sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Entrevista a David Marçal no "Jornal de Leiria": será possível chegar aos 120 anos?

Ler, pelo menos em parte, aqui. Acrescento este excerto, que nos fala de actuais desafios da ciência:


P- Os cientistas já criaram a ovelha Dolly e depois macacos. Até onde nos levará a ciência?

R-  Não sabemos até onde a ciência nos vai levar. Neste momento, a genética tem potencial para fazer coisas incríveis que a maioria das pessoas ainda não se apercebeu e que pode revolucionar muito as nossas vidas nos próximos anos. Hoje a ciência e o conhecimento trazem-nos desafios éticos e de sociedade, quer seja na questão da recolha de dados na análise de grandes quantidades de dados, na inteligência artificial, quer seja no campo da genética e da biologia. Há coisas que já foram feitas, que parecem ficção científica, como por exemplo, modificarmos os genes de um ser vivo adulto. Essas técnicas têm um potencial de nos permitir, por exemplo, dentro de alguns anos, um casal querer ter um filho que corra muito depressa e introduz-lhe um gene do Usain Bolt. Isto é legítimo? É ético? A inovação e a tecnologia sempre trouxeram desafios ao resto da sociedade. Na passagem para o século XXI foi finalmente concluída a sequenciação do genoma humano e agora estamos no ponto em que a engenharia genética pode realmente cumprir as promessas de décadas. Há questões de regulação que vão ser sempre muito difíceis. A União Europeia poderá ter leis restritivas, mas pessoas com dinheiro poderão fazer procedimentos de engenharia genética extravagantes. Haverá possibilidade de fazer algum turismo genético. Por exemplo, a engenharia genética poderá permitir-nos viver mais. Quem sabe até não envelhecer. A diferença entre pessoas supracentenárias e as que morrem muito mais cedo não está no estilo de vida, nem nas dietas paleolíticas. Há pessoas que têm vidas stressantes, são sobreviventes do holocausto e acabam por chegar aos 115 anos. Isso está essencialmente nos genes. Se compreendermos quais são as variantes dos genes dessas pessoas que lhes permitem viver tanto tempo e, por exemplo, modificá-los através de técnicas de edição genética para serem iguais aos desses supracentenários, poderemos então ter o potencial para chegar aos 120 anos.

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