Declarações que fiz ao Público para um artigo da jornalista Andrea Cunha Freitas que saiu hoje sobre a visão animal:
Paleontólogos,
geneticistas, biólogos, químicos
e físicos trabalham hoje em conjunto para esclarecer os
mistérios que
permanecem acerca da origem da fantástica capacidade de os
animais verem o
mundo colorido. Apesar de restar ainda muito por esclarecer,
todos os avanços
têm corroborado a teoria de Darwin, segunda a qual, após a
diferenciação que
define uma nova espécie, o que acontece por acaso (mutação ou
modificação
ocasional do ADN), é crucial a adaptação ao meio ambiente. Os
genes codificam
os receptores de luz que podem ser cones e bastonetes. Os
seres humanos, tal
como a generalidade dos primatas, têm três tipos de cones, os
receptores de luz
colorida (vermelho, azul, verde), e um tipo de bastonetes, os
receptores de luz
mais sensíveis dispostos principalmente na periferia na retina
que possibilitam
alguma visão nocturna. Os bastonetes só são respondem à luz de
uma cor verde-azulada:
por isso é que se diz que “de noite todos os gatos são pardos”
Sabe-se que mamíferos
muito antigos, antepassados
remotos dos primatas, tinham
quatro tipos de cones, mas, a certa altura, no tempo dos
dinossauros (há mais
de 66 milhões de anos, quando eles se extinguiram), eles
perderam, por mutação,
uma boa parte da visão da cor, ao ficarem só com dois cones.
Os primatas readquiriram
muito depois capacidade de ver a cor, graças a um fenómeno, de
novo ocasional,
chamado duplicação de genes.
Sabe-se, contudo, menos
sobre a história
evolutiva dos bastonetes. O trabalho agora publicado apoia a
ideia de que os pequenos
mamíferos que viveram no tempo dos dinossauros tinham vida
nocturna, para
evitarem serem comidos pelos grandes répteis. A sua visão no
escuro, essencial
ao seu modo de vida, foi melhorada através da multiplicação de
bastonetes, a
partir de cones azuis, por meio de um mecanismo biomolecular
agora proposto. Hoje
possuímos ainda os bastonetes em grande número (eles são muito
mais numerosos
que os cones), apesar de a nossa visão nocturna não ser
essencial para a nossa
sobrevivência, como uma marca desses tempos primitivos. Uma vez que o nosso genoma
– o conjunto de
todos os genes - resulta
de genomas antigos,
temos vestígios de espécies animais extintas dentro de nós.
Quer dizer,
transportamos connosco a nossa história evolutiva.
4 comentários:
"a diferenciação que define uma nova espécie, o que acontece por acaso" - isto é ao que eu chamo de uma afirmação científica! Quando a ciência não sabe, é melhor admitir que desconhece, senão temos o discurso da fantasia. A ciência só está capacitada para entender os fenómenos regulares e previsíveis, por isso fica bem a humildade Às afirmações científicas e aos cientistas.
É isto e o 'big bang'!!!
« Carlos Fiolhais fala de “diferenciação que define uma nova espécie” (...) O pensamento mágico da Idade Média voltou a estar na moda. »
« Ateísmo - É a crença segundo a qual existia nada, e que nada aconteceu a nada, e então o nada explodiu magicamente por nenhuma razão e criando tudo, e depois tudo se arranjou magicamente, por nenhuma razão, em bits auto-replicadores que se transformaram nos dinossauros. Perfeitamente racional.»
http://algolminima.blogspot.pt/2016/06/a-historia-da-carochinha-do-carlos.html
Adoro estas infindáveis discussões sobre o nada.
Ateísmo - Perceção da vacuidade da condição humana. Aceitação plena da morte. A explicação da vida como um dos segmentos do nada. Conformismo racional e biológico: nasci assim, sou o que sou, faço por melhorar, não chateiem que eu não chateio, morrerei. Porque a vida é uma enfermidade indeterminada, a tempo inteiro. Não vale a pena aborrecer quem está doente.
O Anónimo tem razão. O zero é a pedra angular da matemática e o branco é todas as cores. O ateísmo acredita no zero e no branco.
O teísmo não sei no que acredita.
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