Novo texto do Professor Galopim de Carvalho.
São duas as causas da minha relação muito próxima com estes bichos do passado geológico da Terra.
Uma foi a longa e árdua luta que, em nome pessoal e do Museu Nacional de História Natural e a partir de 1990, entendi travar face às administrações central e local, pela defesa das duas importantes jazidas com pegadas de dinossáurio que, entretanto, foram descobertas, “Pego Longo” (mais conhecida por Carenque), no concelho de Sintra, e “Pedreira do Galinha” no limite dos concelhos de Ourém e Torres Novas.
A outra foi ter usado o conhecido fascínio que os dinossáurios exercem sobre o público, em geral, e sobre as crianças e adolescentes, em particular, como elemento dinamizador na imensa tarefa de recuperação e valorização do que restou do Museu Nacional de História Natural, em grande parte destruído pelo incêndio de 1978.
Como se imaginou, esta via surtiu efeito e, em 1992, a grandiosa exposição “DINOSSÁURIOS REGRESSAM EM LISBOA”, com as magníficas réplicas robotizadas, da empresa japonesa Kokoro, com mais de 340 000 visitantes, em apenas onze semanas, foi o começo de uma dezena de outras centradas nestes grandes sáurios, face às quais, actuei como responsável científico.
No propósito de me documentar científica e pedagogicamente para estes dois objectivos, tive de estudar o essencial do ramo da paleontologia que lhes diz respeito. Escrevi artigos em jornais e revistas, quatro livros de divulgação e dei dezenas de entrevistas na rádio e na televisão, acções que, sem me ter dado conta, me tornaram figura pública e, para as crianças, o pai dos dinossáurios e, agora, passados mais de 30 anos, o avô dos ditos.
Tem acontecido, e não raras vezes, que jornalistas menos preparados ou menos rigorosos me apresentam como “especialista” neste ramo da paleontologia ou, mesmo, o “maior especialista”, incorrecções que, sempre que posso, tenho desfeito, uma vez que nuca fui nem sou investigador neste ramo científico.
Ser o pai ou o avô dos dinossáurios, para as crianças, rapazes e raparigas dos nossos jardins escolas e escolas, abriu-me as portas a quaisquer temas do conhecimento que a oportunidade ditasse, nas muitas vezes que, ao longo destes anos, tive a oportunidade e o prazer de conviver com eles.
A. Galopim de Carvalho
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