domingo, 21 de abril de 2013

Mães e esposas

A notícia é do Público on line e foi escrita pela jornalista Sandra Rodrigues.

Imagem tirada daqui
Os leitores devem lembrar-se de um grupo de senhoras auto-nomeadas Mães de Bragança, que deu brados na comunicação social. Como que saídas de um livro de Jorge Amado, mas a precisarem de sofisticação e maquilhagem, tomaram a vigorosa iniciativa de expulsar as prostitutas da sua cidade, essas pecaminosas, filhas do demo, que desviavam os seus legítimos, os pais dos seus filhos, coitados!

Pioneiras da moral e dos bons costumes na era da comunicação social presa ao fait divers, ganharam seguidoras que, com a mesma determinação, mas usando meios mais sofisticados, querem salvar da perdição aqueles a quem um dia juraram fidelidade eterna, nos bons e nos maus momentos. É bonito!

Estas seguidoras também se auto-nomearam, mas, provavelmente, para destacarem o seu papel e deixarem os filhos de fora, a auto-nomeação incidiu na sua qualidade de esposas, Esposas de Viseu. E de que se lembraram as senhoras (com todas as letras, já se vê) para os seus maridos não se porem com ideias?

Nada mais nada menos do que denunciarem num blogue anónimo (uma coisa "maravilhosa" em democracia) os "porcos... que enganam as conterrâneas" (à parte a linguagem grosseira, o apelo ao espírito regional fica sempre bem). Não percebi como procedem... mas li que nesse blogue aparecem "as matrículas e marcas de viaturas de pessoas que recorrem ao serviço de prostitutas". Em poucos dias já vão nas centenas de "denúncias" (outra coisa "maravilhosa"), são, portanto, eficazes.

Alguém, entretanto, falou, de invasão da privacidade... mas que importância é que isso tem perante a salvação da harmonia do lar!?

8 comentários:

Rolando Almeida disse...

quanto julgo saber deste caso, já divulgado na TV, não se trata da salvação da harmonia do lar. trata-se antes dos moradores que usam de todos os meios que se lembram para retirar a prostituição que se instalou de forma aberta, com prostitutas a exibirem-se à janela da casa, no bairro onde vivem. Imagine a Helena que vive num bairro destes e de um dia para o outro vê instalarem-se as prostitutas e comportarem-se como se estivessem no bairro vermelho? Quando vi as imagens na reportagem da TV percebi o problema. Não se trata sequer de uma questão de pudor. As prostitutas de Bragança faziam-no em lugares específicos. Estas estão a fazê-lo à janela de casa, exibindo-se semi nuas e tentando atrair os clientes. São situações diferentes. A de Bragança não causava qualquer dano a quem não quisesse frequentar. Esta causa.

Anónimo disse...

Acho muito mal. Algumas delas, caso se queiram vingar de alguém, podem meter no blogue a matrícula de um inocente. Esse blogue é fruto da ignorância e da maldade inerente às mulheres infelizes.

http://fisica2100.forumeiros.com

Helena Damião disse...

Caro Rolando de Almeida
Independentemente da situação estar mesmo ao pé da nossa porta ou não, por princípio(quadro em que deve ser pensada), a actuação destas senhoras levanta dois problemas muito sérios: um é serem as populações a investigarem, julgarem e condenarem à revelia de qualquer entidade policial e jurídica a que a sociedade delega competências específicas nesta matéria; outro são os meios usados, que permitem denunciar para o mundo e para sempre "culpados" ou "inocentes". Dispomos hoje de meios tecnológicos para ver tudo e todos a todo o momento, mas, em nome de valores fundamentais, nem sempre o podemos fazer nem sequer consentir.
Cordialmente,
MHD

Antonio Gomes disse...

Não podia estar mais de acordo... Quantos justos vão pagar pelos pecaminadores.

perhaps disse...

Creio que os media deram demasiada importância ao assunto; e isto pela natureza que tem. Acredito também que não são as esposas quem se insurge assim publicamente: porque, na nossa sociedade, tudo se aponta; e comem por tabela. Mas, cada vez menos, os assuntos e os juízos são para sempre. Tudo é passageiro. Vivemos a era da memória curta, da procura da notícia que é escândalo e onde cada uma destrona a anterior. Porém, isso não dá a ninguém o direito de tornar público o que é do foro privado. Mas não por haver "culpados" e "inocentes" e se poderem confundir uns com outros. Todas as pessoas têm direito a ser tratadas como tal. Ora, em nome da dignidade que é devida a cada homem por sê-lo, merece respeito o direito de privacidade. Há formas diversas para resolver questões. E a escolha diz muito de quem a realiza.

Seria útil repensar a atitude das "esposas e mães"; que o preconceito lhes entortou o espírito.

Pedro, o Duffus disse...

Ó Helena, percebo o seu ponto de vista, mas não deve ser fácil sair ou chegar a casa e dar com um marmanjo a masturbar-se.

Mas pode sempre experimentar.

Anónimo disse...

Que estupidez tão grande... Mas porque é que todas as matrículas haveriam de ser de homens casados? Além disso, se alguma das "esposas" sabe que o seu "marido" frequenta esse tipo de lugares, talvez fosse melhor tratar do assunto directamente com ele, não? Digo eu... hipocrisia tão grande...

Anónimo disse...

Além disso, que bela "harmoniza do lar":

Zé: apetece-me ir às putas, mas a Maria apanhou-me por causa de um blog! Conclusão: tenho de ir às putas a outro sítio

Maria: ai que o meu Zé vai às putas! Para castigo fica 15 dias sem ver a sport tv

Conclusão: se o marido vai "às putas", é porque já não há grande "harmonia no lar" to begin with... digo eu, que não percebo nada disto...

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