E a resposta que me parece plausível é: "Não faz qualquer diferença relevante".
Não é com esta ou com outra avaliação que a qualidade do ensino será promovida. Esta avaliação tem por único objectivo poupar dinheiro, vedando o acesso ao topo da carreira à maior parte dos professores. E os protestos dos professores têm como única razão de ser a tolice burocrática e kafkiana que o processo de avaliação envolve.
O que realmente conta para promover a qualidade do ensino, contudo, não é abordado. Nem os dirigentes educativos nem os professores estão genuinamente comprometidos com a tentativa de melhorar o ensino. Houvesse esse comprometimento, e o debate seria completamente diferente.
17 comentários:
Uma avaliação dos professores que conseguisse de facto avaliar se os professores ensinam bem, mal ou mais ou menos teria consequências positivas e promoveria a excelência.
Mas como conseguir isso?
Seria preciso observar algumas aulas, os testes feitos pelo professor, etc.
Mas como evitar que essa avaliação fosse deturpada por factores subjectivos (amizades ou inimizades, diferentes concepções pedagógicas, etc.)?
Seria preciso também considerar os resultados obtidos pelos alunos - pois se não determinarmos aquilo que os alunos aprenderam não conseguiremos perceber se o professor ensinou bem ou não. Mas como evitar que isso leve à inflação das notas (como sucederia com a aplicação do actual modelo, que dizia - antes da simplificação - para os professores se comprometerem no inicio do ano lectivo com uma certa taxa de sucesso)?
A resposta não é um bicho de 7 cabeças:
Combinando a avaliação interna feita pelos pares com a avaliação externa.
Avaliação externa, ou seja: avaliação das escolas e dos departamentos pelo Ministério da Educação e por instituições independentes (universidades, por exemplo) e exames nacionais feitos pelo alunos a todas as disciplinas de estudo no final de cada ciclo e com a obrigatoriedade de terem pelo menos 9,5 valores. No caso dos exames nacionais não contaria directamente a média neles obtida, mas a coerência entre esta e a média das classificações dadas pelo professor aos alunos.
Claro que há inúmeros pormenores que seria preciso acautelar (alunos vindos de outros professores, etc.), mas isso impediria os efeitos perversos que atrás referi.
Infelizmente, para convencer a maioria dos professores disso mais do que uma reforma seria preciso uma revolução. Ora, as revoluções costumam fracassar.
Caro Carlos
Tendo a concordar que os exames nacionais, rigorosos e bem feitos, constituem o mais simples e eficaz método de avaliação dos professores. Mas: têm de ser realmente rigorosos e bem feitos. O que nem sempre acontece.
Por outro lado, sempre que se fala em alguém avaliar alguém, no ensino, é preciso não esquecer e imensa falta de massa crítica que temos no país. Em muitos casos, não há pura e simplesmente ninguém ou quase ninguém que seja suficientemente competente para poder avaliar correctamente seja quem for. Nunca podemos esquecer-nos disto. Em Portugal, um doutorado em X pode ter carências formativas gritantes e ser incapaz de fazer um trabalho bem feito.
De modo que me parece que a saída tem de ser a cooperação aberta entre professores, dos diversos graus de ensino, juntamente com a vontade honesta de aprender e melhorar. Não há universidades, catedráticos, sábios, seja o que for, que garantam uma avaliação de qualidade porque isso seria pressupor que abunda por aí a qualidade e a competência — o que, a verificar-se, seria paradoxal, pois a falta de qualidade que temos no ensino é apenas a consequência da falta de qualidade generalizada, transversal em todo o sistema. Caso tivéssemos tais sábios, não teríamos manuais escolares gritantemente maus, programas ridículos, governantes semi-analfabetos. Portanto, isto só lá vai com muita calma e cooperação. Enquanto as pessoas querem atirar culpas para cima umas das outras, não se consegue dar um só passo na direcção correcta.
"Parece-me que uma das perguntas mais relevantes no que respeita à avaliação dos professores é a seguinte: com esta ou outra avaliação, ou sem qualquer avaliação, que diferença faz no que respeita à excelência no ensino?"
Não consigo perceber esta pergunta. Sabesmos que há milhares de jovens que querem ser professores e não têm lugar no nosso sistema de ensino.
Um método de avaliação que premiasse os bons e "castigasse" os maus professores faria com que os piores docentes fossem saindo do sistema. Dado que a tendência seria para a saída dos maus e, entre os novos, se escolheriam os melhores, a qualidade média melhoraria.
