Alfabetos, do italiano Claudio Magri, uma colectânea de textos, grande parte deles publicados no jornal Corriere della Sera, é uma reflexão sobre a literatura, sobre os livros mais marcantes.
Lê-se na contracapa "... é uma viagem pela literatura, através dos livros, uma de entre milhares de viagens possíveis à descoberta dos livros, dos seus autores, e de nós próprios. Os livros que nos formam, os que nos ferem, os que nos curam, os que permitem que conheçamos o mundo e organizemos a visão que dele temos."
Ao longo de 450 páginas encontramos textos variados, onde o autor fala dos livros que marcaram a sua vida, analisa personagens, relaciona autores e obras, de várias épocas e de vários quadrantes.
Logo no primeiro texto afirma:
"Deveria, neste ponto, falar dos livros que me deixaram uma marca absoluta, que se tornaram o próprio modo de sentir o mundo e a relação entre a vida e a verdade, que ora se unem como os dois lados da mesma moeda, ora parecem contrapor-se: a Ilíada, a Odisseia — o livro dos livros, no qual já está tudo, as sereias, mas também as personagens svevianas que escamoteiam obliquamente a sua inépcia ao escutar e enfrentar o seu canto —, os trágicos gregos, Shakespeare que revela o âmago extremo da condição humana, os discursos de Buda e as parábolas de Zhuangzi; acima de todos, estavam o Antigo e o Novo Testamento, depois dos quais não se teme mais nenhum príncipe deste mundo e se compreende que a pedra mais vil, aquela desprezada pelos construtores, é a verdadeira pedra angular."
Lê-se mais adiante:
" Um livro, dizia Kafka, deve atingir-nos como um punho, deixar uma marca profunda, mudar — ainda que impercetivelmente — a vida do leitor."
Claudio Magris, Alfabetos, Quetzal, 2013
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