domingo, 21 de dezembro de 2008

A desumanidade do símio humano


Cientistas norte-americanos voltaram a demonstrar a estupidez simiesca original dos seres humanos. Aqui.

Temos três livros para oferecer em mais um passatempo DRN/Sorumbático: A Criação, de E. O. Wilson (Gradiva), A Física em Banda Desenhada, de Gonick e Huffman (Gradiva) e Eva Era Negra, de Lucotte (Terramar).

Serão escolhidos os três melhores comentários feitos neste post sobre a experiência norte-americana referida, até ao próximo dia 24, às 23:00. O autor do melhor comentário escolhe o livro que quer receber dos três, o segundo escolhe dos dois restantes e o terceiro autor recebe o último livro. Passatempo válido apenas para moradores em Portugal continental.

12 comentários:

José Lourenço disse...

Nietzsche admitia que mais de noventa por cento(no estudo retirado da TVNET fala em 70%)da Humanidade se comporta como o camelo, mantendo uma obediência cega ao que de essencial a sociedade lhe transmite, apenas "escouceando" (às vezes bastante) em pequenas coisas.

Uma pequena percentagem descobre a capacidade de dizer não, de reagir contra o que lhe quiseram impor como verdade absoluta e única. Rebela-se, revolta-se, rugindo como um leão.

O homem camelo tem sobretudo memória (os tais 70% do estudo...). O homem leão tem sobretudo inteligência (provavelmente serão os 30% que não aumentariam a voltagem, ou recusar-se-iam a participar no disparate).

Por seu turno, Carl Sagan defende que a grande "empreitada" da humanidade será a de evitar a sua auto-aniquilação (depois de 2001, cada vez o entendo melhor)...se o conseguir, o "cosmos será seu".


Apesar do supracitado, convém relembrar que:

A espécie humana foi a única que atingiu a maioridade intelectual que lhe permitiu compreender a razão da sua própria existência.

Por um lado, tal facto, aumenta-lhe as responsabilidades no que toca a comportamentos éticos/morais, mas, por outro, é "apenas isso" que lhe permite compreender o quanto "simiesca" por vezes é...

e por que não haveria de ser?...lá no centro do seu cérebro, ainda paira o herança reptiliana (a 80 M.a de distância), e à sua volta - apenas a 4 M.a de distância - ainda paira a herança simiesca!

Do ponto de vista evolutivo, 4 M.a são um ténue sopro.

FS disse...

A experiência científica em questão aponta apenas evidências empíricas (e corrobora novamente a tese que postula a existência) de uma característica distintiva do ser humano: a geração recorrente de comportamento (individual e/ou colectivo) acefálo, principalmente quando o indivíduo e/ou o grupo torna-se, por mera resignação ou subserviência, objecto de coacção e de exercício de autoridade por parte de outrém. A assunção de desresponsabilização (no que concerne às consequências advindas do comportamento referido) deriva, paradoxalmente, da posição acrítica do executante - que considera toda a responsabilidade (moral) como propriedade alienvável do mandante.

FJMS
(filipejmsousa@netmadeira.com)

Master disse...

Este estudo demonstra o falhanço global, de todos os politicos e governantes do Mundo, incluindo os religiosos. Desde a segunda metade do século XX, que observámos o desaparecimento dos grandes pensadores e o nascimento de uma nova geração. Os "pensadores por conveniência". São economistas, politicos, representantes populares etc, todos ligados a interesses financeiros e grandes empresas. De um modo geral são pessoas consideradas elite, devido à manipulação e controlo da comunicação social. Portugal é um grande exemplo disso, assim com os EUA.
A população mundial está mais egoísta e não se interessa pelo sofrimento alheio. Valores como honestidade, responsabilidade, caridade, humanidade, etc, desapareceram. Infelizmente, as pessoas apenas vai acordar, quando os problemas lhe entrarem pela casa a dentro. O que já não falta muito.

