Francisco José Ayala é o Donald Bren Professor of Biological Sciences, Ecology & Evolutionary Biology e professor de filosofia na UCIrvine. Ayala, que esteve presente no Beyond Belief 2007, é membro do President's Committee of Advisors on Science and Technology e foi presidente da American Association for the Advancement of Science, que tem como missão «desenvolver a ciência e servir a sociedade», tarefa que cumpre, entre muitas outras actividades, publicando a revista Science, a revista de Ciência mais lida no mundo.
O biólogo que estuda a evolução foi igualmente padre dominicano e o último número da Scientific American- Brasil tem um perfil do ex- padre que nunca viu conflito entre evolução e fé - mas reconhece que convencer o público americano disso continua um desafio - e que considera que «o raciocínio moral, ou seja, a inclinação para fazer julgamentos éticos ao avaliar as ações em termos de bem e mal, é enraizada em nossa natureza biológica. É um resultado necessário de nossa inteligência elevada. Mas (2) os códigos morais que guiam nossas decisões como sendo boas ou más são produtos da cultura, incluindo as tradições religiosas e sociais.»
Gostei de ler o perfil de Ayala, que não consegui encontrar online mas um nosso leitor do outro lado do Atlântico gentilmente nos enviou, do qual transcrevo algumas partes que considerei relevantes:
«Após quase 40 anos pregando sobre a evolução para fiéis cristãos, o respeitado biólogo evolucionista da University of California, em Irvine, esmerilhou seus argumentos até ficarem bem afiados. Ele tem várias histórias e exemplos prontos, e algumas táticas de choque ao alcance das mãos. Uma entre cinco gravidezes acaba em aborto espontâneo, ele costuma lembrar nas palestras. Em seguida ele pergunta, de forma incisiva, como em uma entrevista para a revista U.S. Catholic, no ano passado: "Se Deus projetou o sistema reprodutivo humano, seria Deus o maior aborcionista de todos?". Com esses exemplos, ele explica, "eu quero combater os argumentos deles".
Ayala, 74 anos, está se preparando para um 2009 excepcionalmente cheio de compromissos. O ano marca o bicentenário do nascimento de Charles Darwin e o sesquicentenário da publicação da Origem das Espécies, e a batalha entre a evolução e o criacionismo certamente recrudescerá.
Ayala diz que há uma grande necessidade de que os cientistas envolvam pessoas religiosas nas discussões. Para exemplificar, ele carrega com dificuldade o Atlas of Creation, um calhamaço de 5,5kg e de dimensões de 28 x 43 cm, enviado pelo correio pelo criacionista muçulmano Adnan Oktar, da Turquia, para cientistas e museus por todos os Estados Unidos e França. O livro, ricamente ilustrado, associa a teoria de Darwin a horrores, incluindo o fascismo e o demônio.
Nos Estados Unidos, o Discovery Institute, em Seattle, que promove projetos de desenhos inteligentes, publicou livros de biologia questionando a evolução e promove o filme Expelled: no intelligente allowed (2008) para argumentar que cientistas anti-darwinistas são perseguidos. A candidata republicana à vice-presidência dos Estados Unidos, Sarah Palin, defende que o criacionismo deva ser ensinado ao lado da evolução, nas escolas. Segundo uma pesquisa da Pennsylvania State University, um entre oito professores de biologia já trata o criacionismo como alternativa válida.
Apesar dos esforços de engajamento por parte de cientistas e decisões constitucionais contra eles, os criacionistas e defensores da teoria do "projeto inteligente" não estão ficando mais fracos, adverte Ayala. "Eles estão se tornando, sim, mais visíveis." (...)
Freqüentemente, alunos iniciantes do curso de biologia de Ayala dizem que responderão as perguntas das provas como ele deseja, mas na verdade eles rejeitam a evolução por causa de suas crenças cristãs.
Anos mais tarde, depois de aprenderem mais sobre ciência, eles decidem abandonar a religião. Os estudantes parecem chegar à conclusão de que as duas abordagens são incompatíveis.
Isso o entristece, diz Ayala. Ele gostaria que os fiéis conciliassem sua fé com a ciência. Extraindo o que pode dos cinco anos preparatórios para ordenação como dominicano, Ayala usa a evolução para ajudar a responder um paradoxo central do cristianismo - como um Deus onisciente, amoroso, pode permitir o mal e o sofrimento?
