Do comentário ao meu post
“Uma Posição Pessoal Sobre a Prova de Acesso à Docência” (28/11/2013),
subscrito por Pedro Miguel Santos e lido por mim com atenção e proveito,
retenho e relevo o seguinte naco de prosa que reproduzo por considerar ser uma perspectiva
a ter em devida conta por comungar do desalento de ambos por
uma certa “modernice” que paira sobre os
claustros universitários. Escreveu este comentador: “As universidades portuguesas e os seus académicos deviam abraçar de
novo o espírito de tempos idos”.
Desse corte com “o espírito de tempos idos” que, pesar de
tudo, o não tenho como generalizado, embora, por vezes, possa haver uma certa, ou
muita dose, de apatia na defesa de uma
tradição medieva e seus legítimos interesses, exceptuo os
académicos (referenciados no meu post
supracitado) Cristina Robalo Cordeiro e Reis Torgal, ambos da mais
antiga universidade portuguesa. De outros exemplos dou agora notícia sem qualquer ordem cronológica,
correndo, ainda, o risco de omissão involuntária de outras personalidades ilustres da vida académica nacional. Mas penso estar
isento de pena grave por “crime” não premeditado. São estes os
outros exemplos:
Maria Filomena Mónica quando reclama um ensino universitário de qualidade: “Pela sua natureza, a universidade é uma instituição que deve ser frequentada pela aristocracia intelectual, que tem como vocação a universalidade e que deve adoptar como critério a exigência”.
Carlos Reis, num “Forum de Jornalistas”, disse:” Para a Universidade sou adepto de um modelo exigente e eltista”.
Vasco Pulido Valente, denunciou, no “Público”, o seu desalento por “um ensino, em particular um ensino superior, ineficiente e caótico e, além disso, irreformável”.
Vital Moreira não se acanhou em escreveu: “A ideia de democratizar o ensino superior pela via da banalização do acesso e pela crescente degradação da sua qualidade não é somente um crime contra a própria ideia de ensino superior, é também politicamente pouco honesta”.
Adriano Moreira havido como um dos senadores da vida política nacional, no Seminário “Reflexos da Declaração de Bolonha” (Coimbra, 12 e 13 de Novembro/2004), pôs o dedo na pústula da intenção clara em “universitar os politécnios ou politécnizar as universidades”.
Seabra Santos, ao tomar posse, pela primeira vez do cargo de Magnífico Reitor da Universidade de Coimbra, criticou a promiscuidade entre o ensino universitário e o ensino politécnico “porque concorrenciais entre si na formação de professores e engenheiros”.
Carlos Fiolhais, renomado académico de Física da Universidade de Coimbra, escreveu: "Além do ensino universitário há ainda o ensino politécnico, mas aí temos um problema de definição de objectivos, que deveriam ser distintos dos do ensino universitário”.
“Last but not least”, em final de vida, numa cerimónia académica, Aníbal Pinto de Castro, em minha recordação uma figura notável das Belas Letras em margens do Mondego, teve este grito de revolta: “Não destruam. Não cedam. Não tenham medo porque a Universidade não pode ser uma instituição de caridade. Para isso há os asilo se a Mitra. Não pode ser um hospital de alienados”.
Maria Filomena Mónica quando reclama um ensino universitário de qualidade: “Pela sua natureza, a universidade é uma instituição que deve ser frequentada pela aristocracia intelectual, que tem como vocação a universalidade e que deve adoptar como critério a exigência”.
Carlos Reis, num “Forum de Jornalistas”, disse:” Para a Universidade sou adepto de um modelo exigente e eltista”.
Vasco Pulido Valente, denunciou, no “Público”, o seu desalento por “um ensino, em particular um ensino superior, ineficiente e caótico e, além disso, irreformável”.
Vital Moreira não se acanhou em escreveu: “A ideia de democratizar o ensino superior pela via da banalização do acesso e pela crescente degradação da sua qualidade não é somente um crime contra a própria ideia de ensino superior, é também politicamente pouco honesta”.
Adriano Moreira havido como um dos senadores da vida política nacional, no Seminário “Reflexos da Declaração de Bolonha” (Coimbra, 12 e 13 de Novembro/2004), pôs o dedo na pústula da intenção clara em “universitar os politécnios ou politécnizar as universidades”.
Seabra Santos, ao tomar posse, pela primeira vez do cargo de Magnífico Reitor da Universidade de Coimbra, criticou a promiscuidade entre o ensino universitário e o ensino politécnico “porque concorrenciais entre si na formação de professores e engenheiros”.
