quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Não faça, compre!

Chegam-me à caixa de correio anúncios cada vez mais descarados de pessoas e empresas especializadas na fabricação de trabalhos e teses de mestrado e doutoramento, bem como de artigos científicos com garantia de publicação nas “tais revistas”. Tudo com preços devidamente discriminados por grau académico, tema, número de páginas, etc. A coisa é feita às claras e ninguém sai enganado: quem vende, sabe o que vende; quem compra, sabe o que compra. As academias não podem, portanto, ignorar o “negócio paralelo”.

Desta e doutras situações pouco edificantes, nada novas, mas, pelos vistos, em franca expansão nos tempos que correm, já Carlos Fiolhais e Elvira Calapez, deram conta no De Rerum Natura. Não deixe, no entanto, o leitor de se deliciar com o artigo que Carla Aguiar publicou nesta semana, com base numa investigação muito completa que fez da realidade portuguesa.

5 comentários:

Anónimo disse...

Informação: nos Estados Unidos acaba de ser lançado o livro "MY WORD!
Plagiarism and College Culture",
de Susan D. Blum, Antropóloga na University of Notre Dame, edição de Cornell University Press.
http://www.cornellpress.cornell.edu/cup_detail.taf?ti_id=5308
Américo Tavares

Anónimo disse...

Acerca desta temática, transcrevo a citação feita no meu post, intitulado "Alunos,computadores e copianço" (“De rerum natura”, 8.Fev.2008), da autoria de um nosso compatriota, Ricardo Reis, professor duma universidade americana, extraída de um artigo publicado no “Diário Económico” (3/Abril/2007), com o sugestivo título “Copianço”, em que é descrito, bem a propósito, o que se passa na sua universidade:

“Em Princeton, o professor é obrigado a deixar os alunos sozinhos na sala durante o exame. Vigiá-los seria uma falta de confiança, até porque todos assinam no topo da folha de resposta uma jura de que se vão comportar de uma forma honrada. Mas se alguém é apanhado a copiar (ou porque foi denunciado por um colega ou porque as respostas o tornam óbvio) então a punição é muito severa: pelo menos suspensão por um ano e talvez expulsão”.

Pelo exposto se verifica que o copianço, quer se processe em exames rotineiros ou provas de doutoramento, é uma questão ética de honrados costumes que devem ser inculcados a partir dos primeiros anos dos bancos da escola. O que, no desânimo de Almada Negreiros, se afigura difícil: “O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem, Portugueses, só vos faltam as qualidades”.

Helena Damião disse...

Agradeço ao nosso leitor A. Tavares ter disponibilizado a referência do livro de S.Blum, que eu não conhecia e que estou com grande curiosidade de ler. Agradeço também ao nosso leitor e colaborador Rui Baptista a deixa: de modo mais ou menos aberto, reconhece-se que o plágio, não se manifesta como ocorrência pontual, pelo contrário, tornou-se parte de cultura institucional. A volta a dar, se continuarmos a achar que aquilo que se cria tem sempre autor e valor, está na educação, desde os níveis mais básicos até aos superiores, bem como no (bom) exemplo que professores e investigadores devem dar. E, claro, tomarem-se as medidas certas quanto o plágio se detecta.

Anónimo disse...

Conheço um rapaz que até ao 12º ano se considerava incapaz de copiar. Dizia ele que era uma espécie de objeção de consciência. Chegado ao ensino superior, o que viu à volta deu-lhe a volta à cabeça e durante uns dois anos tentou viver à conta de copianço. A coisa não lhe correu bem, a objeção existia e lá decidiu estudar. Mas os relatos do que se passava eram escandalosos. Há muita forma de fax.

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Um tema original. Quem, importa-se.

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