A natureza é mal projetada - com estranhezas como pontos cegos dentro do olho humano e um excesso de dentes espremidos dentro de nossas mandíbulas. Parasitas são sádicos e predadores cruéis. A seleção natural pode explicar a brutalidade da natureza, argumenta Ayala, e remove o "mal" - um ato intencional de livre-arbítrio - do mundo vivo. (...)
Ayala se formou em física pela Universidade de Madri, depois trabalhou no laboratório de um geneticista enquanto estudava teologia na Pontifícia Faculdade do Colégio de San Esteban, em Salamanca, Espanha. Quando foi ordenado, em 1960, já havia decidido seguir o caminho da ciência em vez da vida religiosa. No convento o darwinismo nunca foi visto como um inimigo da fé cristã. Assim, um ano depois, quando Ayala se mudou para Nova York para fazer o doutorado em genética, a visão predominante nos Estados Unidos, de uma hostilidade natural entre evolução e religião, foi um choque para ele.
Desde então, Ayala tenta tratar do ceticismo religioso em relação à teoria de Darwin. A princípio, ele lembra, seus colegas cientistas eram desconfiados e assumiam a posição que pesquisadores não deveriam entrar em discussões religiosas. Em 1981, quando o legislativo do estado de Arkansas votou por dar ao criacionismo um espaço igual nas escolas, o sentimento começou a mudar. A National Academy of Sciences preparou um dossiê amicus curiae (amigo da corte papal) para um caso na Suprema Corte, envolvendo a "Lei da Criação" do estado da Louisiana, e pediu a Ayala que liderasse a empreitada. O livreto se tornou o Science and creationism: a view from the Natonal Academy of Sciences, de 1984.
Para a segunda edição, em 1999, Ayala apresentou a idéia de incorporar as palavras de alguns teólogos, mas lembra: "Quase fui devorado vivo". Na terceira edição, publicada neste ano, uma seção apresenta declarações de quatro denominações religiosas e três cientistas sobre a compatibilidade da evolução com as crenças religiosas.»
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15 comentários:
Dizer que a teoria da evolução é compatível com o Cristianismo é um erro científico e teológico que mostra ignorância nos dois planos.
É absurdo.
Nisso, os criacionistas concordam 100% com Richard Dawkins: evolução e criação estão em rota de colisão.
O problema do referido Padre e cientista é que certamente nunca estudou a fundo a Bíblia, nem nunca estudou a fundo a problemática da teoria da evolução.
Isto, aliás, é comum em muitos cientistas e evolucionistas que, quando começam a falar da evolução revelam a sua ignorância.
Podemos ilustrar isso citando o próprio Francisco Ayala:
"A natureza é mal projectada - com estranhezas como pontos cegos dentro do olho humano..."
Trata-se de um argumento ultrapassado, baseado num conhecimento imperfeito do olho humano. Hoje sabe-se que existe um complexo sistema de fibras ópticas no olho humano e que este funciona com base em princípios de física quântica.
Na verdade, a investigação científica mais recente vai no sentido contrário da afirmação de Ayala. Sobre o olho humano, um especialista alemão dizia recentemente:
‘A natureza é tão inteligente!. Isso significa que existe espaço suficiente no olho para todos os neurónios e sinapses e tudo mais, mas ainda assim as células Müller podem captar e transmitir tanta luz quanto possível”
Andreas Reichenbach , Department of Neurophysiology of the PFI Paul-Flechsig-Institute of Brain Research, Leipzig, Faculty of Medicine The Register, 1 Maio de 2007
Uma outra avaliação do olho ainda mais recente, da revista Nature, concluía, no mesmo sentido, que:
“The human eye is a remarkable imaging device, with many attractive design features.”
Kim et al, “Pluripotent stem cells induced from adult neural stem cells by reprogramming with two factors,” Nature, 454, 646-650 (24 July 2008) |
Como se vê, a natureza está longe de ser mal projectada. Mas se acha que é, deixemos que Francisco Ayala que faça melhor!!
Continua Ayala:
"...e um excesso de dentes espremidos dentro de nossas mandíbulas."
Nada poderia ser mais disparatado. Provavelmente a mandíbula e o maxilar são menos estimulados e estão relativamente amolecidos e enfraquecidos pela dieta ocidental, à base de comida mole e processada.
Continua Ayala:
"Parasitas são sádicos e predadores cruéis."
A Bíblia explica que com a queda no pecado Deus amaldiçoou toda a Criação e sujeitou-a à corrupção.
