sexta-feira, 6 de abril de 2018

Consolidação da política educativa vigente

Na sequência das alterações curriculares em curso, em comunicado do Conselho de Ministros de ontem, 5 de abril de 2018, dá-se conta do seguinte:
1. Foi hoje aprovado, na generalidade, o Decreto-Lei que define os princípios de organização do currículo dos Ensinos Básico e Secundário, que será agora colocado em consulta pública. 
Este diploma representa mais um passo na concretização de uma política educativa que garanta a igualdade de oportunidades, promovendo o sucesso educativo. 
Nesse sentido, este decreto-lei vem conferir autonomia curricular às escolas, reforçando a flexibilidade dos currículos, de modo a que sejam aprofundadas e enriquecidas as aprendizagens essenciais. As principais alterações contidas neste diploma são:
- Adapta-se o currículo ao Perfil dos Alunos à saída da escolaridade obrigatória, como finalidade dos 12 anos de escolaridade;
- Generaliza-se a Autonomia e Flexibilidade Curricular, conferindo às escolas a possibilidade de gerir até 25% do tempo disponível, de forma não impositiva, adequando tempos, espaços e metodologias aos seus projetos curriculares;
- Eliminam-se instrumentos de dualização precoce, extinguindo-se os cursos vocacionais do ensino básico;
- Introduz-se no currículo a área de Cidadania e Desenvolvimento;
- Introduz-se flexibilidade no Ensino Secundário, dando aos alunos dos diferentes cursos e vias a possibilidade de permutar disciplinas;
- Eliminam-se os requisitos discriminatórios no acesso ao Ensino Superior dos alunos do Ensino Profissional e do Ensino Artístico especializado.

8 comentários:

Rui Baptista disse...

Para promover o sucesso educativo só falta proibir os "chumbos". Mas lá chegaremos para fins estatístico, a exemplo da certa engenharia financeira que não paga a quem deve para manipular os dados de uma Economia digna de grande louvor.

Se o leitor, por exemplo, deixasse de pagar as suas dívidas chegaria ao fim do ano com uma conta bancária choruda, Que me desculpem os economistas de eu meter foice em seara alheia!

Aliás não virá grande mal ao mundo nisso se atentarmos na seguinte (e jocosa!) sentença (que li algures): economista é o indivíduo que anda metade do tempo a dizer o que vai acontecer e outra a dizer porque não aconteceu"!

Anónimo disse...

Não quero acreditar!
Infelizmente, sou professor (formador) do ensino profissional.
Passo a citar:
"- Eliminam-se os requisitos discriminatórios no acesso ao Ensino Superior dos alunos do Ensino Profissional e do Ensino Artístico especializado." Fim de citação.

É FARTAR, VILANAGEM!

Helena Serrão disse...

o sucesso educativo está a infiltrar-se como um pequeno e eficaz vírus, muitos julgam que esse afã é responsabilidade do professor.

Carlos Ricardo Soares disse...

Sou professor e reconheço que a minha profissão é difícil, exigente e muito complexa. A maior parte dos professores, podendo, prefere ter funções burocráticas, administrativas ou diretivas.
Ironicamente, estas funções são mais valorizadas e, muitas vezes, quem não dá aulas e já não se lembra de como isso é, é quem está investido da "autoridade" para dizer e palpitar e avaliar, etc...
Na realidade, o sistema parece pensado ao contrário. Não faz sentido que um diretor não tenha pelo menos uma turma para lecionar, de preferência, a mais problemática. Não faz sentido que os professores com avaliação de muito bom e excelente não tenham pelo menos uma turma das mais problemáticas. Há demasiadas coisas que não fazem sentido, quando o mais importante é dar aulas e ensinar os alunos, ou, não menos importante, propiciar que eles aprendam e evidenciem e sejam devidamente avaliados (quanto à classificação, sou contra).
Agora, o professor não pode ignorar um conjunto de dificuldades e de realidades que não são meramente imputáveis aos alunos, em geral, como se todos fossem uns incapazes, ou destituídos. Os professores devem saber que ensinar é um processo paciente, que há aspetos de comunicação, disciplinares e de educação, de papéis, muito melindrosos que, não raro, dominam o tempo e o espaço das aulas e da escola e que há todo o tipo de alunos, à espera do professor perfeito que, normalmente, é definido por alguém que não é professor ou, até, que já foi professor mas deixou de o ser logo que pôde...

Anónimo disse...

Sejamos rigorosos, doutora Helena, o que se está a infiltrar é a mentira insidiosa que equipara, para efeitos de concurso ao ensino superior, um formando transviado do ensino profissional, a uma pessoa normal do científico-humanístico que, apesar de tudo, ainda tem uma vaga noção do que é uma escola, pois consegue soletrar, ainda que com alguma dificuldade, uma notícia inteira sobre as patacoadas do doutor Bruno de Carvalho, em formato digital!
O sucesso educativo de que Portugal precisa para pôr o nosso país a andar para a frente está muito longe da caricatura que o ministério da educação propõe. Por exemplo, os nossos antípodas neo-zelandeses e australianos, mesmo de cabeça para baixo, souberam construir um sistema educativo que pede meças aos sistemas mais avançados do mundo. Infelizmente, em termos de avanços mundiais, Portugal pouco mais tem para apresentar do que o Santuário de Nossa Senhora de Fátima e a Constituição de Abril, com muitos direitos, amplas liberdades e garantias, mas sem cacau!

Anónimo disse...

Posso concluir que o Professor Carlos Soares depois da avaliação final que faz de um aluno, no sentido de que, na sua ótica, ele aprendeu muito, aprendeu alguma coisa, ou não aprendeu nada, não concorda em classificá-lo com um vinte, um quinze ou um sete?
Para mim, que também sou professor, não há problema nenhum em atribuir vinte a todos os alunos de uma turma, se os alunos forem todos muito bons, ou um cinco ou um seis, se forem todos muito maus.
Quando o professor perder esta prerrogativa de classificar os seus alunos, livre de constrangimentos e pressões, o que na realidade já perdeu, resta-lhe recorrer à diversificação das estratégias de ensino/ aprendizagem, acabando por avaliar, fraudulentamente, com muito bom todos os seus alunos, fazendo assim a vontade ao ministério e à sociedade!

Carlos Ricardo Soares disse...

Sou contra a classificação, mas classifico. Sou contra imensas coisas e cumpro e sofro, porque não sou legislador.
Aliás, tenho a perceção de que as pessoas não vêem problema na classificação e que a vêem como bom princípio da escola e da sociedade.
Há muita gente que classifica, à nascença e muita gente que, até antes de nascer, já está classificada.
E há o preconceito "científico?" dos alunos inteligentes e dos alunos burros.
"Psicotecnicamente", um aluno nem precisaria de estudar e evidenciar conhecimento, competências, saberes, para ser classificado.
O professor deve estar sensibilizado para a avaliação do mérito e, se justificado for, atribuir a medalha de ouro ao que chega à meta em último lugar.

Anónimo disse...

Salta aos olhos que temos aqui duas visões irreconciliáveis de escola e sociedade. Para mim, é evidente que um gato é um gato e um cão é um cão, assim como a beleza da mulher é superior à do homem. A igualdade na escola e na sociedade não pode ir além da igualdade de oportunidades. Se a função da escola for apenas dar atenção às pessoas menos dotadas para os estudos, desprezando a inteligência dos mais dotados e nada ensinando quer a uns quer a outros, então o nosso futuro coletivo só poderá ser mais triste do que o passado!

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