terça-feira, 2 de abril de 2013

Algumas notas sobre o empreendedorismo e o papel das empresas e universidades


Recentemente a Enternships, um portal de acesso a estágios para recém-licenciados no Reino Unido, anunciou uma parceria com a Wayra para oferecer 130 estágios pagos em várias startups espalhadas pelo mundo. Estas startups foram seleccionadas pela Wayra, um dos maiores aceleradores de startups do mundo, suportado pelo gigante espanhol de telecomunicações Telefónica.

Na cerimónia, Simon Devonshire, director do Wayra Europa, afirmou: “Estamos a assistir ao nascimento de uma nova economia - a economia digital - que acredito ser algo mais significativo que a revolução industrial. A parceria com a Wayra e Enternships fornece aos alunos uma oportunidade real de se envolverem pessoalmente nesta revolução e ganhar uma valiosa experiência ao trabalhar com os pioneiros de uma nova era."

Este evento é significativo por várias razões. A telefónica percebeu que se quiser conquistar clientes precisa de adquirir e promover a criatividade e o talento. Nada melhor para o fazer do que apoiando startups, uma vez que dentro da sua estrutura corporativa é muito mais difícil fazê-lo. Por outro lado, isso permite-lhe acesso a novas oportunidades de negócio e conquistar novos clientes.

Além disso, este acordo permite também que as universidades possam mudar a percepção negativa em relação aos empresários e mostrar aos alunos finalistas que existem outras formas de se ser bem sucedido do que trabalhar num banco ou numa grande empresa. As startups são cada vez mais um espaço de inovação geradoras de emprego de elevada qualificação. Trabalhar neste ecosistema pode ser tão sexy como trabalhar em qualquer multinacional.

Parte da solução para o desemprego juvenil é precisamente apoiar e incentivar o empreendedorismo.  O desafio para as universidades é como levar o empreendedorismo para fora das escolas (ou, nalguns casos, como o trazer para dentro de portas) e passar das palavras à acção. Os poucos programas curriculares actuais nesta temática são demasiado teóricos e necessitam de um pouco mais de pragmatismo. Como se constrói uma startup é muito diferente de como se lança uma empresa tradicional. São necessárias competências únicas, tais como fazer um bom pitch e escrever business cases, ou estabelecer roadmap realistas numa abordagem cada vez mais lean. São competências que devem ser ensinadas não apenas a alunos de MBA, mas incorporadas noutros curricula para estudantes de engenharia ou ciências.

É preciso desmistificar o estereótipo do empresário e identificar e apoiar grupos de apoio ao empreendedorismo. Actualmente a maior parte da educação para o empreendedorismo é extra-curricular. Porém, ela deveria ser incorporada activamente nos curricula.

A incorporação da cultura startup dentro dos curricula iria facilitar as parcerias como esta entre a Wayra e a Enternships e tornar uma prática comum a compensação dos jovens pelos seus estágios. Isto, ao invés do que acontece actualmente, onde eles são usados de forma abusiva pelas empresas para terem acesso a trabalho gratuito em troca da vã promessa de integração na empresa e de alguma experiência.

2 comentários:

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Cultura startup é conceito?!

Direcção do concurso disse...

Bom artigo! E a propósito aqui fica mais uma iniciativa extra-curricular, promovida pela representação da comissão europeia em portugal: http://www.ideiasquemarcam.org

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