PAIDEIA
"decidiram dedicar as suas energias a aprender; a educar-se com a esperança de permanecerem livres e independentes num mundo submetido; a desenvolverem até ao máximo possível todos os seus talentos; a conseguirem a melhor versão possível de si próprios; a modelarem o seu interior como uma estátua; a fazerem da sua própria vida uma obra de arte."
Queriam:
"ser lembrados por um único motivo: porque se iniciaram no labor da inteligência e das maravilhas da arte, saberes protegidos pelas musas."
Dizia um autor do século II:
"A única coisa que vale a pena é a educação. Todos os outros bens são humanos e pequenos e não merecem ser procurados com grande empenho. Os títulos nobiliárquicos são um bem dos antepassados. A riqueza é uma dádiva da sorte, que a tira e a dá. A glória é instável. A beleza é efémera; a saúde inconstante. A força física cai tomada pela doença e pela velhice. A instrução é a única das nossas coisas que é imortal e divina. Porque só a inteligência rejuvenesce com os anos e o tempo, que arrebata tudo, dá sabedoria à velhice. Nem sequer a guerra que, como uma enxurrada, varre e arrasta tudo, te pode tirar o que sabes."
in Irene Vallejo. O infinito num junco - a invenção do livro na Antiguidade e o nascer da sede de leitura, Bertrand, 2020.
2 comentários:
A única coisa que vale a pena é a educação? A educação instável, efémera, inconstante, decadente, mortal e profana? A inteligência está na educação? Onde, que raramente a vejo? E acredite, podem-nos tirar o que sabemos. Basta relativizar, desconstruir, desapoiar, criticar ferozmente, abolir, objetar, boicotar, ridicularizar, passar muito tempo até deixar apagar. Tudo é impermanente e as enxurradas varrem e arrastam.
O que valerá, então, a pena?
Por favor, quem é o autor do século II que proferiu a reflexão reproduzida acima?
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