Este raciocínio só não é válido se se admitir que ter bons ou maus professores não tem impacto na qualidade de ensino. Penso que tal pressuposto não pode ser levado a sério, todos nós tivémos alguns professores que nos marcaram e portanto podemos testemunhar o impacto que alguns bons professores tiveram nas nossas vidas.
É verdade que o grande objectivo desta reforma é "poupar dinheiro". Em termos práticos aquilo que se propõe é racionalizar a despesa: facilitar a progessão aos melhores, dificultar a progressão aos piores. Ao fim ao cabo o que se faz é "transferir" parte da despesa dos piores para os melhores, uma vez que, a prazo, os melhores professores serão beneficiados e aos piores será dificultada a progressão. Esta diferenciação tenderá a promover um melhor desempenho por parte dos professores nos critérios em que são avaliados, o que não é necessariamente coincidente com a "melhoria da qualidade do ensino" mas isso depois é uma questão de selecção dos critérios em si.
Os principios da reforma -- quotas para avaliações; progressão mais rápida para os mais bem avaliados; ponderação da avaliação na selecção dos candidatos; quotas para os cargos mais elevados -- são razoáveis, o que é discutível e terá de ser afinado é a forma como são avaliados em concreto.
Mas isso são migalhas. O que parece certo é que os professores e sindicatos discordam do cerne da questão e ambos atiram areia aos olhos da opinião pública: o governo pinta a reforma como meio de melhorar a qualidade de ensino (que é claramente efeito secundário da reforma); os professores e sindicatos proclamam estar contra este modelo de avaliação (quando o cerne das reclamações gira mais à volta do ECD e da imposição de quotas do que da avaliação em si).
Caro Sr. Desidério,
Em muitos casos, não há pura e simplesmente ninguém ou quase ninguém que seja suficientemente competente para poder avaliar correctamente seja quem for.
Não trabalho no ensino, mas custa-me a acreditar que sejam precisas habilitacionais excepcionais para se fazer um juizo sobre o desempenho de um professor numa sala de aulas. Eu sei que, como aluno, sempre me senti capaz de aferir algumas questões como por exemplo a capacidade de um professor para cativar o interesse de alunos, o dominio da matéria, manter a ordem na sala de aulas, explicar, etc. Qualquer juizo será sempre imperfeito, e existem limitações na avaliação quando quem avalia não um nível acima do avaliador, mas custa-me a crer que seja tão imperfeito que se deva por totalmente de parte. Nunca será perfeito.
De modo que me parece que a saída tem de ser a cooperação aberta entre professores, dos diversos graus de ensino, juntamente com a vontade honesta de aprender e melhorar.
Sejamos honestos: esperar que as coisas melhorem com proclamações de boas intenções não terá nunca resultados. De boas intenções está o inferno cheio.
Eu faço uma proposta concreta para ajudar a melhorar a qualidade do ensino: crie-se um wiki para definir os conteúdos dos programas. Talvez assim seja possível, com o contributo de uma comunidade interessada, apresentar novos programas propostos não por um indivíduo ou grupo isolado mas por uma comunidade aberta.
Caro Desidério,
As verdadeiras reformas no sistema de ensino não serão feitas tão cedo e as razões são óbvias e evidentes para quase todos, vejamos:
- que governo teria a coragem de promover exames em todos os ciclos de ensino a todas as disciplinas?
- que governo teria a coragem de exigir que os alunos teriam que ter classificação positiva em todos os exames?
- que governo teria a coragem de exigir que a escola passasse a ser uma escola, ou seja um centro de conhecimento?
- que governo teria a coragem de exigir que o professor passasse a ser um professor, ou seja aquele que estuda e ensina?
- que governo teria a coragem de exigir que o aluno seja um aluno, ou seja aquele que estuda?
- que governo teria a coragem de exigir que os pais sejam os responsáveis pela educação dos seus filhos?
- que governo teria a coragem de exigir propinas nas escolas?
- que governo teria coragem de exigir disciplina aos alunos?
eu respondo, NENHUM!
Nenhum, porque uma escola exigente não interessa a quase ninguém! Quer se queira quer não, os portugueses preferem que a escola seja uma espécie de um centro de entretenimento e guarda de crianças e jovens que no final certifique as "competências" dos seus filhos - mesmo que não saibam nada de coisa nenhuma.
Por isso considero que este governo tem feito o trabalho que os portugueses querem - a definitiva transformação da escola num centro de entretenimento e guarda de crianças e jovens, atirando com a responsabilidade do fracasso óbvio e evidente do modelo para cima de quem o executa - o professor. A esta forma de governar um país é denominada noutras paragens de populismo, por cá é denominada de coragem!
