sábado, 19 de janeiro de 2019

O alargamento das dimensões científica e pedagógica da formação contínua de professores

Assinado por dois Secretários de Estado da Educação, o Despacho n.º 779/2019, recém publicado, estabelece as prioridades de formação contínua dos professores e esclarece a 
dimensão científica e pedagógica."

Esclarece-se no preâmbulo:
"Assume-se (...) uma ligação estreita entre o desempenho profissional dos docentes e a formação contínua na sua dimensão científica e pedagógica".
Sim, é razoável estabelecer esta ligação: entre a preparação científica e a preparação pedagógica (por esta ordem) que os professores têm e o seu desempenho profissional (ainda que a sua formação não possa ficar reduzida a estas duas dimensões).

Segue-se o reconhecimento de:

"... alguns constrangimentos no sistema implantado, porquanto existem casos em que os docentes lecionam disciplinas não inseridas no seu grupo de recrutamento ou exercem outras funções não diretamente relacionadas com a lecionação e fazem formação com vista a melhorar o seu desempenho no âmbito das disciplinas que lecionam ou das funções que exercem, não relevando essa formação para os 50 % na sua dimensão científica e pedagógica."
O que se segue é, porém, que deveras preocupante, De facto:
nos seus artigo 2.º e 3.º submetem-se as prioridades de formação contínua à política da actual equipa governativa do Ministério da Educação, alargando-se as dimensões científica e pedagógica ao que for considerado de relevo para concretizar a tríade: promoção do sucesso escolar, implementação do novo currículo e do regime jurídico da educação inclusiva (tal como definido nos famosos Decretos-lei n.º 55 e n.º 54 de 2018).

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu sou professor licenciado à antiga portuguesa. No meu curso universitário, ensinaram-me ciências como Física, Química, Matemática ou Psicologia, no pressuposto de que eu as viesse a ensinar muito bem aos meus alunos do secundário. Mas, nesses tempos, não era costume pôr o carro à frente dos bois. Então, era assim: se o aluno fosse minimamente inteligente, e trabalhasse (estudasse), seria devidamente avaliado por mim e pelos professores das restantes disciplinas e aprovado, eventualmente, com distinção e louvor; se, infelizmente, o aluno fosse mentecapto, ou um jovem delinquente preguiçoso nos estudos, seria devidamente avaliado e não aprovado.
Agora, colocarem a promoção "científica" do sucesso escolar, que mais não quer dizer que sucesso escolar universal obrigatório, ao mesmo nível das matérias científicas propriamente ditas, as únicas que justificam a existência da instituição escola, é cometer um crime de lesa educação e cultura!

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