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6 comentários:
O drama do nosso tempo é que são as próprias autoridades da educação que imploram aos professores que ensinem sem seriedade. Dizem elas que a escola deve ser, acima de tudo, um "elevador social". Ora, na sua linha de raciocínio, o elevador funciona tanto melhor quanto maior for o número dos seus ocupantes, sendo que, aqueles que ainda não são diplomados pelas escolas EB 1,2 ,3 +JI + S, para lá caminham, ao abrigo da lei da escolaridade obrigatória até aos dezoito anos de idade. Só que a realidade do funcionamento dos elevadores é outra coisa. Ensina-nos a Física que quanto mais pesado está o ascensor, maior é a probabilidade de que avarie. O sistema de ensino português está avariado: a escola, lugar, por excelência, do ensino e da aprendizagem, transformou-se num elevador sobrecarregado de hipocrisia.
Os jesuítas hierarquizam as almas. Pode ser um indicador que explique o fracasso humano.
Prezado primeiro leitor, talvez as "autoridades" da educação menosprezem ou neguem a seriedade que deve ser marca do ensino. Mas os professores não devem segui-las. Sei que isso constitua uma enorme dificuldade, mas abdicar da seriedade é abdicar de si mesmo como professor. Cordialmente, MHDamião.
Caro leitor, não são apenas as autoridades que imploram aos professores que ensinem sem seriedade. A verdade é que a maioria entrou na engrenagem e até se deslumbra com as aberrantes mudanças que vão sendo operadas, muitas delas APENAS POR OPÇÃO DOS PRÓPRIOS PROFESSORES. A escola pública colapsou!
Caro leitor Anónimo, a atribuição de responsabilidade a pessoas ou entidades que estão em patamares hierárquicos/burocráticos superiores demite-nos da nossa própria responsabilidade. Um professor, um médico, um juiz... que tem um especial dever de responsabilidade face ao outro, à sociedade, ao futuro, não pode, pura e simplesmente, entrar na engrenagem... Tem de pensar as consequências dos seus actos. Por isso ser professor não é apenas ter um emprego...
Cumprimentos, MHDamião
Caros Helena Damião e comentador anónimo de 23 de abril às 23:42,
Sem Império colonial, praticamente sem indústria, o comércio nas mãos de estrangeiros, e com uma das mais pobres lavouras da Europa, Portugal, após o 25 de abril de 1974, enveredou por um desenvolvimento assentado na educação maciça do seu proletariado. Os filhos da pequena, média e grandes burguesias, que foram estudar no tempo do fascismo, tinham ocupado os bons lugares disponíveis na máquina do Estado; agora, era chegada a hora dos filhos do proletariado também alcançarem um lugar ao Sol através dos diplomas académicos facilitados pelas escolas EB 1,2, 3 + JI + S. Os professores do liceu foram derrubados do seu pedestal de doutores, com d minúsculo, e humilhados em praça pública com uma equiparação forçada a educadores de infância. Doravante os saberes científicos, nomeadamente os das ciências puras, têm a mesma valorização na escola inclusiva e flexível que os saberes aportados pelos filhos da classe operária. Convém referir que estas ideias estrambólicas, da igualdade dos diferentes saberes – e sabores! –, entraram na academia pela mão de uns doutorados, com D maiúsculo, em “CIências da Educação”, já eles próprios filhos de camponeses e de operários muito pobrezinhos.
Impuseram o novo paradigma das escolas C + S e Jardins de Infância como lugares de ócio e felicidade, de frequência obrigatória até aos dezoito anos de idade!
Eu experimentei na pele, desde os tempos dos “ensinos” Recorrente e Profissional, as aberrantes mudanças que, atualmente, se estendem ao chamado ensino regular, incluindo os jardins de infância, cheios de evidências, rubricas, medidas universais, medidas seletivas e imensas grelhas, cujos quadradinhos têm de ser todos pelos professores destituídos da sua autonomia científica e pedagógica, a bem do sucesso gratuito e universal na escola em Portugal. Enquanto os professores não recuperarem a sua autonomia científica e pedagógica a seriedade fica de fora das escolas.
Aliás, sem disciplina e com violência, como o que se verifica todos os dias, dentro das escolas, não há ensino nem aprendizagens essenciais!
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