enquanto o CHEGA não for governar.
Depois, vão esfalfar-se a lamentar
que já não autorizam a pensar!
Há uma espécie de querer abismo,
o desejo masoquista de cismo,
um gostinho de corporativismo
e um encosto de Bolsonarismo.
O português é bom a amochar,
dá-lhe jeito, pode lamuriar
e, até, no final, ele vai gostar!
Democracia é chata de aturar,
todos gostam bué de refilar,
o que faz saudades do Salazar!
Eugénio Lisboa
9 comentários:
Sim, o que vivemos é capaz de ser uma democracia porque farto-me de pensar, de lamuriar, de refilar, de amochar e ando sempre de braço esquerdo em riste a dizer adeus a quase tudo porque não há quem aguente...
Escárnio e maldizer o povo português, em vez de escárnio e maldizer o governo que ele lá pôs ? Bom frete ao PS, sim senhor. O povo português amochou, sim, amochou estupidamente quando deu maioria ao Costa. Agora, que, muito bem, berra e grita e clama, sente 'a burla da falsa democracia, é que o poeta (?) vem dizer que o povo 'gosta bué de refilar' ? Saudades do Salazar têm poetas assim.
Um, dois, esquerda, direita
Um, dois, esquerda, direita
E assim sucessivamente, ao som do bater dos tachos.
Por que não experimenta ler com atenção? Creia que ajuda a não dizer coisas sem fundamento, como essa de "poetas assim" terem saudades de Salazar. Ler com atenção é uma óptima ferramenta. É mesmo a melhor de que dispomos. Se os homens do Estado Novo lessem o meu poema, não gostavam e a Censura cortava-o. O caro Anónimo por acaso também não gostou.
Eugénio Lisboa
Ser contra o Estado Novo não é um passe-partout, uma credencial em branco. Pode servir, por exemplo, para insultar o povo, como é o caso. Ou pode servir, como no caso dos comunistas, para impingir outro Estado Novo de cor aparentemente oposta.
Caracterizar o comportamento de um povo, num certo período da História, não é insultá-lo, pode ser, quando muito, espicaçá-lo. A atitude de dizer que o povo é sempre bonzinho e que "os outros" é que são vilãos, é extremamente paternalista, pouco objectiva, reaccionária e perigosa. O povo não é bom nem é mau, tem de tudo. Eu e o Anónimo somos povo e, no entanto, pensamos de maneira diferente. Os que passam a vida a lambuzar o povo, a apelar para o povo e a lisonjear o povo devem merecer a maior desconfiança a esse mesmo povo.
Os grandes escritores, como Aquilino, Torga ou Ferreira de Castro não temem mostrar o povo como ele é, com tudo quanto tem de bom e de mau, sem lisonjas que são tantas outras perfídias. Uma releitura dos NOVOS CONTOS DA MONTANHA, de Torga, faria bem ao meu caro Anónimo. O nosso povo "aguentou" desde 1926 a 1974 e foram muito poucos os que refilaram e, esses, sempre a serem aconselhados a meterem a viola no saco por aqueles que sempre são de opinião de que o medo guarda a vinha. Dizer que qualquer caracterização objectiva do comportamento de um povo é um insulto é próprio dos que cultivam a demagogia. Os que realmente respeitam o povo dizem-lhe a verdade, não o besuntam com palavras doces e enganadoras. Todos os dias lemos na comunicação social o relato dos crimes mais sórdidos e não são só cometidos pelas elites. Os roubos, as trapacices, as maiores tropelias são também cometidas pelo chamado povo. Aliás, convém pensar que as elites predadoras fazem parte do dito povo. Como dizia um grande escritor francês, "ne nous attendrissons pas." ("não nos enterneçamos"), Nas guerras coloniais, o povo andou por África, a fazer das suas - e fê-las de todos os tamanhos e feitios. Eu sei, porque estive lá e vi (e estava lá porque nasci lá, não porque fosse para lá).
Eugénio Lisboa
Tanto palavreado , como se estivesse a leccionar do alto da cátedra. Não conta sequer nada de novo. O que escreveu foi "O português é bom a amochar". Se isto não é insultar um povo , não sei o que será. E não é que eu tenha esta Nação, ah ah, em alta consideração, boa rima. Sei é distinguir as patifarias e vilanias dos governantes e seus lacaios, como parece ser o caso, das trapacices e tropelias do povo.
Os governantes são também gente do povo. Dizer que o povo português "amochou" a ditadura durante quase cinquenta anos, não é insultar é apenas constatar um facto. Isto não é palavreado. Palavreado - e da espécie barata - é falar no povo como se fosse um entidade sagrada, em contraposição a outra qualquer coisa que o não é. Isto não é falar de cátedra. É falar com os pés bem assentes no chão. E também já notei que aqueles que adulam o povo, como uma massa indefinida e abstracta, são, em geral, desastrados, a amar as pessoas, uma a uma. O pior mal que se pode dar a uma sociedade é servir-lhe demagogia. Como dizia o outro, de boas intenções está o inferno cheio.
Eugénio Lisboa
Com o final do seu comentário, concordo. As últimas 3 frases. Mas era capaz de jurar que se contradiz.
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