Ler, pelo menos em parte, aqui. Acrescento este excerto, que nos fala de actuais desafios da ciência:
P- Os cientistas já criaram a ovelha
Dolly e depois macacos. Até onde nos
levará a ciência?
R- Não sabemos até onde a ciência nos
vai levar. Neste momento, a genética
tem potencial para fazer coisas incríveis
que a maioria das pessoas ainda
não se apercebeu e que pode revolucionar
muito as nossas vidas nos próximos
anos. Hoje a ciência e o conhecimento
trazem-nos desafios éticos
e de sociedade, quer seja na questão
da recolha de dados na análise de
grandes quantidades de dados, na inteligência
artificial, quer seja no campo
da genética e da biologia. Há coisas
que já foram feitas, que parecem
ficção científica, como por exemplo,
modificarmos os genes de um ser vivo
adulto. Essas técnicas têm um potencial
de nos permitir, por exemplo,
dentro de alguns anos, um casal querer
ter um filho que corra muito depressa
e introduz-lhe um gene do
Usain Bolt. Isto é legítimo? É ético? A
inovação e a tecnologia sempre trouxeram
desafios ao resto da sociedade.
Na passagem para o século XXI foi finalmente
concluída a sequenciação
do genoma humano e agora estamos
no ponto em que a engenharia
genética pode realmente cumprir as
promessas de décadas. Há questões
de regulação que vão ser sempre
muito difíceis. A União Europeia poderá
ter leis restritivas, mas pessoas
com dinheiro poderão fazer procedimentos
de engenharia genética extravagantes.
Haverá possibilidade de
fazer algum turismo genético. Por
exemplo, a engenharia genética poderá
permitir-nos viver mais. Quem
sabe até não envelhecer. A diferença
entre pessoas supracentenárias e as
que morrem muito mais cedo não está
no estilo de vida, nem nas dietas paleolíticas.
Há pessoas que têm vidas
stressantes, são sobreviventes do holocausto
e acabam por chegar aos 115
anos. Isso está essencialmente nos genes.
Se compreendermos quais são as
variantes dos genes dessas pessoas
que lhes permitem viver tanto tempo
e, por exemplo, modificá-los através
de técnicas de edição genética para serem
iguais aos desses supracentenários,
poderemos então ter o potencial
para chegar aos 120 anos.
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