Carlos Fiolhais, renomado académico de Física da Universidade de Coimbra, escreveu: "Além do ensino universitário há ainda o ensino politécnico, mas aí temos um problema de definição de objectivos, que deveriam ser distintos dos do ensino universitário”.
“Last but not least”, em final de vida, numa cerimónia académica, Aníbal Pinto de Castro, em minha recordação uma figura notável das Belas Letras em margens do Mondego, teve este grito de revolta: “Não destruam. Não cedam. Não tenham medo porque a Universidade não pode ser uma instituição de caridade. Para isso há os asilo se a Mitra. Não pode ser um hospital de alienados”.
Entretanto,
a acção dos reitores universitários, mereceu a crítica do sociólogo e académico
de Lisboa, António Barreto: “No meio da
agitação, com greves e manifestações, quase se não tem reparado no
comportamento dos reitores das universidades, assim como dos dirigentes
científicos das escolas. Com ressalva das excepções habituais, têm-se portado
com toda a cobardia possível. Revelam duplicidade e esperam passar entre as
gotas de água” (“Público”, 24/11/1996).
Porém, por
eu ter tido conhecimento de bastidores que o “modus operandi”, de um modo
geral, das equipas reitorais, em tempo de avanço belicoso e despropositado do
ensino politécnico em investidas para ganhar terreno, era frouxo e pouco
vísivel , na semana anterior à publicação deste artigo de António Barreto, por mim citado no parágrafo anterior, num meu esrito de opinião, tive como acto de
justiça apresentar a seguinte excepção: “O Senado Universitário de Coimbra, em reunião de 6 de Novembro passado, não se
exime de declarar que as proposta do Governo subverteriam a missão e objectivos
dos Institutos Politécnicos e das Universidades e se traduziriam numa
inaceitável degradação” (“Público”, 17/11/1996).
Hoje, numa
altura em que se discute, uma vez mais, o rumo futuro dos dois subsistemas do
Ensino Superior, o Governo e a Universidade, sem complexos de elitismo, como
coisa má, perversa e anti-democrática, ganhariam em reflectir sobre este texto
do sociólogo italiano Francesco Alberoni:
“Na verdade a pedagogia que nivela tudo por baixo no intuito de esbater as
diferenças tem como consequência tornar ignorantes milhões de pessoas e não privilegiar
aqueles que podiam ir para a universidade e para escolas de excelência com
professores respeitados e programas rigorosos; é por esta razão que há cada vez
mais pessoas a quererem uma escola mais sério, mais rigorosos, com professores
preparados e mais respeitados”.
Esta oportunidade
(que seria muito grave desperdiçá-la por ficar tudo, ou quase tudo, na mesma
em jeito bem português!) representa uma ocasião soberana para o rufar de
tambores de quem se mostra disposto a defender princípios seculares da Cultura
e do Conhecimento Científico e o toque de clarim de revolta de homens sábios
perante um clima de desastre que corre o risco de criar raízes nos claustros
universitários, aberrantemente, em
duvidosa promiscuidade com o ensino politécnico. Um ensino politécnico incapaz
de criar um “corpus” próprio, tão-só, em pretendida clonagem de graus
académicos universitários espreitando, para além de outorgarem já licenciaturas
e mestrados, uma qualquer oportunidade, ou mera distracção do poder político, para
se arrogarem ao “direito” de atribuírem doutoramentos, até aqui da exclusiva
atribuição por parte da Universidade.
Seja
exigido, portanto, como coisa boa e justa, a excelência do Ensino Superior e seus dois subsistemas -
universitário e politécnico - dentro de limites devidamente tipificados, sem
qualquer resignação da dignidade e finalidade de ambos, mas sem permitir, “à
outrance”, intromissões de foices politécnicas
em seara alheia universitária pela defesa, em reduto inexpugnável, do princípio estabelecido pelo direito da Roma Antiga:
“Suum cuique tribuere”. Ou seja, dar a cada um o que é seu!
