Ontem foi lançado o livro antológico dos cartoons de Luís Afonso publicados pelo Público ao longo de 25 anos e agora reunidos em volume pela Arranha Céus de João Paulo Cotrim, Escolhi alguns desses cartoons e escrevi um pequeno texto introdutório:
Ao balcão do bar é feita uma radiografia de Portugal e dos
Portugueses. E essa radiografia é permanente e inacabada, faz-se dia a dia,
basta ir ao Bartoon. Temos um óbvio problema com o desenvolvimento (o desenvolvimento é
para nós uma espécie de D. Sebastião, já houve e pode ser que um dia volte
a haver). País pequeno mas desigual, com cidades onde cabe o país todo (o Porto é uma nação? não: é um planeta!). Temos,
sempre tivemos, problemas com a passagem do tempo (ver Camões e os erros ou esperança média de vida. Não temos petróleo, mas temos a esperança que apareça (talvez
haja no Beato, procurem bem). Temos dificuldade em debater (por exemplo, discussão do aborto ou
o mordaça nos funcionários), o que seria uma boa maneira de nos pormos de acordo sobre o futuro. E
somos um país de aparições surpreendentes (não admira que
apareçam muitos contrutores).
Luís Afonso é um observador arguto de Portugal. Cada um dos seus
cartunes é um verdadeiro artigo de opinião. E, se as suas opiniões valessem, Portugal estaria muito melhor. O
cartunismo afonsino é um caminho, a rir, para o desenvolvimento.
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