Unknown disse...

Cada pessoa apresenta um conjunto de valores éticos e morais. Na maioria das vezes, o indivíduo recebe os valores da sociedade acríticamente. Assim se explica, por exemplo, que a maioria dos nascidos na Arábia sejam muçulmanos.

Na situação apresentada, 70% das pessoas aderiram de forma acrítica à pressão social e prontamente esqueceram os seus valores éticos e morais para praticar a tortura.
Mas houve outras pessoas que se mantiveram firmes respeitando os seus códigos morais.

Esta experiência apenas demonstra o papel da educação: permite-nos pensar por nós próprios e não aderir acríticamente aos comandos da sociedade.

A ignorância é a causadora dos genocídios e afins, pois em sistemas ignorantes, muitos são comandados por poucos e assim, basta poucos serem psicopatas, para que muitos o sejam.

É a educação e o uso apropriado da razão que esta nos proporciona que mais nos distingue dos símios.
Mas como a humanidade ainda está nos seus estágios iniciais, a sua herança primata ainda está bem presente, sendo combatida pela razão.
Será esta a tal estupidez simiesca original de que o autor fala e que está bem explícita nos resultados da experiência.

João Rodrigues disse...

É um problema de educação. Neste caso, de falta dela. Quanto menos educação, menos consciência crítica o ser humano tem.
Ao receber ordens, o ser humano aceita-as sem questionar nada, por muito estúpidas que sejam essas ordens. Se tivesse mais educação teria herdado valores éticos que o levariam a pôr em causa ordens com as quais não concordasse.

Mas também há um problema de responsablização. Ao aceitar essas ordens, uma pessoa diz apenas que recebeu ordens e que o outro é que tem a culpa. Não assume a sua culpa individual, passando-a para outrem. No entanto, voltamos ao problema da educação e dos valores éticos. Com mais educação, poderia questionar as ordens e recusar a sua execução.

Carlos Medina Ribeiro disse...

Uma nota acerca do envio dos prémios:

Quando forem anunciados os 3 vencedores, eles deverão, nas 48h seguintes, escrever para sorumbatico@iol.pt, indicando morada para envio dos livros.

O 1.º classificado deverá dizer, também, qual dos 3 livros pretende;
o 2.º deverá indicar dois;
o 3.º receberá o livro restante.

Anónimo disse...

Creio ser o principal problema a própria educação dos voluntários neste experimento.

Não podemos concluir (na minha opinião) que é um acto comum humano a prática de tortura só porque 70% dos voluntários a executariam sob pressão.

Na verdade, da mesma forma que a violência em 1963 e na xperiência actual encontra-se vulgarizada nos meios de comunicação isso facilita a tomada da decisão de prosseguir pela tortura sob pressão pelos voluntários.

A violência não é vista como algo aberrante e fora do normal, aceita-se com relativa passividade a morte sob qualquer condição fruto da quantidade de casos que ocorrem diariamente e da certeza de que em muitos casos o agressor sairá impune.

Volto a frisar, no meu entender não é a Pressão Social que induz os voluntários a escolha pela tortura sob pressão, tanto que 30% dos voluntários nas mesmas condições não o fizeram.

"A priori" seria capaz de dizer que dos 70% dos voluntário que cederam a tortura soubessem que responderiam criminalmente no caso de morte do "interrogado" este número diminuiria.

Bem, esta é minha opinião como leigo...

asilvestre disse...

Esta experiência diz-nos muito sobre a psicologia moral do homem, isto é, sobre a psicologia do tipo de agência que exercemos quando agimos moralmente.
A psicologia moral estuda que espécie de agência está em causa quando agimos moralmente, quais as motivações e a sua fonte, quais os mecanismos emotivos e cognitivos que depois se traduzem em acções.
Vários estudos em genética comportamental e psicologia social têm demonstrado que cada nós nasce com uma estrutura psico-física fixa que determina em larga medida o tipo de pessoa que somos.
Nesta experiência, o traço de personalidade em exame terá sido a sensibilidade à pressão social e a propensão para obedecer a ordens por mais injustas e disparatadas que pareçam.
Esta experiência é mais uma que vem sublinhar que o que é decisivo na psicologia moral são traços psicológicos hereditários e não tanto a educação pela aquisição de bons hábitos, como entendia Aristóteles, ou princípios morais conscientes, como defendia Kant.