Enquanto, nós sociedade não quisermos uma escola a sério o Estado vai-nos brindando com uma escola a brincar, mas é isto o que temos querido, por isso não nos podemos queixar!
E, por favor, não atirem com as culpas deste desastre que já vem de muito longe para cima dos professores, porque dessa forma teriam que atirar com a responsabilidade da falência do BPN para os bancários e não para os banqueiros!
Quanto à avaliação docente, este governo quer apenas que o povo acredite que os professores são avaliados; se o são realmente ou não é apenas um detalhe que nos governos populistas não tem qualquer importância. Repare que o primeiro item que este ministério deixou cair foi precisamente aquele que diz respeito à avaliação cientifica e pedagógica das aulas - acha que isto diz tudo sobre as verdadeiras intenções do ministério.
Outra questão que me parece muito relevante é a seguinte: se a escola se transformasse numa verdadeira escola, o que se faria a todos os "cientistas" e "especialistas" da educação que por aí andam a comer à mesa do Orçamento de Estado? E as escolas "superiores" de educação? E os institutos de "inovação" educacional? E os departamentos de "ciências" de educação? E os milhares de burocratas do Ministério da Educação e de todos os seus inúmeros tentáculos?
Por isto e por muito mais, abandonei a "escola" pública há mais de dois anos. Agora trabalho num dos melhores colégios privados do país. Nesta verdadeira escola, os professores estudam e ensinam, os alunos estudam e os pais educam! Quem não gostar deste modelo, pega nos seus filhos e matricula-os na "escola" pública. Desta forma não tenho dúvidas rigorosamente nenhumas que a "escola" pública se transformará na "escola" das classes mais desfavorecidas.
A pergunta do Luís Aguiar-Conraria foi a que eu imediatamente pensei quando li esta entrada do Desidério. A avaliação ao nível da formação incial e ao nível da formação contínua, assim como a avaliação de desempenho docente, podem desempenhar um papel importante na melhoria da qualidade do ensino e das aprendizagens.
Infelizmente a incapacidade política da ministra da educação e da sua equipa geraram um monstro que, a somar a outras indignidades, resultaram na maior adesão à luta contra a presente política educativa de que tenho memória. O preço a pagar será muito elevado. Maria de Lurdes Rodrigues está liquidada politicamente. Não tenho pena dela. Receio pelas pessoas que lhe vão suceder.
Pouco antes de se suicidar no seu bunker em Berlim Hitler despediu-se dos seus colaboradores. Um deles perguntou-lhe a quem deveriam posteriormente obedecer. A resposta do Führer foi simples: "Ao homem que há-de vir."
No futuro virá um homem ou uma mulher para a pasta da educação mas a sua tarefa será gigantesca.
Concordo em absoluto com o texto do Desidério Murcho. Tenho vindo a defender esse ponto de vista e vou levando na cabeça. Na verdade ninguém está preocupado com a escola e os alunos. A preocupação é de exclusiva poupança. Vou furtar o seu texto para o meu blogue - espero que não se importe.
Para o Luís Nunes: o grande equívoco está nas nuances. Quotas para os cargos de maior responsabilidade? Correcto, mas o que o ME propõe é quotas para as classificações de avaliação, e paradoxalmente não propõe quotas para as progressões. Progressão mais rápida para os melhores? Correcto, mas o ME propõe é um prémio de desempenho em prestação única (e montante não divulgado) a atribuir ao fim de 4 anos consecutivos com classificação máxima, não há nenhum benefício para a carreira.
E porque é tão complicado integrar os resultados dos alunos na avaliação dos professores?
1. Porque só há exames externos ao fim de 12 anos de escolaridade (ou 9 anos para Língua Portuguesa e Matemática). Então como se afere o contributo dos professores de todos esses anos para a formação dos alunos?
2. Porque os professores não acompanham os alunos de ano para ano, por contingências várias. Um aluno que não aprende por culpa de um professor, por exemplo no 5.º ano, pesará na avaliação do professor do 6.º ou do 7.º nos anos seguintes.
3. Porque os alunos sabem que podem passar de ano com 2, 3 ou mais negativas e gerem as expectativas com esse pressuposto, abandonando o esforço.
4. Porque ensinar matemática não é o mesmo que ensinar educação tecnológica (trabalhos manuais), não exige o mesmo esforço ao professor nem exige o mesmo empenho ao aluno.
