente na aldeia da Luz, no Alqueva, uma das “reservas de luz” do mundo (sítios onde a abundância de luz é impedida, para melhor observar a luz cósmica). A 27 de Novembro haverá uma conferência internacional na Fundação Gulbenkian, onde modernos aspectos da luz serão divulgados.

As Nações Unidas chamam a atenção para o desigual acesso, no mundo actual às tecnologias da luz. Dependemos da luz, visível e invisível, para vivermos, mas muitos povos têm um limitado acesso a formas artificiais de luz. Em África, onde a insolaridade é grande, existem, paradoxalmente, largas regiões sem rede eléctrica e, portanto, sem lâmpadas. A solução já existe: painéis fotovoltaicos que retêm a luz do dia para que ela possa ser fornecida de noite por lâmpadas LED. A luz quando nasce deve ser para todos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois mas os iluminados são só alguns.

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