terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Que validade científica tem o "mindfulness"? - 2

Texto na continuação de dois outros: É mais fácil e mais barato responsabilizar o indivíduo e Que validade científica tem o "mindfulness"?

Mão amiga fez-me chegar um artigo de grande interesse publicado em 2014 com o título Meditation Programs for Psychological Stress and Well-being A Systematic Review and Meta­analysis

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Os seus autores (investigadores de departamentos de medicina, de pediatria, de psiquiatria e de politicas e gestão da saúde de universidades americanas conceituadas) começam por dizer o que já sabemos: que muitas pessoas meditam para reduzir o stress psicológico e os problemas de saúde relacionado com o stress.

Mas para aconselhar quem precisa, os clínicos têm de saber, a partir de evidências científicas, quais são os benefícios efectivos dos programas de meditação.

Têm de saber, em concreto, se esses programas melhoram ou não a qualidade de vida, a saúde mental, o humor, a atenção, o sono; se reduzem ou não a ansiedade, a depressão, a angústia, a dor, o peso; se mudam ou não hábitos alimentares e consumos...

Recorrendo à metodologia de meta-análise, começaram por reunir dezenas de trabalhos sobre os efeitos do mindfulness (ou atenção plena) publicados, até novembro de 2012, em revistas que integram bases de dados confiáveis.

Esses trabalhos, na ordem das dezenas, em que se dá conta de intervenções realizadas com milhares de participantes, e que usaram amostras aleatórias com controlo do efeito placebo, foram explorados por dois revisores independentes a partir de quatro aspectos: risco de enviesamento, precisão, sinceridade e consistência.

Muito resumidamente, apuraram que os programas de meditação têm pequenas e moderadas vantagens no tratamento do stress psicológico:
- apresentaram evidência moderada na melhoria da ansiedade e da depressão; e reduzida evidência na melhoria do stress, dor e qualidade de vida;
- apresentaram reduzida evidência na melhoria do humor positivo, da atenção, do uso de substâncias, dos hábitos alimentares, do sono e do peso;
- não apresentaram evidência de que sejam melhores do que tratamentos convencionais (por exemplo, medicamentos, exercícios e terapias comportamentais). 
Os autores, recomendam aos clínicos a importância de terem em conta estes dados. Além disso, reconhecem a necessidade de se realizarem estudos mais amplos a aprofundados para determinar os efeitos dos programas de meditação na melhoria da saúde mental.

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