5. Porque até o melhor professor do mundo terá a maior das dificuldades em face de turmas inteiras que declaram solenemente que não gostam, não querem e ninguém os fará ler seja o que for, daqueles alunos que falam alto enquanto o professor tenta que ao menos um ou dois alunos consiga ouvir o sumário da lição.
...
Os professores aceitarão essas teorias muito lindas quando elas forem testadas previamente e se verificar que são minimamente viáveis. Os professores não aceitam jogar o seu futuro em aventuras de quem depois não estará para prestar contas.
Porque será que o Ministério sempre recusou aplicar este modelo de avaliação em escolas piloto (porque há voluntários para isso, não se duvide)? Porque será que quer generalizar estas medidas sem as testar quando é evidente para todos que são totalmente irracionais?
Eu diria que a avaliação de desempenho não é irrelevante para a qualidade do ensino. Mas certamente há factores muito mais relevantes.
O que importa reflectir é se um investimento, como se pretende, de mais de 1 milhão de horas por biénio é proporcional aos ganhos que se podem obter.
Se eu tivesse 1 milhão de horas de pessoal especializado para aplicar nas escolas, gastava-o a criar um serviço de explicações gratuitas nas escolas. Não a aberração do Estudo Acompanhado, que coloca a turma inteira 2 horas por semana a "estudar" numa sala com um professor de uma especialidade qualquer. Isso não resolve as dúvidas dos mais fracos, porque o professor lá está a "guardar" todos e porque o professor será provavelmente de uma especialidade que não responde às dúvidas dos alunos. Em vez desta disciplina obrigatória mesmo para os que não necessitam, não era melhor gastar os recursos a apoiar os que querem melhorar?
«nem os professores estão genuinamente comprometidos com a tentativa de melhorar o ensino»
Dou-lhe o meu testemunho: no início do ano lectivo anterior, o Conselho Pedagógico da minha escola constituiu um grupo de trabalho para analisar os resultados dos exames dos últimos anos. Na verdade só há poucos anos esses resultados começaram a ser públicos e, como tal, não tínhamos como comparar com as escolas da mesma zona.
Mal tínhamos começado a analisar os dados para encontrar causas e depois propor mudanças, quando fomos literalmente submersos numa inundação legislativa sobre avaliação de professores. O projecto foi abandonado, porque nos mandaram reorientar as energias para outro tema muito mais urgente.
Isto é só um exemplo. A autonomia das escolas é uma miragem. Na verdade é tudo cada vez mais dirigido centralmente.
Equipamentos informáticos, acessos internet, tudo é decidido a nível central, as escolas limitam-se a aceitar ao que lhe quiserem entregar. Chega-se ao cúmulo de o router de acesso à internet ser configurado a partir de Lisboa e de na escola nem a password se saber!
Se fôssemos começar a desfiar as realidades das escolas as pessoas ficavam de boca aberta e não havia horas que chegassem para tanto que há para dizer.
De facto a autonomia das escolas não existe.
Responsabilidades também não. O que quer que aconteça nas escolas não tem consequências em ninguém.
Porém, julo que o problema existente ultrapassa o nível da avaliação.
De facto, este modelo de avaliação tem como objectivos: reduzir custos e impedir a progressão na carreira à grande maioria (se lerem o reltório que a Srª Ministra encomendou ao su antigo professor verão que esta é a realidade).
Porém, a bomba rebentou por tudo o que tem vindo a ser feito em detrimento d educação em Portugal e na guerra que foi declarada aos professores por este Ministério. Este é o Ministério e o Governo dos números e da estatística. Nada mais importa, se os números forem melhores mesmo que a realidade não seja essa que está verdadeiramente representada (exemplo: RVCC, CEF,...).
A propaganda ao Magalhães (que NÃO É UMA INVENÇÃO NOSSA), o conhecimento e a opinião pública sobre o mesmo é o exemplo do que se passa no nosso país.
Para bom etendedor...
Fartinho,
Essa escola não existe. Não teria alunos.
Caro DA,
Essa escola existe, tem filas de espera e está no top ten dos rankings nacionais de exames. As propinas são 450€ mensais para a estrutura base, quem quiser que o seu filho frequente mais umas horas de artes, música, desporto, informática, línguas paga mais x/hora, se por acaso quiser explicações paga y/hora, se por acaso entender que o seu filho deve comer qualquer coisa ao almoço paga z/hora.
Quase todos os professores que por lá trabalham, deixaram a escola pública nos últimos 9 anos.
