domingo, 13 de fevereiro de 2022

DOIS PENSAMENTOS SOBRE TOLERÂNCIA E TIRANIA

 

Novo texto de Eugénio Lisboa:

 

Não devemos aceitar sem qualificação o princípio de tolerar os intolerantes, caso contrário, corremos o risco de destruição de nós próprios e da própria tolerância.

Karl Popper

 

Um déspota aceita facilmente que os seus súbditos o não amem, desde que se não amem uns aos outros.

Alexis de Tocqueville

 

Vale a pena ter sempre em mente estes dois pensamentos. O de Popper, talvez o maior estudioso da democracia, desde Platão, põe-nos de sobreaviso contra os “apaziguadores”, que permitiram que Hitler ascendesse ao poder absoluto, na Alemanha, não por via de um golpe de Estado, mas sim pela tolerância não qualificada, que sempre abre as portas aos tiranos. A mesma estafada conversa do artigo de António Barreto, no Público de sábado. 

Não quero nem nunca serei “tolerante” com o CHEGA, porque ele quer silenciar e destruir pessoas como eu e eu não estou disposto a consenti-lo. Se a democracia tem de ser ligeiramente imperfeita, para travar a ascensão do CHEGA, SO BE IT! Se a República de Weimar, depois de ter metido Hitler na cadeia, o tivesse deixado lá ficar, ter-se-ia evitado a morte de muitas dezenas de milhões de homens e mulheres e, também, a vergonha do Holocausto: eterna nódoa no percurso do ser humano por este planeta. Quando a tolerância tolera a intolerância, suicida-se. O artigo de António Barreto é um convite ao suicídio da democracia e da tolerância de viver.

Eugénio Lisboa


2 comentários:

Ildefonso Dias disse...

Parece-me que o Sr. António Barreto, sabe mais sobre o CHEGA que o Sr. Eugénio Lisboa, porque ele compreende que o CHEGA, a sua ideologia, o seu liberalismo, é hoje indispensável ao capitalismo. Saberá certamente que é a alta finança quem patrocina esse partido.

É pois muito natural que, António Barreto, surgindo como um defensor do liberalismo, seja tolerante com o CHEGA e veja ai perspectivas de bons negócios para a ideologia que defende. (A Zita Seabra, tal como António Barreto, também passou a adorar e a defender esses negócios capitalistas/liberais).

Eugénio Lisboa, com outros valores que são mais sólidos, não quer saber desses bons negócios que servem fins inteiramente capitalistas. Tudo isso parece agora surgir-lhe como uma coisa mais ou menos paradoxal,à qual vem chamar tolerância de uns.

Eugénio Lisboa disse...

Com o devido respeito, o Sr. Ildefonso Dias é que não percebeu nada sobre o que o CHEGA quer. Aquilo é muito mais perigoso do que o Senhor pensa. Se quer apontar a sua artilharia contra os perigos do neoliberalismo, aponte-os para a Iniciativa Liberal e terá excelentes razões para isso. Nesse sector, neoliberalismo, o perigo vem da IL e não do CHEGA. No CHEGA, aninham-se serpentes bem mais perigosas, que têm que ver com a própria vida humana. O Sr. Ildefonso Dias vive tão exclusivamente obcecado com a economia, que não vê outros perigos bem mais mortíferos. Mas, mesmo tratando-se de não gostar do neoliberalismo (eu detesto-o), não está a ver o perigo onde ele realmente se anicha: na Iniciativa liberal, que quer privatizar tudo, com o Estado a pagar tudo quanto seja necessário para maior glória do privado. Se há católicos, na IL, provavelmente quererão privatizar Deus! Convém dirigir os canhões certos para os sítios certos e não errar a pontaria. Nisto, desculpe, quem é cego não sou eu. Até porque não estou, nunca estive nem quero estar amarrado a nenhuma ideologia.
Um pequeno exemplo, para ver se me faço perceber: eu abomino Hitler e não gosto mesmo nada de Reagan, mas se não tivesse outra escolha, esta seria para mim fácil, mesmo que não satisfatória.
Eugénio Lisboa

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