No seu movimento de translação ao
redor do Sol, o nosso planeta atravessa ao longo de todo o ano várias regiões
do espaço polvilhadas com poeiras deixadas pela passagem de cometas.
Em Agosto, a Terra atravessa o rasto
de poeiras deixadas pela passagem do cometa 109P/Swift-Tuttle.
Este encontro provoca a entrada na atmosfera terrestre dessas poeiras (do
tamanho de grãos de areia) que, devido à fricção, se incendeiam originando um
rasto luminoso visível à noite. Comummente designa-se este evento astronómico
por “chuva de estrelas”.
A chuva de estrelas deste mês surge
mais intensamente no céu a partir da constelação de Perseu. Daí o seu nome de
chuva de estrelas das Perseidas, apesar de também ser conhecida por Lágrimas deSão Lourenço. A noite em que atinge o seu máximo é a de 12 para 13 de Agosto.
A chuva de estrelas das Perseidas é
uma das maiores do ano, chegando a alcançar cerca de 100 rastos luminosos por
hora em céus escuros. Este ano, infelizmente para a observação, a Lua estará
Cheia, o que afectará a visualização do espectáculo nocturno. De facto, com a Lua cheia a
iluminar o céu, certamente que o número de traços luminosos visíveis será
inferior ao esperado.
De qualquer maneira, quem
arriscar certamente conseguirá ver algumas dezenas a cruzar o céu. O pico de
atividade está previsto entre as 20:00 do dia 12 e as 9:00 do dia 13, com maior
probabilidade de ocorrer próximo da meia-noite. O radiante das Perseidas (ou
seja o ponto de onde parecem provir na abóbada celeste), surgirá acima do
horizonte a Nordeste.
Créditos: Ricardo Cardoso Reis / Stelarium
Acrescente-se que estas poeiras,
reminiscentes da passagem do cometa 109P/Swift-Tuttle, como já se disse, entram na
atmosfera com uma velocidade entre 59 km/s e 72 km/s e a maior parte
desintegra-se a uma altitude de 100 km.
Diga-se que o cometa 109P/Swift-Tuttle foi
descoberto a 19 de Julho de 1862 por Lewis Swift e Horace Parnell Tuttle, e tem
um diâmetro de 9,7 km. É um cometa periódico, regressando às proximidades do
Sol em cada 135 anos. A sua última aproximação teve lugar em 1992, ano em que a
chuva de estrelas das Perseidas foi espectacular, com mais de 300 rastos
luminosos por hora, devido à maior densidade de poeiras deixadas então
recentemente pelo cometa.
Assim, planeie uma observação
astronómica para a noite da próxima terça-feira e desfrute da provavelmente maior
chuva de estrelas do ano. Para isso, escolha um local que seja o mais escuro
possível, longe da cidade. Não precisa de usar telescópios nem binóculos, pois
bastam os nossos olhos para observar a chuva de estrelas. Não olhe para a
direcção da Lua Cheia, mas sim para as regiões a nordeste mais escuras do céu.
Observe sem relaxadamente, sem pressas e o mais cómodo, se possível deitado no
chão. Boas observações.
António Piedade
1 comentário:
Obrigada pela informação. A expressão "Lágrimas de S. Lourenço" é tão bonita! tenho de investigar quem foi tal santo que chorava incêndios de poeiras cósmicas; só mesmo um santo consegue chorar uma chuva de estrelas.
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