sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

UM PAÍS POBRETE MAS ALEGRETE

“Há épocas de tal corrupção, que, durante elas, 
talvez só o excesso do fanatismo possa, 
no meio da imoralidade triunfante,
servir de escudo à nobreza e à dignidade
das almas rijamente temperadas” 
(Alexandre Herculano).

Não sendo politólogo ou sociólogo não me atrevo à complexa análise sobre as maiores percentagens obtidas pelos candidatos, na passada eleição para a Presidência da República e seu vencedor. Atenho-me, portanto, apenas, aos resultados obtidos por Vitalino Silva ( mais conhecido por “Tino de Rans”) e por Paulo de Morais, respectivamente, 3,3% e 2,1%.

Com este inesperado resultado eleitoral, Vitalino Silva colocou Rans, pequena freguesia portuguesa do Concelho de Penafiel, no mapa-múndi. Mal conhecidos os resultados das eleições, em momento de glória, com a falsa modéstia que o caracterizou durante toda a campanha ao “serviço do povo” (como ele se fartou de frisar!), apressou-se a telefonar ao candidato mais votado, Marcelo Rebelo de Sousa (52%), “para lhe oferecer as suas ideias, pondo-as ao seu dispor” (sic.)!

E como “parar é morrer”, não deixando os seus créditos por mãos alheias, anuncia, agora, a sua intenção em não descansar enquanto não for modificada a lei que lhe não lhe permite concorrer para as próximas eleições para deputado da Assembleia da República como independente.

Detenho-me, agora, em Paulo de Morais que Vasco Pulido Valente, ao traçar o perfil dos candidatos à Presidência da República, referindo-se a ele numa das suas habituais e, por vezes, corrosivas crónicas, escreveu : “Paulo de Morais quer varrer a corrupção da política portuguesa vamos conversar sobre isso em 3016” (PÚBLICO, 22/10/2016).

Ou seja, o resultado destas eleições, aquilo que uns tantos tiveram como “excesso de fanatismo” de Paulo de Morais, não chegou para abanar uma declarada corrupção que destrói, com o seu pesado camartelo, os frágeis caboucos do edifício da nossa jovem democracia com menos de meio século de vida. Mas este statu quo não é, apenas, de hoje.

Na edição de Setembro de 2005 na Revista Finance & Development, editada pelo Fundo Monetário Internacional, escrevia Daniel Kaufmann: “Portugal poderia estar ao nível da Finlândia, se melhorasse a sua posição no ranking de controlo da corrupção”! Moral da história!

Uma campanha folclórica, com canções passada nas ondas hertzianas, alusivas à campanha de Vitorino Silva, deu 1,2 % mais de votos que o combate sem tréguas à corrupção.

Corrupção, tomando de empréstimo um verso pessoano, “cadáver adiado que procria”!

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