terça-feira, 5 de agosto de 2014

Passatempo de Verão FCT

Chegou-nos do nosso correspondente no estrangeiro, arguto analisador da "avaliação" da ciência portuguesa, este "Passatempo de Verão FCT", que temos o maior gosto em divulgar:

Tendo em conta que a maior parte dos investigadores estará de férias, e se calhar só 50% estão preocupados com a avaliação (deixamos à vossa escolha se são os 50% que passaram à segunda fase ou os que não passaram; a resposta depende se os primeiros já tomaram consciência do que os espera no final de Dezembro), aqui fica hoje um pequeno passatempo.

A ideia é descobrir quantos erros é que há na justificação apresentada pela FCT reproduzida aqui a partir de uma notícia do jornal “Público” de 18 de Julho:

«Esta sexta-feira, após a divulgação dos contratos, o PÚBLICO questionou novamente a FCT sobre a definição prévia de uma quota de sucesso. A fundação, através da sua porta-voz Ana Godinho, justifica que aquele valor dos 163 centros era apenas “uma estimativa” feita com base na avaliação de 2007: “[Nessa altura] cerca de 50% das unidades teve Mau, Razoável ou Bom.”»

Esta justificação, apresentada pela primeira vez pela referida porta-voz da FCT, tem sido depois repetida pela direcção da FCT para justificar a não existência de quotas.

mostrámos anteriormente porque é que a justificação dada acima sobre a indicação do número de centros a passar à segunda fase que surge no contrato não é séria.

Resumidamente, pretende a FCT que esta estimativa, baseada no número de centros com as classificações correspondentes na avaliação de 2007, tinha como único propósito permitir estabelecer o valor a pagar à ESF. Para além da comparação não fazer sentido nenhum uma vez que tanto a escala de classificações como os financiamentos foram alterados, o facto de esta instrução também surgir num anexo do contrato onde estão descritos os procedimentos a seguir pelos painéis não deixa margem para dúvidas sobre o que a FCT encomendou.

Mais precisamente, é indicado nesse anexo o que se espera do resultado da primeira fase, a saber,

“Stage 1 will result in a shortlist of half of the research units that will be selected to proceed to stage 2.”

Contamos pois já dois erros: o número indicado não era uma estimativa, mas sim uma consequência das instruções dadas aos painéis sobre o que devia ser o resultado da primeira fase da avaliação, e o facto de não se poder comparar duas escalas de classificações e financiamentos diferentes – aliás, estes erros já apareciam identificados na notícia do "Público" mencionada acima.

Mas conseguirá o leitor atento descobrir mais erros?

As respostas poderão ser enviadas para dererummundi@gmail.com até às 17h de sexta-feira dia 8 de Agosto, colocando “Passatempo de Verão FCT” no assunto da mensagem. Como é hábito neste tipo de iniciativas, os funcionários da FCT (e os seus familiares) não podem participar por possuírem informação privilegiada.


Os vencedores do Passatempo receberão o título de "FCTbusters" honorários.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu faria um pequeno ajuste a posteriori das regras do passatempo.... Algo do género:
De todos os participantes (independentemente de conseguirem detectar mais erros), cerca 50 % passarão à segunda fase do passatempo. Aí prometemos exotismo mais sofisticado

NO AUGE DA CRISE

Por A. Galopim de Carvalho Julgo ser evidente que Portugal atravessa uma deplorável crise, não do foro económico, financeiro ou social, mas...