Entretanto,
recue o leitor comigo a décadas passadas. O objectivo inicial da criação das Escolas
Superiores de Educação foi a elevação formativa dos professores do antigo
ensino primário que se fazia, com muita seriedade e dignidade, nas antigas
Escolas do Magistério Primário. Assim, passou esse objectivo a ser cumprido no chamado
ensino politécnico com a atribuição apenas de bacharelatos. Mas logo daí se
partiu, por pressão sindical e dos seus directos interessados, para a formação
de professores do 2.º ciclo, a nível de licenciatura, e a pretensão de chegar à
formação de professores do 3.º ciclo do básico e até secundário, acrescentando
a essa formação novos cursos, alguns deles em espaços ocupados
habitualmente por escolas universitárias. Ou seja, assistiu-se ao aparecimento de
universidades de segunda classe pelo desapareimento de um ensino politécnico de
primeira classe.
É este,
em muitos casos, o actual panorama de um ensino superior promíscuo, criticado severamente por um antigo secretário de Estado do Ensino
Superior e Investigação Científica, António Brotas: “Tem que se acabar com algumas
coisas. Uma é acabar com a sagrada mania da uniformidade”. E exemplifica
com o caso seguinte: “No Técnico há 120
doutores em Química. As escolas superiores de educação, que têm zero doutores
em Química, arrogam-se ao direito de formar docentes em Química. É isto. Um
absurdo!” Ou seja, uma pretensão megalómana que Eça, em farpas desferidas
sobre o cachaço taurino dos usos e costumes da vida social do seu tempo, teria
hoje, e passo a citá-lo, como “a
igualdade do insignificante e do medíocre”!
Do passado do ensino universitário e politécnico privados, estamos todos recordados de escândalos públicos recentes Mas o que esperar do futuro dos dois subsistemas oficiais do Ensino Superior? E aqui, porque a rir se criticam os costumes, remeto o leitor para Mark Twain: “A profecia é algo muito difícil, especialmente em relação ao futuro”!
Do passado do ensino universitário e politécnico privados, estamos todos recordados de escândalos públicos recentes Mas o que esperar do futuro dos dois subsistemas oficiais do Ensino Superior? E aqui, porque a rir se criticam os costumes, remeto o leitor para Mark Twain: “A profecia é algo muito difícil, especialmente em relação ao futuro”!
10 comentários:
Mas eu ainda vou mais longe, mesmo lá para trás da linha da evolução...
Encontramo-nos em processo de criação plena, mas na sua fase de destruição. No fundo, o que se pretende é a construção do Homem supranacional, nómada, que seja capaz de sete ofícios e de viver na Lua por força da adaptação. É o processo de evolução europeu com intermitentes recaídas de patriotismo e consequente anarquismo crescente. Por cá, nivela-se pelo medíocre, procurando que o rebanho seja obediente, útil, multifacetado, trabalhador e precário. Porque interessa que as pessoas sejam pobres de vontade, dóceis, a precisar do chefe ou do senhor. Não é disto que se alimentam os tiranos? A democracia dissimula-os através de processos de estupidificação do povo. O cisne perdeu a voz porque, sem dinheiro, a necessidade ocupa o espaço do pensar e o corpo assume posturas mímicas de cristianismo porque o olhar é obrigado a ascender quando se torna deserto. Toscos progressos de espiritualização. O que fazer com os doentes, desempregados, velhos, anos e anos a fio, com um estado subsidiário em falência e pouca gente no ativo? Fazê-los acreditar na santíssima trindade: Deus, D. Sebastião e voluntariado. Fundamental para o burro continuar a sua caminhada na miragem da apanha da cenoura.
Por outro lado, pobres como somos e com o legado histórico de que sofremos, é difícil impor parâmetros de exigência e de qualidade porque os mesmos não foram semeados. O terreno é baldio, acidentado, pouco cuidado, deixado à revelia das intempéries e dos animais selvagens com umas plantas comestíveis aqui e acolá, muito sensaboronas.
O problema real passa pela condenação do homem à sua condição mais precária, ausente da riqueza e da plenitude com uma moral de escravo e um baixo instinto de felicidade.
Haverá alguma coisa para ensinar?
Em nosso tempo tudo muda conforme as conveniências de certos figurões, do interesse dos poderosos e em função da dinâmica duma sociedade de maus costumes. Das definições sobre este "statu quo", que tenho como mais espirituosa, colhi-a no "Finantial Times" (10/03//2004): "Os revolucionários em Portugal já não são o que eram. Agora identificam-se pelos seus fatos listados e telemóveis topo de gama"!
Ó Rui Baptista, não acha que deveríamos ser todos amiguinhos, enquanto a barcarola afunda, e abandonar as nossas resistências à paráfrase de uma sentença do Deng Xiao Ping dos anos 60: "Pouco importa que um gato seja vermelho ou branco, o que importa é que apanhe os ratos como deve ser"?