A Bíblia apresenta um quadro de deterioração de toda a Criação, pelo que não nos deve admirar encontrar sinais de degenerescência.
As mutações, as doenças, o sofrimento e a morte são exemplos disso.
De resto, as mutações são cumulativas e degenerativas, introduzindo ruído na informação genética.
Continua Ayala:
"A selecção natural pode explicar a brutalidade da natureza"
A selecção natural é realmente o produto de uma natureza corrompida pelo pecado. Mas ela não consegue explicar a evolução, na medida em que diminui a quantidade e qualidade da informação genética disponível.
"...remove o "mal" - um ato intencional de livre-arbítrio - do mundo vivo. (...)"
Se o mal não existe, então não há qualquer problema moral em alguém torturar o Francisco Ayala pelo simples prazer de o fazer... Seria simplesmente selecção natural ou “um acto intencional de livre arbítrio”.
Como se vê, é disparate atrás de disparate.
Já vimos exemplos de disparates do mesmo calibre nestas discussões, neste e noutros blogues.
A Palmira Silva, o Ludwig Krippahl ou o Paulo Gama Mota também já mostraram uma ignorância básica das questões.
Só ísso é que explica como é que alguém pode comparar cubos de gelo a DNA (Palmira Silva), dizer que o DNA não codifica nada (Ludwig Krippahl) ou apresentar a especiação dos Roquinhos como evidência da evolução (Paulo Gama Mota).
Começamos a compreender porque é que os evolucionistas não gostam que discutam as suas ideias.
É que os erros científicos não tardam em aparecer.
Mas fundamentemos as alegações criacionistas.
Na base dos argumentos científicos a favor do criacionismo encontramos um raciocínio com a forma de uma forquilha tridente:
1) Sempre que num sistema temos informação codificada esta tem sempre origem inteligente;
2) No DNA encontramos informação codificada;
3) Logo, na origem da informação codificada do DNA está um ser inteligente.
A força deste argumento é que as premissas 1) e 2) são cientificamente irrefutáveis.
Elas baseiam-se em observações diariamente conprováveis, não podendo ser desmentidas através da observação.
Elas dizem respeito a factos observáveis e não em especulações ou extrapolações não observáveis acerca do passado distante.
Elas colocam os evolucionistas em xeque mate, na medida em que não existe nenhuma evidência científica que as possa contrariar.
Na origem da informação codificada em livros, enciclopédias, computadores, telemóveis, etc., está sempre uma inteligência.
Como o Ludwig sabe isso, a sua estratégia tem sido tentar negar que no DNA encontramos informação codificada.
Ou por autismo auto-imposto ou por incompreensão, ele acha que o código genético é o que os bioquímicos dizem sobre o genoma, e não o que o genoma diz sobre os bioquímicos.
O que os bioquímicos dizem sobre o genoma não consegue explicar a origem do genoma nem dos bioquímicos.
No entanto, essa estratégia falha completamente, pelo simples facto de que no DNA encontramos realmente informação codificada.
Isso não é um modelo teórico humano. É literalmente assim.
Sequências de nucleótidos são usadas para representar toda a informação (de que a comunidade científica não dispõe) que representa todas as instruções químicas necessárias à produção e reprodução de seres vivos extremamente diversos, complexos e funcionais.
As letras ATCG são as mesmas. O que muda é a sequência.
Que isso é assim, é amplamente corroborado pela comunidade científica.
Isto tem sido reconhecido mesmo pelos evolucionistas mais impenitentes.
Carl Sagan é um bom exemplo. Ele referia-se ao DNA como “o livro da vida”, reconhecendo que a dupla hélice do DNA é a linguagem, com apenas quatro letras, em que a vida está escrita.
A variação destas quatro letras é aparentemente infinita, reconheceu Carl Sagan.
Com elas pode ser codificada toda a informação necessária à produção e reprodução dos diferentes seres vivos.
No que toca aos seres humanos, reconhecia Carl Sagan, o material hereditário requer múltiplos biliões de bits de informação, numa estimativa que hoje se sabe que foi feita muito por baixo.
Nas palavras de Carl Sagan, "(these) bits of information in the encyclopedia of life-in the nucleus of each of our cells-if written out in, say English, would fill a thousand volumes. Every one of your hundred trillion cells contains a complete library of instructions on how to make every part of you."
[Carl Sagan, COSMOS, Ballantine Books, 1980, p. 227.]
O Ludwig diz que no DNA não existe informação codificada.
