Nem na morte nos deixam sossegar
os que se agitam no palco da vida;
pretende-se, diz-se, homenagear
os que já se encontram de partida.
O morto torna-se apenas pretexto
para chocalhos, trombetas e buzinas
e, até mesmo, para um hipertexto,
que se preste a afagá-lo em surdina.
Tudo que o morto quer é que o deixem
ficar muito morto e sossegado,
sendo, pois, desejável que afrouxemo banzé que o aflige, já calado!
Morrer é não desejar mais conversa,
agora que a vida ficou submersa.
Eugénio Lisboa
sexta-feira, 22 de setembro de 2023
REQUIESCAT IN PACE
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