(foto de António Bagão Félix)
“Em democracia é muito
importante perceber
o peso da comunicação social e saber lidar com ela.”
Marcelo Rebelo de Sousa
(“Público”, 27/10/2018)
Segundo o “Expresso” (10/07/2015), a ADSE “financiava o Orçamento do Estado por os
funcionários públicos estarem a pagar mais 228 milhões do que seria necessário”.
Corriam então os ventos de feição para a ADSE que viraram
repentinamente para um verdadeiro vendaval por as receitas não cobrirem as
despesa como noticiava três anos depois, o “Público” (10/05/2018): “ADSE gastou mais 40 euros por beneficiário
em 2017. A despesa com cuidados de saúde disparam e ameaçam contas do sistema”. Ou seja, passou-se do estado de graça ao estado de desgraça!
Em face disto, ao tentar solucionar o problema com baldes de
água para encher barragens quase vazias por
despesas com novas convenções, por
vezes, para satisfazerem um mercado não carenciado, acciona o Governo o Decreto-Lei
n. 118/83, de 25 de Fevereiro, em banho-maria anos a fio que passou a excluir de cônjuge beneficiário idosos até então
usufruindo dessa condição.
Ainda no âmbito da ADSE, no dia seguinte ao pedido de demissão de Carlos Liberato Baptista, alegando razões pessoais (“Público”,02/05/2018) foi noticiado que “Governo e beneficiários querem esclarecer
eventuais dúvidas sobre a gestão de Liberato Baptista". “Et por cause”, só
três meses depois, é nomeada Sofia Portela, até então antiga vice-presidente da
ADSE para a presidência de uma casa então
bastante desarrumada, possivelmente, com o lixo varrido para debaixo dos
tapetes em dias de visitas de cerimónia dando
oportunidade a que o antigo inquilino a pudesse entregar limpa e a brilhar!
Daí a minha estranheza
de a opinião pública, em defesa da expulsão de idosos, doentes e deficientes familiares cônjuges da ADSE, se manter quase indiferente
a esta problemática porque, segundo António Bagão Félix (“Jornal de Negócios”,
30/11/2012): “O estado social
discute-se porque é a parte do Estado que tem mais a ver com pessoas
velhas , reformadas, desempregadas, estão doentes, estão sós, têm incapacidades,
pessoas que não têm voz, não têm ‘lobbis’,
não abrem telejornais, não têm escritórios de advogados, não têm banqueiros”.
Como escreveu Luís A.R. Branco, “se há um engano corrente na sociedade brasileira é o engano de que a
classe dirigente se preocupa com a opinião pública. Na verdade, não dão a
mínima importância para o que o povo fala, seja nas ruas, nos mídias ou nas
redes sociais”. Como nos alerta o dito popular lusitano, “cá e
lá más fadas há”. Neste caso, cá em
Portugal e lá no Brasil!
Apesar deste “engano corrente”, que pensa o leitor
disto tudo num país em que a liberdade de imprensa nos dá a garantia de que os
escândalos de corrupção ou de simples má
gestão dos dinheiros públicos não se podem ocultar na penumbra de um silêncio
cúmplice? Repito, que pensa o leitor disto tudo?
1 comentário:
Este status quo passa-se num país em que a liberdade de imprensa ainda nos dá o consolo de que actos que atentem contra a dignidade humana, perpetrados pelos poderosos contra os cidadãos mais desprotegidos que “não têm voz, não têm ´lobbies’, não têm escritórios de advogados” (António Bagão Félix, “Jornal de Negócios”, 30/11/2012), não possam ser ocultados na penumbra de um silêncio cúmplice. Mas dar voz aos injustiçados fazendo orelhas moucas ao que eles escrevem é abrir as portas à ditadura!
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