Estou convicto de que os nossos tempos nos escapam, como se a carruagem em que vamos fosse o tempo das "autoridades" de escotilha, sentadas à janela e o tempo do mundo fosse o das pessoas sem futuro, o nosso futuro. O capital não conhece fronteiras, nem religiões, ciências, cores ou notas musicais. Se alguma vez o homem foi o centro do universo, não sei quando, já não é. E nem sequer é um limite, uma fronteira, ou uma razão para opor, ao capital. Estamos todos rendidos, não aos encantos, nem à bondade, nem à necessidade, nem à fatalidade, do capital, mas à sua racionalidade primária, ao seu veneno, que vai sendo aceite como um remédio...como se precisássemos de um remédio para doenças imaginárias. Mas não, precisamos de um remédio para uma patologia mais real do que podemos imaginar, as formas atuais de capitalismo, ou melhor, as justificações teóricas que são apresentadas para um capitalismo sem qualquer justificação moral. De resto, a crise dos últimos anos é um sintoma sério de que intervencionar ou desintervencionar é sempre uma forma de intervencionar. E os resultados estão à vista. O que falta não é pouco: interpretar, diagnosticar e...pois, há doenças incuráveis, mas não será para sempre.
È bem certo que vivemos numa sociedade em que o mérito dos professores foi substituído pela mediocridade em nome do cinismo em se dizer que se quer ser obreiro de uma sociedade mais fraterna, mais humana, mais justa, mais responsável, mas que tudo contabilizado vive à custa do slogan, vomitado da boca para fora de fígado bilioso, de que o futuro do país está na sua juventude. Uma juventude sem ética em nome de um “homem novo” que apenas nos traz a novidade da criação de verdadeiros monstros.
Em resumo, vivemos num mundo incubador de futuros monstros que, segundo Raymond, “reivindicam direitos sem proclamar obrigações, querendo o impossível, jogando às utopias ou às catástrofes”! E será um perverso sistema eucativo uma espécie de cadinho da alquimia que fará nascer esse “homem novo”? Não contem comigo na pia baptismal, com o meu silêncio, a minha atitude de deixar correr o marfim e, muito menos, com minha cobardia a apadrinhar tamanha aberração.
Nem quero ser, ainda que mesmo mero figurante de um filme de terror em que é pretendido convencer os basbaque da plateia que quanto pior for a formação dos professores melhor será a qualidade do ensino! Já me vai faltando a pachorra para tanto disparate junto em nome do amiguismo de um país de falso porreirismo!
Nem mesmo Deng Xiao Ping com a sua adesão tardia ao socialismo de mercado me consegue convencer do contrário. Como dizem os ingleses, “my mind is made-up, d’ont confuse it with facts”. E, muito menos, com gatos vermelhos a caçar ratos incautos!
Pois muito bem. Concordo com voxências mas vou recordar: universidades existem, em cujos departamentos de educação, em tudo iguais aos dos politécnicos, por vezes de pior qualidade, como no caso da univ de "algures", onde os profs têm carreiras plenas como profs univs, podendo chegar, imagine-se, a catedráticos.
Assim, por exemplo, a univ § que forma educadores de infância convidou para o departamento de artes, como profs convidados, 2 educadores de infância, para ministrarem uma "expressão". Como é sabido a formação dos educadores de infância é básica. Assim esses dois profs universitários convidados pelo coordenador amigo, foram fazer o último ano da especialidade da "expressão" num instituto Piaget. Todos sabemos que não há qualquer passagem do último ano de educação de infância para o último de qualquer via especializada de "expressões", mas no ensino privado fazem-se milagres...
Saindo do Piaget como professores "especialistas" para o 2do ciclo de ensino da expressão §, foram a salamanca fazer um doutoramento no ensino da dita cuja expressão, sendo agora professores doutores em plena legalidade. Qualquer aluno de 11 anos, do 4º grau de qualquer conservatório da "expressão" § sabe mais, imensamente mais, que eles, mas eles são os doutores no ensino da expressão e quiçá, já professores agregados com doutoramento de uma universidade pública, onde entraram como assistentes convidados, hoje a coordenar o departamento das expressões e a orientar mestrados, numa outra expressão! Isso!
Uma verdadeira vergonha!