Em sentido oposto, Carl Sagan diz que as nossas células contêm uma completa biblioteca com instruções sobre como fazer cada parte de nós (instruções essas que a comunidade científica não consegue abarcar).
Os criacionistas não poderiam concordar mais com Carl Sagan neste ponto, já que os factos são indesmentíveis.
No sentido oposto ao do Ludwig, escreve quase toda a literatura relevante, incluindo Richard Dawkins, que só não citamos aqui porque já o fizemos noutro lado.
Toda a literatura científica se refere à informação codificada que existe no núcleo da célula e não à informação sobre o genoma que existe nos livros de biologia molecular.
Vejamos alguns exemplos das definições do código genético que surgem na literatura especializada.
“The genetic code is a set of 64 base triplets (nucleotide bases, read in blocks of three). A codon is a base triplet in mRNA. Different combinations of codons specify the amino acid sequence of different polypeptide chains, start to finish.“
-Cell Biology and Genetics, Starr and Taggart, Wadsworth Publishing, 1995
“The sequence of nucleotides, coded in triplets (codons) along the messenger RNA, that determines the sequence of amino acids in protein synthesis.
The DNA sequence of a gene can be used to predict the mRNA sequence, and the genetic code can in turn be used to predict the amino acid sequence.”
-50 years of DNA, Clayton and Dennis, Nature Publishing, 2003
“The most compelling instance of biochemical unity is, of course, the genetic code.
Not only is DNA the all but universal carrier of genetic information (with RNA viruses the sole exception), the table of correspondences that relates a particular triplet of nucleotides to a particular amino acid is universal.
There are exceptions, but they are rare and do not challenge the rule.”
-The Way of the Cell, Franklin M. Harold, Oxford University Press, 2001
“The genome of any organism could from then on be understood in a detailed way undreamt of 20 years earlier.
It had been revealed as the full complement of instructions embodied in a series of sets of three DNA nitrogenous bases.
The totality of these long sequences were the instructions for the construction, maintenance, and functioning of every living cell.
The genome was a dictionary of code words, now translated, that determined what the organism could do.
It was the control center of the cell. Differences among organisms were the result of differences among parts of these genome sequences.”
-The Human Genome Project: Cracking the Genetic Code of Life, by Thomas F. Lee, Plenum Press, 1991
Ou seja, do que se trata aqui é da informação codificada que existe no núcleo da célula, a qual já era capaz de assegurar a produção, sobrevivência e reprodução de bioquímicos muito antes de os bioquímicos descobrirem a informação contida nas células.
O Ludwig, pelos vistos, é que não percebeu do que se estava a falar durante este tempo todo.
Ele estava a falar da informação que existe nos livros de bioquímica, ao passo que o código genético designa a informação que existe no núcleo das células dos bioquímicos.
Ele pensava que o código genético deve a sua existência aos bioquímicos.
No entanto, os bioquímicos é que devem a sua existência ao código genético, o qual já desde há muito transcrevia, traduzia, executava e copiava a informação necessária à produção e reprodução dos seres vivos.
É curioso.
Quando afirmava categoricamente que o DNA não codifica nada, o Ludwig, afinal, estava a mostrar que ele é que ainda não tinha percebido de que é que cientistas como Crick, Watson, Sagan, Dawkins, etc., estão a falar quando se referem ao DNA e ao código genético.
O Ludwig pensava que o código genético é o que sobre o genoma se encontra codificado nos livros de biologia molecular.
Se calhar, para ele o código geológico é o que os livros de geologia dizem sobre as pedras, e o código futebolístico é o que está codificado acerca do futebol nos jornais desportivos.
Para Ludwig, a grande descoberta de Crick e Watson não terá sido mais do que perceber que se pode falar sobre o DNA!!!
Desengane-se, de uma vez por todas, Ludwig: o código genético é a informação codificada nas sequências de nucleótidos com todas as instruções para o fabrico e a reprodução dos seres vivos!
Que parte disto é que ainda não percebeu? Já ouviu falar na sequenciação de genomas para obter informação genética?
Como se vê, a estratégia do Ludwig está votada ao fracasso.
O Ludwig não tem, por isso, qualquer hipótese científica séria contra a forquilha criacionista.
Quase podemos dizer, em tom de brincadeira, que espetámos o Ludwig com ela e agora vamos grelhá-lo no seu próprio blogue.
Recordemos, numa formulação ligeiramente diferente:
1) Toda a informação codificada tem origem inteligente.
