Corre por Coimbra uma polémica sobre a localização da nova maternidade, que mais não é do que mais um episódio da velha disputa entre a cidade e a universidade: há quem na cidade se queira afastar o mais possível da Universidade. O Doutor Carmona da Mora, cujo nome está associado ao Hospital Pediátrico, sabe do que fala, ao contrário de muitos outros.
Todos
concordarão que Coimbra necessita de um pólo hospitalar universitário forte, de
que a Faculdade de Medicina também muito beneficiará.
Os hospitais
distritais têm cumprido a sua função pelo que Coimbra e a sua região não necessitam
nem comportam dois hospitais centrais (terciários); o CHUC foi a solução.
Cada vez nascem
menos crianças, daqui a lógica da fusão das duas maternidades de Coimbra, mas
cada vez há mais gravidezes e, consequentemente, recém-nascidos de risco.
As maternidades
têm excelentes obstetras, pediatras neonatalogistas e enfermeiras e boas UCI
NN. Mas, por vezes, as grávidas e os RN necessitam e os obstetras e os
neonatalogistas agradecem o apoio de colegas de variadas especialidades em
casos especialmente graves ou complexos. Quanto mais próximos mais fácil esse
parecer ou conferência; os RN com problemas cirúrgicos são cuidados no HP.
Assim, em
Coimbra, faz todo o sentido localizar a futura maternidade tanto quanto possível
próximo do HUC e de HP para atender bem quem mais necessita, a norma essencial
dum SNS.
O ideal seria que estas três unidades
estivessem ligadas de maneira que não necessitassem transporte auto – túneis ou
pontes.
O
congestionamento do trânsito na zona – um problema – seria resolvido pela construção
da ligação à circular externa - umas centenas de metros - prevista desde o
início da construção do actual HP. Os terrenos a E e N do HP não parece estarem
utilizados.
Não faz sentido
que o Hospital dos Covões seja uma réplica do HUC nem um seu anexo. Há que
dar-lhe uma função que honre a sua história e beneficie a sua região numa área
de cuidados diferenciados e em expansão de que é necessário provê-la – a
geriartria, p.ex, para o que dispõe de implantação perfeita. Os Covões – que já
foram Sanatório e Hospital Geral, seriam pioneiros nesses cuidados.
Mais, poderia
partilhar as suas amplas instalações com um Centro de Saúde Universitário que
serviria a população adjacente e a formação de alunos de Medicina e de Enfermagem
da Faculdade de Medicina e da Escola Superior de Enfermagem. E de futuros
Médicos de Família.
Este Centro de
Saúde poderia utilizar recursos do Hospital dos Covões – imagiologia e
laboratório.
Eventualmente,
poderia abrir uma Consulta de Urgência e até um “Hospital de Dia” que a população
vizinha muito apreciaria. Também a Colónia Portuguesa do Brasil, que financiara
a construção dum Asilo-Escola para os órfãos da I Grande Guerra, mais tarde
Hospital Sanatório, creio que também concordaria que o “seu” Asilo para
Crianças Órfãs virasse Hospitel para Velhos Doentes.*
Também os
Serviços Sociais poderiam instalar ali também um Lar de Terceira Idade, com
apoio de cuidados de saúde em caso de necessidade.
- A Infanta D. Sancha, as freiras do Convento de Stª
Maria de Celas, o Prof. Bissaya Barreto e o Dr. Santos Bessa - a quem se
deve a construção do antigo “Hospital Pediátrico de Celas” no que fora o
Hospital Sanatório Feminino de Celas (1 Junho de 1932) para mulheres e
crianças – o mais antigo sanatório de Coimbra – e, antes disso, o Asilo para
Cegos e Aleijados e onde, muito antes, tinha sido o Dormitório Novo (Sec
XVII) do Convento de Celas) e todos os que ali cuidaram tantas crianças
doentes, não perdoam a negligência a que o edifício está votado.
Coimbra, 28 de Junho de 2019
H. Carmona da Mota
1 comentário:
Infelizmente bastará passar pelo CHUC para ver como o seu propósito está longe de ser cumprido. De que vale haver todas as especialidades lá se o contacto entre diferentes especialidades é difícil e quase impossível. De que vale haver tecnologia de ponta se espera semanas para ter acesso a ela. De que vale um hospital com tantos recursos humanos se a mobilidade dentro do hospital é exageradamente demorada.
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