Pena é que o nome dessa(s) universidade(s) esteja sob anonimato. Serão, ao menos, universidades do tipo canguru que metem na bolsa marsupial escolas do ensino politécnico? Venha para a luz do dia o(s) respectivo(s) nome(s). O seu comentário sob anonimato o permite sem o perigo de retaliação de uma sociedade de lápis azul de triste memória.
A título de informação prévia, as universidades de Aveiro, do Minho (sediada em Braga) e do Algarve são exemplos paradigmáticos de integração de cursos politécnicos , mas que mantêm o estatuto de politécnico, atribuindo, como tal, “apenas” os graus de licenciado e de mestre estando-lhes vedado outorgar doutoramentos. E aqui surge o chico-espertismo nacional em se fazerem doutoramentos de pontapé nas costas em associação com universidades públicas e privadas, ainda que mesmo em tempo de vacas gordas, que se renderam m ao trono dourado de um qualquer Rei Midas. E este facto mais tende a agravar-se em tempo de vacas magras em que pouco falta que os seus responsáveis se ponham à porta para aliciarem inscrição de alunos, como o acontecido na lisboeta Rua dos Fanqueiros com os seus empregados postados às portas das casas comerciais para angariarem clientes entre os transeuntes que por lá passavam em descuidado passear!
Quanto aos verdadeiros doutoramentos (num tempo em que Portugal não se punha de cócoras perante universidades estrangeiras mesmo que de grande e cimentado prestígio ) tinham que passar por um crivo exigente para serem reconhecidos neste cantinho ocidental da Europa. Hoje é o que se vê e que se sabe e mesmo aquilo que não se vê e não se sabe. Ou seja, é um fartar vilanagem com vilões deste país a brotarem debaixo dos pés como cogumelos venenosos em terreno húmido da ignorância.
(CONTINUA)
(CONTINUAÇÃO)
Disso mesmo nos deu conta Francisco de Sousa Tavares, ao escrever: : “Estamos a formar não um país de analfabetos como até aqui, mas um país de burros diplomados”! Aliás, semelhante parecer colhi-o num artigo de jornal do falecido professor António José Saraiva em crítica severa à ”DIPLOMOCRCACIA” reinante em Portugal. Em adenda minha, que envolve parte da sociedade portuguesa em papel de pergaminho com selo de prata, a exemplo de brasões comprados, em tempos idos de uma monarquia agonizante que fazia filhos de algo com dedos papudos de plebeus que faziam fortuna no Brasil.
Ou seja, instalou-se o caos do pedantismo no ensino superior nacional: Há universidades públicas e privadas, ensino politécnico público e privado, ensino universitário com ensino politécnico integrado, ensino universitário “tout court”, numa espécie de rol de lavadeiras que levavam nas trouxas camisas de dormir de senhoras e ceroulas de homem numa promiscuidade pouco asseada.
Mas estou-lhe reconhecido, todos nós devemos estar-lhe agradecidos, por trazer a público toda esta verdadeira bagunça de um ensino (dito) superior à rédea solta da tutela oficial por passar a estar condicionado pelo interesse dos seus diplomados – alguns deles pessoas aparentemente ilustradas que se sentam em bancadas de S. Bento -, por dirigentes sindicais que se auto-promovem e que em pesca de arrasto levam consigo os seus associados com diplomas de ensino superior que não valem um caracol furado, etc.
Com mais destes etcéteras seria possível escrever páginas e páginas de um calhamaço de casos de oportunismo e nome dos oportunistas.
Já agora, para não haver o opróbrio de uma perigosa generalização que seja tornado público o nome da(s) universidade(s) a que se reportava no seu texto.. Mesmo em parto difícil, a necessitar de fórceps, não a(s) deixe no segredo dos deuses sob pena infernais de conivência moral.. Já se deve ter apercebido que não me contento com meias medidas na terapêutica de uma doença que não se compadece com paninhos quentes. Necessita do bisturi da crítica pública que ponha nu todo o escândalo onde ele houver!
Embora eu não aprecie gastar cera com ruins defuntos não posso de deixar de o fazer, como vacina, para evitar novos Miguéis Relvas ou Sócrates que, ao contrário do grego da Antiguidade, não sabe que nada sabe! Mas foi capaz de saber que Paris é a Cidade das Luzes, uma espécie de elixir de sabedoria, ainda que , por vezes, de propaganda enganosa!
Errata1.ª linha do 2.º § do meu comentário
do dia 6 (22:50):
Deverá passar a ter a seguinte redacção: "Pena é que o nome dessa(s) universidade(s) não conste".
Enviar um comentário