sábado, 27 de abril de 2013

Uma notícia má e boa

Aqui já ao lado, em Espanha, a (re)atribuição do estatuto de "componente fundamental" do currículo escolar às Línguas e Cultura Clássica ocupa o centro do debate político.

É uma notícia má e boa.

É uma notícia má porque está em curso uma reforma educativa que lhes retira protaganismo. Sendo aprovada, tal como se apresenta, em Maio próximo, a Ley Orgánica para la Mejora de la Calidad Educativa (LOMCE), o Latin e o Grego passam de disciplinas obrigatórias a optativas, entre muitas outras, sendo que as escolas não têm necessariamente de as oferecer.

É uma notícia boa porque associações disciplinares, academias e investigadores têm feito tudo menos calar-se e, assim, conseguiram envolver grupos políticos (não interessa a orientação partidária) que mais do que se dizerem sensíveis ao assunto, têm-se movimentado para que, neste particular, não sejam feitas mudanças no currículo.

Encontramos em Espanha, neste momento classicistas e políticos a falar a uma só vós contra a maré de pensamento e contra o tempo...

A Sociedad Española de Estudios Clásicos (SEEC) não tem parado e entre as iniciativas da sua responsabilidade conta-se uma carta ao chefe do governo, onde se classifica a aprovação da Lei, tal se encontra redigida, uma «desgracia cultural» pois seria "una pérdida de la capacidad de reflexión lingüística de los alumnos y de toda su percepción y representación verbal, lo que implica una notable merma de sus posibilidades de adquirir conocimientos".

Na mesma linha, o político Eugenio Nasarre, baseado no que dizem os especialistas, defende abertamente o Latim como disciplina obrigatória:"ayuda al conocimiento de la lengua castellana, aporta un bagaje cultural enorme, desarrolla la capacidad para un razonamiento claro y bien estructurado – porque obliga a un procedimiento deductivo muy importante para el alumno – y mejora la redacción y expresión." 

O esforço conjunto parece estar a dar frutos pois a Comisión Permanente del Consejo de Estado emitiu, no passado dia 18, uma recomendação onde consta o seguinte:
1) Se recomienda que la Cultura Clásica sea de obligada oferta (p. 96).
2) Las específicas de 4.º de ESO (incluido el latín, por tanto), deberían ser de obligada oferta (p. 99). 
4) Las específicas del Bachillerato deberían ser de obligada oferta (p. 109). Eso asegura la oferta obligada del griego.

Nessa recomendação salienta-se, ainda, que: El mundo clásico reúne los elementos básicos de la identidad europea. Sin latín y griego, pensamiento griego e historia romana no se entiende nuestra posición en el mundo...

Se demos atenção a este assunto é porque pensamos que em Portugal, onde as Línguas e a Cultura Clássicas têm uma presença optativa e menos do que residual no currículo das escolas públicas, requer-se, tal como em Espanha, uma sensibilização da sociedade e dos políticos no sentido de os levar a perceberem o valor deste conhecimento. É um passo que tem de ser dado com urgência e muita determinação para que tal conhecimento volte a ser proporcionado a todos os alunos.
Maria Helena Damião e Alexandra Azevedo

Texto redigido a partir da informação recolhida principalmente aqui e aqui.

1 comentário:

perhaps disse...

Concordo no completo de mim com o completo do post.
A minha sobrinha inscreveu-se em grego e latim e foi obrigada a substituir por Inglês e Alemão. Nem toda a gente pode pagar colégios particulares. E, por esse motivo, não deveria. Optar é poder escolher.

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