domingo, 22 de abril de 2018

UMA REFLEXÃO SOBRE O MODERNISMO NA PINTURA, AO ALCANCE DE TODOS.

(Impression, soleil levant), 1872, Claude Monet.
O Modernismo foi um importante movimento cultural e artístico surgido no 3.º quartel do século XIX e bem afirmado na primeira metade do século XX, com conhecidas expressões na literatura, pintura, escultura, arquitectura, teatro, dança e música. Grandemente influenciado ou apoiado nas ideias filosóficas a circularem na Europa (Auguste Comte, John Stuart Mill, Friedrich Nietzsche e outros), nos múltiplos e admiráveis progressos científicos (lembremos as contribuições de William Kelvin, Alfred Nobel, Niels Bohr, Pierre e Marie Curie, Henri Becquerel, Rutherford Hays, Max Planck, Albert Einstein e muitos outros) e tecnológicos de então, o Modernismo ou Movimento Modernista surgiu como uma atitude intelectual de rompimento com a tradição e, ao mesmo tempo, de abertura a uma nova relação do homem com o mundo. Dito de outra maneira, o Modernismo, não só recusa os padrões antigos, como busca ideias na Revolução Industrial e da Fábrica, como nos notáveis avanços da ciência e da tecnologia, nomeadamente, a máquina a vapor, o comboio, o automóvel, o avião, a fotografia e o cinema.

No que se refere à pintura, os artistas acompanharam esta revolução na sociedade, criando novas respostas plásticas definindo movimentos mais restritos, geralmente referidos por estilos ou escolas. De entre eles, os historiadores e críticos de Arte, falam de Realismo, Impressionismo, Fauvismo, Futurismo, Cubismo, Neoplasticismo, Simbolismo, Expressionismo, Suprematismo, Dadaísmo, Surrealismo, Raionismo, Construtivismo. Nomes que os historiadores, críticos de Arte e outros eruditos “tratam por tu”, que “assustam” os muitos que nada sabem deste domínio da criatividade humana (e a Escola nada nos ensinou nestas matérias), mas que podem ser perfeitamente explicados por palavras que todos entendem.

Não é raro encontrar aspectos comuns entre alguns destes estilos ou escolas, havendo, porém, diferenças que os caracterizam e, até mesmo, os mostram como antagónicos.

O movimento modernista assentou na afirmação de que as formas tradicionais de vida do dia-a-dia das gentes estavam ultrapassadas e que, assim, havia que abandoná-las e substitui-las por outras entendidas como novas. Os modernistas propunham uma nova cultura, reexaminando todas as vertentes da vida em sociedade, do comércio à filosofia e à política, no caminho do progresso, numa convicção de o que era novo era, também, bom e belo, duas apreciações subjectivas, propícias à sempre salutar discussão. O Modernismo foi uma luta contra o passadismo, apontado como sério obstáculo à livre criação dos artistas, dirigida contra os padrões académicos das escolas de então e em luta pela abertura de novos horizontes.

A recusa à tradição que transparece no Impressionismo (o termo radica no nome do quadro a óleo “ Impression, soleil levant”, de Claude Monet, Paris,1872), faz deste estilo de pintura um dos primeiros movimentos ou escolas a incluir no âmbito do Modernismo. De início mais interessados no trabalho feito ao ar livre, do que no realizado nos “ateliers”, os impressionistas pioneiros defendiam que o que era dominante na nossa percepção dos objectos era a luz que reflectiam.

Impressionistas, com destaque para Pierre-August Renoir, Paul Cézanne, Edgar Degas, Paul Gauguin, Vincent Van Gogh desinteressados das temáticas nobres ou o retrato fiel da realidade, afastaram-se do Realismo e do Academismo, pondo nas suas pinturas a obra em si mesma. Executavam-nas de preferência ao ar livre, procurando transportar para a tela as variações de cores que observavam na natureza.

O Modernismo em Portugal situa-se já em pleno século XX, na transição da Monarquia para a República, prosseguindo durante a ditadura do Estado Novo até, praticamente, o fim deste sufoco político. Almada Negreiros, Amadeu de Souza Cardoso, Maria Helena Vieira da Silva, Júlio Resende e muitos outros encabeçam este movimento. Entre nós o Modernismo ficou marcado por doses maiores ou menores de anarquismo, nacionalismo conservador de extrema direita e neorrealismos de esquerda.

A. Galopim de Carvalho

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