Crónica a propósito do 96.º aniversário do jornal "O Despertar":
Em 1917 Albert Einstein publica “Considerações Cosmológicas
sobre a Teoria da Relatividade”, a partir de uma modificação da sua Teoria da
Relatividade Geral. No mesmo ano do nascimento de “O Despertar”, Einstein
apresenta um modelo estático para o Universo e introduz na sua teoria a famosa
“constante cosmológica” (representada pela letra grega lambda maiúscula - Λ)
que o mantem estático. Famosa porque algumas décadas mais tarde Einstein
considerou-a o seu maior erro. Isto, depois de aceitar que os dados que se foram
acumulando pela progressiva observação do Universo longínquo, no tempo e no
espaço, com telescópios e instrumentação cada vez mais precisa, indicavam que
aquele se encontra em expansão.
Não deixa de ser curioso que hoje em dia os cosmólogos e os
novos modelos para o Universo (que incluem os dados observacionais mais
recentes) consideram que a constante cosmológica é necessária para compreender a
matéria e a energia escuras (ou negras, como também se apelidam) aparentemente
responsáveis pela expansão acelerada observada do próprio Universo.
Mas voltemos ao ano de 1917. Willem de Sitter (físico,
astrónomo e matemático holandês) demonstra a partir da Teoria da Relatividade
Geral de Einstein, e não considerando o “factor correctivo” introduzido pela
constante cosmológica, que o Universo deveria estar em expansão. Diga-se, a
propósito, que outros físicos famosos como Alexander Friedmann e Georges
Lemaître chegaram posteriormente à mesma conclusão através de cálculos também
feitos a partir daquela teoria que tão bem descreve o Universo actual.
Neste contexto, refira-se a personagem de Georges Lemaître, padre
católico e astrofísico belga, que propôs o que ficou popularizado (sarcasticamente pelo físico Fred Hoyle) como “Big Bang”: uma teoria sobre a
origem do Universo por ele designada por “hipótese do átomo primordial”.
Mas voltemos um pouco atrás. Apesar de contrariar Einstein no seu modelo cosmológico, Sitter
haveria de ser co-autor com ele de um artigo publicado em 1932 no qual apresentam
a conjectura de que
deveria haver no universo uma grande quantidade de matéria que não emitia luz, designada como matéria
negra.
Hoje, no modelo cosmológico mais aceite entre os cientistas
(precisamente designado por ΛCDM) calcula-se que a matéria e a energia escuras
correspondem respectivamente a cerca de 23% e 73% da matéria e energia do
Universo. E uma constante cosmológica, com um valor positivo, é necessária para
a representar neste modelo de um universo que se iniciou há cerca de 13,7 mil
milhões de anos numa singularidade designada por “Big Bang” e que está em
expansão acelerada.
Passados 96 anos de evolução no conhecimento científico, o
que diria Einstein sobre a actual importância da sua constante cosmológica!?
Daria uma entrevista sobre isso ao “O Despertar”?
Bom, pelo menos recordar-se-ia daquele
importante ano de 1917.
Parabéns ao “O Despertar”.
António Piedade
3 comentários:
O que de justiça julga-se;
o bem quere acolhe!
De quando as leis são produto da justiça e o bem querer é produto da unidade.
Que acordar é uma coisa -
e bem querer outra.
Esta para o acordar: o raiar do dia que anima a natureza
Esta para despertar: sentido que reanima a natureza
Esta para acordar: o descanso
Esta para despestar: a inteligência
Esta para acordar: o bocejo
Esta para despertar: a alegria
Esta para acordar: o sono velado
Esta para despertar: divina graça
Este post publicado pelo Antônio Piedade mostra quão atual é a Teora da Relatividade Geral (TRG) com sua capacidade de prever o atual estágio do Universo em expansão acelerada (tema do prêmio Nobel de física de 2011) assim como os mínimos detalhes das distorções espaço-temporais provocadas pela gravidade. Quanto à pergunta que o Antônio faz sobre "o que diria Einstein sobre a actual importância da sua constante cosmológica!?", estou certo de que ele diria que "o meu maior erro foi ter considerado a constante cosmológica 'meu maior erro' ".
Bem... em poucos anos (próximo) de próspero centenário.
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