domingo, 10 de abril de 2016

A chave de casa

Quando um político português disse que, caso tivesse de fugir da guerra, levaria na (famosa) mochila a chave da sua casa, lembrei-me da subtileza de Amin Maalouf.
“Vais perguntar-me - continuou Khali - porque é que disse às pessoas que ali estavam o contrário da verdade. Sabes, Hassan, todos aqueles homens ainda têm pendurada na parede a chave da sua casa em Granada. Todos os dias a olham e ao olhá-la suspiram e rezam. Todos os dias vêm à sua memória alegrias, hábitos, sobretudo um orgulho que não encontrarão no exílio. A sua única razão de viver é o pensamento de que em breve (…) voltarão a encontrar as suas casas, a cor das suas pedras, os odores dos seus jardins, a água das suas fontes intactos, inalterados, como nos seus pensamentos (…). Talvez seja necessário que alguém lhe diga a verdade um dia. Eu não tenho coragem.” 
Amin Maalouf, Leão, O Africano, p. 152-153.

Sem comentários:

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...