Pedro disse...

Segundo a ética Kantiana, o sujeito é o centro do acto moral e a consciência é a forma como ele se afirma um sujeito moral. Desta forma, é autónomo (toma decisões sem ser influenciado), é responsável e é alguém que decide tendo em conta as leis universais. Posto isto, verifica-se que 70 % dos indivíduos despreza a ética (pelo menos a de Kant).

Tal facto é de admirar visto sermos humanos e, como tal, seres conscientes. Contudo, na batalha que se travou entre a consciência de cada um e a influência social, esta última saiu vitoriosa na maior parte dos casos. Claro que existem excepções, as ovelhas negras que se impõem, recusando-se a seguir o rebanho, os génios. Estes indivíduos, transportadores dos verdadeiros valores éticos é que merecem que se lhes chamem humanos. Aos outros, fica melhor chamar-lhes robots.

Mesmo que a educação e a transmissão de valores, a esses 70 %, tenha sido deficiente, penso que não é difícil compreender o conceito de altruísmo e fazer uso dele.

Max Scheler, filósofo alemão, agrupou os valores numa pirâmide, classificando-os. Nessa pirâmide, os valores vitais, que se relacionam com a preservação da vida, figuram em primeiro lugar. Já os morais encontram-se em sexto. Deste modo, talvez se justifique que os indivíduos submetidos à experiência, com receio de que algo lhes acontecesse, viram-se "obrigados" a aumentar a voltagem.

O egoísmo sobrepõem-se cada vez mais ao altruísmo. A ética? Essa, encontra-se perdida. No entanto, não condeno os 70 % que aumentaram a voltagem. Foram condenados, posteriormente, pela consciência. Quantos noites terão ficado sem dormir? Quão atormentados terão ficado? Visto deste ponto, não parece ser ético quem organizou a experiência.

(sabino326@hotmail.com)

Carlos Medina Ribeiro disse...

Aqui fica este comentário, que recebi por e-mail, enviado por Rui Silva:
_____

Não vale a pena escamotear a realidade.

Os seres humanos reagem a estímulos e, portanto, quando eles surgem desencadeiam acções que, em condições normais, consideramos inimagináveis.

E, nessas acções cabem as que contêm, entre outros aspectos, a bestialidade, o sadismo, a maldade pura e dura, etc.

Sejamos claros, todos devemos ter um limite de contenção para desencadear as acções. Qual, não o sabemos. E, por isso, quando um discurso inflamado, uma situação duvidosa, um ser indefeso, faz de estímulo para o desencadear da acção violenta, ela aparece em todo o seu repugnante esplendor, porque se ultrapassou o tal limite.

São os seres humanos, nestes casos, sempre os executores finais; afinal seres como nós.

Basta que exista um estímulo que rompa os limites de contenção.

Para o bem e para o mal, entenda-se.

Com consideração

Rui Silva

Desidério Murcho disse...

Caros leitores

Obrigado a todos pela participação. Eis os comentários que considero melhores, por ordem:

1) Filipe J. Sousa (dia 22, 11:27)
2) João Rodrigues (dia 23, 15:06)
3) João (dia 22, 12:27).

Esperava comentários algo mais substanciais, mas compreendo que nesta altura das festas há outras coisas melhores para fazer do que escrever em blogs!

Os felizes contemplados contactem por favor para o endereço de email sorumbatico@iol.pt, indicando o livro que pretendem (começando pelo primeiro contemplado).

Carlos Medina Ribeiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...