Segunda parte do meu anterior artigo de opinião, com o mesmo título (16/04/2019), publicado hoje no "Diário as Beiras":
"Em 17 de Julho de 2002, noticiavam os jornais a conferência de
imprensa dada pelo Sindicato Nacional dos Professores Licenciados (SNPL) para a
criação de uma Ordem dos Professores (OP). Anos depois (20.Junho.96) é entregue
na Assembleia da República uma pequena brochura contendo uma Proposta de Estatutos da Ordem dos Professores.
Em 25 de Fevereiro de 2004, apresenta a supracitada organização sindical, também
aí, uma petição com 7857 assinaturas para a criação da OP, Finalmente, em 2 de
Dezembro do ano passado, foi debatida na Assembleia da República a petição n.º
74/IX (2.ª) do SNPL.” Foi ela votada, pelos quatros partidos com assento na
Assembleia da República, CDS, PSD, P.S.,
PCP , tendo apenas votado favoravelmente o primeiro”.
Tem a actual direcção da Ordem dos Enfermeiros sido intérprete da
confusão entre as funções dos sindicatos e das ordens profissionais, apesar da
doutrina defendida, com argumentação bem estruturada pelo, ao tempo, bastonário
da Ordem dos Enfermeiros, Germano de Sousa, num seu artigo de opinião, “Ordens
versus sindicatos”, de que transcrevo este elucidativo naco de prosa:
“Mas o que é da missão dos sindicatos deve ficar com os
sindicatos. O que é missão de uma ordem profissional deve ocupar toda a sua
energia. Confundir áreas e acolher ingerências acaba por descredibilizar as
instituições, desvalorizar a intervenção na comunidade e ser um sinal de falta
de inteligência social” (“Diário de Notícias”, 26/07/2014).
Anos volvidos, Rute Lima, professora do ensino politécnico, no
Instituto Superior de Educação e
Ciências de Lisboa, reforça em artigo de opinião (“Público”, 08/022019):
“Grave é abusar do estatuto da sua organização para fazer guerrilhas
corporativas contrariando todas a mais elementares regras democráticas de
manifestação, repito, próprias de uma força sindical, e nunca de uma actividade
reguladora”.
A promiscuidade entre politica, ordens profissionais e sindicalismo
encontra expressão muito significativa na enfermeira Ana Rita Cavaco (foi
presidente da JSD de Almada, é bastonária da Ordem dos Enfermeiros e presença
constante em manifestações sindicais dos
enfermeiros) onde é filmada e fotografada vezes sem conta. Aliás, sem necessidade de protagonismo por já ter
participado no programa da manhã da SIC de Cristina Ferreira, passaporte para
ser tida como uma das colunáveis portuguesas!
A sua última aparição deu-se na “Manifestação Branca”, para a
qual a Ordem dos Enfermeiros disponibilizou quatro autocarros para deslocação
dos participantes (DN, 08/03/2019), sob
a alegação de Ana Rita Cavaco de que “é para isto que se pagam quotas”.
Bem pode ela, portanto, como diria Eça, “hesitar, tataranhar,
embaralhar, e fazer um pastel confuso que nem o Diabo lhe pega, ele que pega em
tudo”, jurando, sem qualquer credibilidade, não estar a exagerar nas suas competências.
Em tradição ancestral, têm os enfermeiros dado uma dádiva preciosa ao
próximo em sofrimento que os enobrece merecendo, como tal, que as suas
manifestações sindicais não sejam terreno invadido pela Ordem dos Enfermeiros. Ou
seja, em tradução do brocado em epígrafe, “a cada um o seu"!
1 comentário:
Segundo Ana Rita Cavaco na sua última aparição na “Manifestação Branca”, a Ordem dos Enfermeiros disponibilizou quatro autocarros para deslocação dos participantes (DN, 08/03/2019), sob a alegação de que “é para isto que se pagam quotas”. Ou seja, segundo ela a Ordem dos Enfermeiros tem , para além de funções cometidas por lei , como missão pagar a despesa de autocarros para as manifestações sindicais! Apela-se ao "soberaníssimo bom senso", defendido por Antero de Quental, porque "noblesse oblige": a nobreza da eleição para o dirigismo das ordens profissionais!
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