sábado, 17 de maio de 2008

As críticas de José Mattoso

Não é nosso hábito transcrever artigos da imprensa escrita nacional, mas vale a pena reflectir sobre um artigo publicado na página 11 do Público de hoje.

O artigo incide sobre as observações de José Mattoso na homenagem que lhe prestou o Centro de Estudos Islâmicos e do Mediterrâneo e durante a qual o historiador anunciou a sua retirada da investigação histórica. Mattoso aproveitou a ocasião (e a presença de Mariano Gago) para endereçar algumas críticas:

«Mattoso não compreende porque razão se estão "a abandonar as ciências sociais e humanas ao seu destino, mantendo-as ou empurrando-as para uma situação de inferioridade, agravada pelo facto de os alunos que entram actualmente na universidade serem os piores classificados".

A sua análise critica é extensiva à investigação histórica que hoje se faz em Portugal, por se sustentar em "investigações vagas, superficiais", onde se realçam por vezes "generalidades e aspectos anedóticos". Uma investigação neste moldes é "medíocre e inútil" observou.

Mariano Gago aceitou comentar a questão que Mattoso levantara: "Existe de facto uma vulgata tecnicista suportada nos indicadores, no número de citações." Associado a este problema, que está a afectar a credibilidade das instituições científicas, emerge um outro que Gago classifica como "dos mais críticos que temos em Portugal": muitas das instituições científicas são ainda dirigidas pelos seus fundadores e a transição está a ser "muito difícil" de consumar.

Por causa desta relutância em assumir a mudança geracional, "vi instituições soçobrar porque transferiram a liderança não para os melhores mas para aqueles que estavam mais próximos ou que eram mais amigos" dos fundadores, disse Gago.»

4 comentários:

Klatuu o embuçado disse...

Eu gosto é da foto! «Aleluia!»

Armando Quintas disse...

José Mattoso é um grande historiador que muito contribuiu para a nossa historia e para o quebrar de mitos e dogmas, agora que se retirou espero que venham outros mais novos da mesma cepa.

O que o historiador diz é plenamente verdade, as ciencias sociais estão e plena decadencia,as tres grandes vitimas do momento são a filosofia, a sociologia e a historia, em quea primeira delas esteve sobre ataque cerrado do anterior governo chegando-se a pensar retirar-la do ensino secundário.
A sociedade só valoriza o imediato, fazer historia ão gera centenas de empregos nem dá milhoes de um dia para o outro, tambem estão sobe ataque porque são das ciencias mais perigosas para o poder de qualquer estado, a filosofia ensina a pensar, a sociologia o presente e a historia o passado, qualquer governo com tiques de autoritarismo, este e os anteriores nem querem ouvir falar destas ciencias, elas são perigosas.
Ha tambem o problema gerecional, ha um caso de uma universidade (publica) bastante conhecida que se debate com gravissimos problemas financeiros e pode ver afectado o normal curso do seu funcionamente a curto prazo, onde e vez em quando faltam recursos indispensaveis como tonners, papel e ovos e manteiga e fiabre nas cantinas, a universidade em questão reabriu à cerca de 30 anos e muitos ainda sao os docentes dessa altura, alem de outros problemas esse da transição geracional é um deles.
A questão da fraca qualidade é terrivel, no que toca à historia há pouca produtividade e há muita coisa a circular por ai que nem deveria ter essa designação, mas sim fraude, depois as criticas são tão mal vistas, quando se faz uma recensão critica e se realça os aspectos negativos do trabalho, as pessoas sentem-se atacadas pessoalmente.
Contudo há outra questão que o historiador não falou, nisso tambem vou incluir a filosofia, a questão dos sabios na torre de marfim, em historia ainda se esceve muito para dentro, ou seja de historiadores para historiadores, não há uma corrente no verdadeiro termo de divulgação como já existe para a ciencia, o comum dos mortais julga que a historia so serve para formar professores e dar aulas, nem se vai lembrar que tem que haver alguem a faze-la e quando se diz que se é a da area de hstoria dizem logo que vao para o desemprego.
Ha outro problema queé a falta de trabalhos de sintese, sobre um tema pode haver muito trabalho disperso e inclusive repetido, porque ha coisas esquecidas e outras "escondidas" propositadamente e juntar tudo e fazer um trablho de sintese ou mesmo o estado da arte pode ser uma dor de cabeça.
Veja-se só e isto para as diversas ciencias, a circulação das teses, a esmagadora maioria são feitas para atribução de um grau, ficam guardadas numa biblioteca, quando não são escondidas de proposito talvez pelo pessimo trabalho, e a informação que lá se contem, esquece-se vai-se tornar inutil porque se desactualizou.
Por ultimo quero salientar outro facto, no meu tempo de liceu e n foi assim há muito, até 2004 sei que os livros de historia do secundário eram feitos por economistas e outros profissionais, tudo menos historiadores e que a qualidade da informação deixava muito a desejar..

Klatuu o embuçado disse...

Certeiro! Uma figura ímpar, que reconduziu a tarefa da História ao exercício moderno de racionalidade e humilde aceitação do império dos factos, acima de todas as mitosofias; depois temos a cereja diletante: uma cambada de patetas canhotos a transformá-lo já num mito.

berta madureira disse...

Bom Dia,
Será que podem ajudar-me?
Trabalho na RTP e preciso saber, com uma certa urgência, quem é o/a autor(a) da foto do Profº José Mattoso aqui reproduzida, para que possa obter autorização para a utilzar num documentário.
Muito obrigada desde já. Fico a aguardar contacto para:
Berta Madureira
berta.madureira@rtp.pt

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