terça-feira, 16 de outubro de 2018

"Aprender para realizar a promessa da educação" - WDR 2018


O Banco Mundial apresenta todos os anos um relatório dedicado a um assunto/problema específico que diga respeito ao mundo. Neste ano o assunto/problema foi a educação.

"Relatório sobre o desenvolvimento no mundo 2018. Aprender para realizar a promessa da educação", é o seu título (versão em inglês aqui, em francês aqui e em espanhol aqui).

Além da Introdução ("Aprender para realizar a promessa da educação", é composto por quatro partes:
I - A promessa da educação;
II - A crise da aprendizagem,
III - Inovações e evidências para a aprendizagem e
IV - Fazer o sistema funcionar no sentido de uma aprendizagem para todos.
Depois de quase 200 páginas em que se desenvolvem estas partes, apresenta, em síntese, três mensagens fundamentais, três dimensões da crise da educação e três medidas para a superar.
Principais mensagens: 
A escolarização não é sinónimo de aprendizagem;
Sem aprendizagem, a escolarização não é só uma oportunidade perdida constitui também uma enorme injustiça;
Os baixos resultados académicos não são inevitáveis em países mais pobres  
Três dimensões da crise de aprendizagem:
O desempenho escolar é fraco;
A dimensão da crise reporta-se às suas causas imediatas;
A crise é sistémica.  
Três medidas para lidar com a crise: 
Tornar a aprendizagem um objectivo sério;
Actuar à luz de evidências para que a escola esteja ao serviço de todos;
Alinhar os diversos interesses para que o sistema, no seu todo, promova a aprendizagem

Imagem obtida aqui, p. 3

Numa leitura não especializada, o título, o sumário e a síntese afiguram-se razoáveis; a informação apresentada só pode conduzir à concordância. Na verdade, as palavras e os argumentos além de apelarem aos melhores princípios, são de tal modo genéricos que não se podem ser verdadeiramente discutidos.

Contudo, se nos detivermos
- na equipa que o realizou e nos seus coordenadores (economistas do Banco Mundial)
- nas entidades e nos agentes envolvidos (muitos dos quais participam noutras instâncias com poder nos sistemas de ensino)
- na extensa bibliografia convocada (a maior parte com ligação directa à economia),
- no vocabulário que está na base do texto (repleto de termos provenientes da economia),
- na orientação das interpretações e recomendações (que incidem numa certa ideia de progresso económico),
percebemos, muito claramente, o sentido de educação que nele está em causa.

Esse sentido é o de tornar a educação favorável à economia mundial, ou seja à produção de "capital humano" (expressão que surge natural e frequentemente no relatório) para servir essa economia num mercado de trabalho global.

Sem comentários:

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...