2) No DNA encontramos informação codificada em quantidade, qualidade, variedade, complexidade e densidade que transcende tudo o que a comunidade científica é capaz de produzir
3) Na origem do DNA encontramos uma inteligência que transcende a inteligência de toda a comunidade científica junta.
É tão simples como 2 + 2 = 4
O Ludwig não tem qualquer hipótese científica contra este argumento.
Nem ele, nem ninguém.
Este argumento, sendo aparentemente simples, tem implicações fundamentais para a análise do suposto Big Bang, da hipotética origem acidental da vida, do hipotético ancestral comum, das mutações, da selecção natural, da especiação, a interpretação dor registo fóssil, etc.
Além disso, ele explica porque é que a Palmira está errada quando compara os cubos de gelo ao DNA, porque é que o Ludwig está errado quando afirma que o DNA não codifica nada e porque é que o Paulo Gama Mota está errado quando pensa que a especiação dos Roquinhos prova a evolução.
1) os cubos de gelo não têm informação codificada;
2) o DNA tem realmente informação codificada;
3) A especiação dos Roquinhos diminui a qualidade e quantidade da informação genética disponível em cada subpopulação de Roquinhos (os quais, de resto, nunca deixam de ser da família dos Roquinhos).
Em conclusão:
1) Sempre que temos informação codificada esta tem sempre origem inteligente;
2) No DNA encontramos informação codificada;
3) Logo, na origem da informação codificada do DNA está um ser inteligente.
Caro perspectiva não terei lido este mesmo comentário, mas noutro post?
E que tal um pouco de pensamento lógico?
Perpectiva diz:
"1) Sempre que temos informação codificada esta tem sempre origem inteligente;
2) No DNA encontramos informação codificada;".
Não entende que "sistemas" não existem na natureza, são criações conceptuais humanas. E também não entende que os sistemas com informação codificada são criações humanas.
Pode estender ao estudo do DNA conceitos humanos; mas não pode atribuir ao DNA ser uma criação humana, o que contradiria tudo o que defende. Logo as suas premissas não são plausíveis e a conclusão do seu argumento é falsa.
Como o caro perpectiva demonstra, nem mesmo se deus dissesse que Darwin estava, essencialmente, correcto ele se rendia aos factos!
CL diz:
"Não entende que "sistemas" não existem na natureza, são criações conceptuais humanas."
Disparate completo.
O DNA contém informação codificada em quantidade, qualidade, complexidade e densidade que transcende tudo o que a mente humana pode criar.
Antes de os bioquímicos descobrirem o DNA já a informação codificada no DNA produzia bioquímicos.
O que diz sobre os sistemas serem criações humanas é pura e simplesmente falso.
O corpo humano é um sistema constituído por diferentes sistemas, em que as partes dependem umas das outras.
Certamente que já ouviu falar em nos sistemas do corpo humano, como o digestivo, circulatório, endócrino, imunológico, respiratório, nervoso, reprodutor, esquelético, muscular, urinário, excretor, etc.
Antes do ser humano inventar a palavra "sistema" já eles existiam e funcionavam.
Sem isso o ser humano não conseguiria inventar a palavra sistema para descrever o corpo humano e os seus sistemas.
"E também não entende que os sistemas com informação codificada são criações humanas."
Isso é simplesmente falso. O DNA contém um informação codificada e não foi feito pelo ser humano.
Pelo contrário, o ser humano deve a sua existência ao facto de toda a informação necessária para a produção do corpo humano e dos seus sistemas estar codificada no DNA.
Isso o CL simplesmente não pode negar. Ninguém pode, aliás.
"Pode estender ao estudo do DNA conceitos humanos; mas não pode atribuir ao DNA ser uma criação humana, o que contradiria tudo o que defende."
Só mostra que não percebeu nada.
Leia com atenção o que se disse. Os criacionistas acreditam que Deus criou o homem.
De resto, cada ser humano tem no núcleo das células toda a informação para garantir a sua reprodução, e pode crê que não foi o ser humano que criou, codificou, armazenou e executou essa informação.
O DNA, como tem informação codificada em quantidade, qualidade, complexidade e densidade que transcende a capacidade de toda a comunidade científica só pode ter sido criado por alguém com uma inteligência que transcende toda a comunidade científica: Deus.
"Logo as suas premissas não são plausíveis e a conclusão do seu argumento é falsa."
Se as suas palavras pretendem ser uma refutação, falhou redondamente.
