quarta-feira, 15 de março de 2023

O perdão maior está em dar a mão

O perdão maior está em dar a mão

Ao corpo que a pede e parte o rosto

Por não ter a mão nem ter o corpo

Que sofreu outrora com coração.

 

O perdão maior está em dar o pão

À boca que o pede de olho no corpo

Que lágrimas trouxe à boca e ao rosto

Por só para si querer todo o chão.

 

A justiça imane, o perdão maior,  

Está em perdoar quem foi injusto,

Num instante que seria de amor,

 

Em dar o coração, sem qualquer custo.

Do nosso corpo dar o astro melhor

Ao corpo que volta em sagrado lustro.

7 comentários:

Anónimo disse...

O perdão sistemático apodrece o sistema. Nem sequer é bondade.

Anónimo disse...

O perdão deve ser inversamente proporcional à ofensa. Quanto maior é a ofensa, menor o perdão. Talvez assim seja justo.

Anónimo disse...

Um poema não se avalia, manifestando-se acordo ou desacordo com o que o poeta "diz" ou parece que "diz". Um bom soneto vai para além do "dizer". E o poeta Angelo Miguel Pessoa revela uma notável oficina poética, a qual pressupõe cultura e talento. São, pois, injustamente inadequados, embora não necessariamente mal intencionados, os comentários que se concentram no "sentido" e ignoram o "som". (Valéry dizia que um poema é uma hesitação prolongada entre o som e o sentido). Parabéns ao poeta!
Eugénio Lisboa

Anónimo disse...

Para se perdoar alguém é necessário que esse alguém peça o perdão, que se arrependa (parta o rosto) pelo mal que fez ao outro (ao coração do outro). Para se perdoar alguém, que, devido à ganância, retirou o "pão" ao outro e caiu na miséria, esse alguém tem de pedir, com o olho na magreza do seu corpo, o perdão. Eu nasci e cresci num meio católico e tenho comigo esse valor do "perdão", desde que haja arrependimento. Agradeço o comentário do Eugénio Lisboa, a quem reconheço um conhecimento profundo da literatura universal e de quem admiro a sua obra ensaística e poética. Quanto aos dois primeiros comentários, relembro uma situação que vivi recentemente: Uma pessoa aproximou-se de mim e depois desviou-se, como se eu lhe causasse repúdio, para no dia a seguir me acusar perante outras de não me conhecer porque não ia a tal sítio, e, além, me dizer boa tarde. Se reler-mos um poema, podemos mudar a nossa opinião sobre ele, para melhor ou para pior. Será que eu não posso escrever que amei o meu pai como o mosto? Será que eu não posso dizer, do meu primeiro amor, que o amei como o mosto, porque, de facto, era essa a sua essência?

Anónimo disse...

Eu nasci e cresci num meio católico porque Portugal é católico. Confesso que dou mais valor ao respeito do que ao perdão.

Ângelo disse...

O respeito do Gólgota.

Anónimo disse...

É mais fácil do que parece. Tente fazê-lo, não na cruz, mas no desapego.

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