Meu caro, quando o Estado não resolve o problema, resolve o mercado. É assim em qualquer actividade. Se não acredita basta verificar os colégios privados que nos últimos 2 anos ficaram no top ten dos rankings dos exames nacionais e ir às páginas web respectivas. Depois deste filtro efectuado, basta telefonar para os estabelecimentos a solicitar informações sobre matriculas e aguardar pela respectiva entrevista. Se conseguir passar a primeira entrevista, será convocado para uma segunda entrevista juntamente com o seu filho e depois aguardará o seu lugar na fila de espera.
Só não digo o nome do colégio por não o poder fazer, é uma norma da casa.
E pode acreditar que por lá não há paredes "grafitadas", mesas riscadas, cadeiras destruídas, computadores sem ratos, teclados com as teclas trocadas, etc., etc., etc.,
João Filipe Oliveira,
Sobre o Estudo Acompanhado. No 3º ciclo deve ser um tempo e espaço aberrante e sem grande possibilidade de lhe dar volta. E custa-me a entender que se professores e alunos consideram este tempo inútil ainda não tenham conseguido acabar com ele. Seria mais útil este balanço feito envolvendo os alunos do que preencher grelhas
No 2º ciclo tenho trabalhado em parceria com os colegas de matemática (eu sou de português) e acho que os alunos tiram proveito disso. Desconfio é que não fazemos nada do que era "pressuposto" fazermos. Prendemo-nos sobretudo à matemática, aos conceitos, às palavras, às descodificações, insiste, insiste...e como somos duas para 26 ou 28 vai dando para andarmos de mesa em mesa, embora não dê para chegar a todos.
Diz o Desidério : «Esta avaliação tem por único objectivo poupar dinheiro, vedando o acesso ao topo da carreira à maior parte dos professores».
Sim, mas o objectivo não pode ser apenas esse. Poupar dinheiro a quem? Vedar o acesso ao topo da carreira à maior parte dos professores, para quê? Há que ir mais longe.
Que vantagem poderá ter o governo socialista nesta autêntica guerra com a classe dos professores? Poupar dinheiro ao Orçamento? Ná. Isso só lhes interessaria se estivessem permanentemente no governo, condição que não podem garantir. Saindo do governo até lhes daria gozo ver o governo seguinte entalado com uma maior despesa com a classe dos professores.
Portanto, o objectivo deles só pode ser o de garantir que são os professores deles, os camaradas, familiares e amigos ligados ao Partido Socialista, a chegar mais facilmente ao topo da carreira. E de preferência, já.
De que outra forma se pode interpretar tanta urgência em aplicar um modelo de avaliação tão contestado e tão desacreditado por toda a gente?
A atitude intransigente de Sócrates, quando se torna evidente que, com isto, até pode perder votos em 2009, só tem uma interpretação : fazer vingar o processo já, enquanto estão no governo e, sobretudo, enquanto dispõem de maioria absoluta no Parlamento.
O que interessa ao PS perder os votos de muitos professores? Uma análise desapaixonada da situação do país torna plausível o cenário de vitória do PS nas próximas legislativas, mas com perda da maioria absoluta, com ou sem os votos dos professores.
Ora, a perda desses votos não lhes interessa nada se a contrapartida for mais vantajosa, isto é, se conseguirem o controlo da classe dos professores, com ou sem maioria absoluta no Parlamento, com ou sem a presença no governo.
Esse é que é o verdadeiro objectivo dos socialistas. Controlar. Seja o que for que dê poder. E dinheiro, claro. Veja-se o que se passa com a CGD, o BCP, o BPN e o BPP, onde, com a conivência do Banco de Portugal, governado por um camarada, se observa um verdadeiro tropel para uma tomada de força na gestão da banca. Parece maquiavélico? Pois parece, mas eles são mesmo assim.
Fartinho, o mercado não resolve, porque ao mercado só lhe interessam os casos rentáveis. Ora um país não tem outro remédio que não seja viver com os casos rentáveis e com os outros. O mercado resolve para quem pode pagar, mas deixa todos os outros à porta.
O problema das elites é que são sempre uma minoria. Depois é necessário tratar da maioria. Do ponto de vista de desenvolvimento do país temos de contar com o Estado.
Fartinho, o mercado não resolve, porque ao mercado só lhe interessam os casos rentáveis. Ora um país não tem outro remédio que não seja viver com os casos rentáveis e com os outros. O mercado resolve para quem pode pagar, mas deixa todos os outros à porta.
O problema das elites é que são sempre uma minoria. Depois é necessário tratar da maioria. Do ponto de vista de desenvolvimento do país temos de contar com o Estado.
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