As premissas são verdadeiras e não foram refutadas pelo CL.
1) Sempre que existe informação codificada existe uma origem inteligente (o CL não refutou isso).
2) No DNA existe informação codificada (o CL não refutou isso).
3) A origem do DNA só pode ter sido inteligente;
Continue a tentar, CL. Mas desde já lhe digo que não vai conseguir
"O problema do referido Padre e cientista é que certamente nunca estudou a fundo a Bíblia,"
E porque é que o deveria fazer, numa perspectiva científica? Em que é que a Bíblia acrescenta mais saber científico do que, por exemplo, o Corão ou o Almanaque dos Escuteiros-Mirins?
Outra coisa: lençóis destes são inadmissíveis em caixas de comentários. São pura e simplesmente falta de civismo.
"Se o mal não existe, então não há qualquer problema moral em alguém torturar o Francisco Ayala pelo simples prazer de o fazer... Seria simplesmente selecção natural ou “um acto intencional de livre arbítrio”. "
Ridículo. A selecção natural tende a eliminar comportamentos auto-destrutivos da espécie, daí que a humanidade tenha criado leis contra tais actos. Por isso é que a tortura é uma excepção e não a regra: medo do castigo (humano, não divino).
Perspectiva.
Está enganado. Não tenho qualquer vocação para converter fiéis devotos a divindades.
Apenas pretendi mostrar que a conclusão do seu argumento é falsa, porque as premissas de que parte não são plausíveis.
Nenhuma entidade, fora do mútuo constrangimento, produz relações necessárias. Mas há-de chegar o tempo em que haverá DNA de criação inteligente, criado pelo homem. Talvez baste um século.
Mas só um atrasado mental vê incompatibilidades entre ciência e religião... Estas discussões são perfeitamente absurdas.
João Pedro Ferrão.
Concordo plenamente consigo. Não há qualquer contradição entre ciência e religião; naquela argumenta-se, nesta recita-se.
Só mesmo atrasados mentais procuram explicar as coisas pela religião, por crenças fortes em divindades omnipotentes e omniscientes.
Caro Perspectiva,
Em que se fundamenta para declarar que a bíblia (nomeadamente o Génesis)é um relato jornalístico?
1) Sempre que existe informação codificada existe uma origem humana.
2) No DNA existe informação codificada.
3) A origem do DNA só pode ter sido humana.
A força deste argumento é que as premissas 1) e 2) são cientificamente irrefutáveis.
Elas baseiam-se em observações diariamente conprováveis, não podendo ser desmentidas através da observação.
Elas dizem respeito a factos observáveis e não em especulações ou extrapolações não observáveis acerca do passado distante.
Elas colocam os evolucionistas em xeque mate, na medida em que não existe nenhuma evidência científica que as possa contrariar.
Na origem da informação codificada em livros, enciclopédias, computadores, telemóveis, etc., está sempre uma inteligência humana.
Associadas à dicotomia ciência/religião, há uma série de concepções alternativas (e alguns disparates pelo meio), sendo que uma delas é a confusão entre os conceitos de moral/ética e religião.Os dois primeiros não necessitam obrigatoriamente do último (defendido por Kant, por ex), já o contrário não sei se verdade. Se houvesse a distinção entre estes conceitos, talvez a relação entre evolucionismo/ ciência e religião fosse mais pacífica (para os criacionistas, alguém que seja evolucionista e ateu não pode ter moral, visto não ter religião)... esta perspectiva é errada, pois não há provas de correlação directa entre ser-se moralmente íntegro e ter ou não ter religião...ou vice-versa.
Aconselho a leitura da parábola do "bule celeste" de Bertrand Russel...talvez depois se cite Sagan (ou outros autores) com mais clareza relativamente à temática do post!
Aproveio a oportunidade para informar que o Prof. Ayala fará uma conferência plenária sobre os fundamentos biológicos da ética no Congresso Internacional sobre o impacto de Darwin na sociedade, na cultura e na ciência que terá lugar na Faculdade de Filosofia de Braga de 10 a 12 de Setembro de 2009. O congresso terá sessões paralelas para as quais poderão ser propostas breves intervenções.
E os vírus de RNA? Agora fiquei curioso por saber onde e como se encaixam nessa ideia de código universal.
E até podemos deixar os códigos diferentes utilizados noutros domínios da vida, como os codões de início de transcrição alternativos utilizados pelas Archaeas, para outro dia.
Mas os vírus de RNA não. Estou mesmo curioso.
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