segunda-feira, 8 de abril de 2013

Comemorando os 100 anos da Mecânica Quântica de Niels Bohr

Texto recebido do historiador de ciência António Mota Aguiar: 


Comemoramos por esta altura os 100 anos da teoria quântica de Bohr, a qual desembocou na física quântica actual, estabelecendo uma nova forma de descrever e interpretar fenómenos no mundo submicroscópico e abrindo caminhos a descobertas científicas.

A contribuição de Max Planck de 1900 foi pioneira, pois foi ele que primeiro introduziu a ideia de quantum, para descrever as unidades fundamentais da energia. Einstein, em 1905, compreendendo a novidade que apresentava a teoria dos quanta, generalizou a ideia de Planck, falando de quanta de luz (chamados depois fotões). Mas Einstein viria a “esbarrar”, mais tarde, na compreensão da teoria, pois  considerava la méthode de la mécanique quantique  conceptuellement insatisfaisante”, estando mesmo convencido que ela  viria a ser  une partie d’une théorie ultérieure, à l’image de l’optique géométrique au sein de l’optique ondulatoire ". Einstein dedicou toda a sua vida a tentar introduzir uma nova teoria da qual a teoria quântica actual fosse uma aproximação, mas nem ele, nem ninguém, conseguiu esse objectivo até agora.

O dinamarquês Niels Bohr (1885-1962), juntamente com Max Planck e Albert Einstein, foi, portanto, um dos fundadores da mecânica quântica. Juntando as ideias de Planck e Einstein, propôs uma descrição das órbitas electrónicas no átomo e da emissão e absorção de luz pelos átomos, cuja relevância seria reconhecida pela posterior história da ciência. Bohr continuou a ocupar um lugar de relevo no desenvolvimento da mecânica quântica, que ficou completada essencialmente em 1926, tendo dado contribuições decisivas tanto no campo da física atómica como, depois, no da física nuclear, que abriram as portas a numerosas aplicações. Além disso, apoiou os trabalhos de uma geração de jovens físicos.

Temos hoje uma grande dívida para com Niels Bohr. No centenário da sua descrição quântica do átomo, devemos relembrá-lo pelo enorme capital científico que nos deixou.

António Mota Aguiar

2 comentários:

Anónimo disse...

É uma pena que o suposto "historiador da Ciência" não saiba que a Mecânica Quântica não surge com o átomo de Bohr, no seu tríptico de 1913. Não sabe porque não saberá que a teoria quântica do átomo ou teoria quântica antiga não é o mesmo que Mecânica Quântica. Não sabe, por ventura, por igualmente não saber que a história da Mecânica Quântica não se faz sem De Broglie, sem Born, sem Heisenberg, entre outros, todos fundadores, uma lista da qual, já agora, Planck não faz parte.
É uma pena que o suposto de historiador da Ciência não saiba de Ciência e da sua história, mas isso é o típico de muitos "historiadores da Ciência" que vivem neste canto da Europa.

Anónimo disse...

Sou um brasileiro - portanto, alguém que vive num "canto" da América Latina, evidentemente não "da Europa".
Não aprecio polémicas, nem palavras duras, tampouco conheço António Mota Aguiar, mas parece-me que o comentário do anónimo colega acima carrega uma enorme carga de pedantismo.
Claro que os interessados em Física Quântica por certo sabem que a "teoria quântica antiga" (que NÃO era apenas a do "átomo"*, como parece pensar o anónimo crítico) ainda não era a que iria estruturar-se depois, sobretudo nos anos 1920 (como, aliás, António Mora Aguiar revela saber, no seu terceiro e último parágrafo). Os mesmos interessados devem estar cientes, entretanto, que, sem o trabalho árduo de Planck, Eisntein e Bohr (velha teoria quântica, ainda semiclássica) NÃO haveria o brilhante trabalho POSTERIOR de Louis De Broglie, Max Born, Heisenberg, etc.
Chegando a este ponto, devo corrigir-me: mais do que apenas pedante, o comentário anónimo é incorreto em relação ao historiador que ele critica, pois os três parágrafos deste estão, essencialmente, corretos - a não ser que acreditemos ter havido um bachelardiano-althusseriano "corte epistemológico" entre as iniciais formulações da física quântica e as seguintes (para as quais N. Bohr contribuiu, com o seu Princípio da Complementaridade), corte que não houve mesmo.
Se estamos fazendo afirmativas injustificadas, perguntamos: por que será que, nos anos 1930, Heisenberg criou a expressão "Escola de Copenhague"? Ele quis bajular o seu mestre dinamarquês (Bohr) ou reconhecer o papel de liderança deste?



* Cf. o quantum de ENERGIA de Planck, retomado por Einstein em 1905, etc.

VENERAR O QUE NÃO EXISTE

Sumptuosas catedrais e mesquitas, erguidas com fortunas e suor, votadas a um deus que não exista, servirão o fervor ou o terror? Tanta ...