A imposição, rápida e certeira, de uma sedutora "narrativa" da educação escolar da qual decorre um modelo "pedagógico" não menos sedutor, tem consequências evidentes a diversos níveis: na reformulação do currículo, na organização do ensino, no direccionamento da aprendizagem, na reflexão a que os professores podem e devem submeter a sua acção profissional.
No respeitante a este último aspecto, tais narrativa e modelo imprimem um só sentido à reflexão, aquele que é estabelecido pelas entidades que os conceberam e impõem. Restringem-se as possibilidades de ponderação da acção e, em consequência, de tratamento do erro.
Sobre o assunto, escrevi um texto para o Portal dos Jesuítas (ver aqui).
2 comentários:
Tempos houve, na escola antiga, do século XX, onde se aprendia a "ler, escrever e contar", em que era reprovável um aluno dar muitos erros ortográficos na escrita de um pequeno texto que o professor ditava. Hoje, com a infalível escola inclusiva e altamente flexível, a possibilidade remota de alguém cometer erros está completamente do lado do professorado, seja ele infantil, básico, ou secundário, pois que, no seu conjunto plural, cometeram o pecado original de terem deixado que os agrupassem numa carreira única. Assim o múnus dos profissionais da educação, engendrado por organizações internacionais do "tipo OCDE", acolitadas, em Portugal, por teóricos do eduquês, já não tem por base o saber e a ação dinâmica do ensino/ aprendizagem, sendo substituídos, no que se comete um erro palmar, pela obediência cega aos ditames da "nova pedagogia", construída a partir de domínios e sub-domínios que se encaixam em grelhas do tamanho de lençóis para cama de casal, como forma de garantir o sucesso escolar fácil e absoluto para todos, principalmente para os que mais precisarem, que, nos nossos dias, são os filhos dos numerosos jornaleiros do campo e dos inumeráveis operários fabris das cidades!
Caro Leitor
O erro a que aqui me refiro é ao erro profissional, no caso, do professor. Tudo o que refere e que bem conheço está certo ou errado? E um professor que cumpre o que o sistema impõe, erra ou tem um desempenho correcto? A pergunta pode ser feita ao contrário: um professor que decide não cumprir o que o sistema impõe, erra ou tem um desempenho correcto?
Cordialmente,
MHDamião
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