quarta-feira, 29 de julho de 2020
PROMESSA DE NÃO VOLTAR A UM TEMPO PERDIDO
DA MELANCOLIA - ORIGINAL É A CULTURA
O CAMINHO DE FERNANDO
Corria o ano de 1212
quando Fernando de Bulhões, nascido em Lisboa 17 anos antes, fez a primeira
viagem da sua vida. Caminhou, como era uso na época, de Lisboa até Coimbra,
desde o Mosteiro de São Vicente de Fora, para o Mosteiro da Santa Cruz, os dois
da Ordem dos Cónegos Regulares de Santa Cruz. Queria fugir do bulício da
capital, onde a proximidade da família impedia o recolhimento que desejava.
Deixou de ler na boa biblioteca dos crúzios em Lisboa para passar a ler noutra que
não lhe ficava atrás (e que o jovem bibliotecário Alexandre Herculano, quando
foram abolidas as ordens religiosas em 1834, carregou para o Porto). Fernando
tornar-se-ia António faz agora 800 anos, quando se mudou de Santa Cruz, na
Baixa coimbrã, para um eremitério nos arredores da urbe, cujo orago era Santo
Antão, que estava ocupado por estranhos frades vindo de Itália, da nova ordem que
tinha sido fundada em 1209 por Francisco de Assis. No sítio está hoje a Igreja
de Santo António dos Olivais, pois o nome universal do então novo franciscano é
Santo António.
A sua viagem de Lisboa
para Coimbra terá demorado oito dias, cerca de 25 quilómetros por dia. Oito
séculos mais tarde o escritor-caminhante Gonçalo Cadilhe repetiu o trajecto,
adivinhando o seu pormenor, na falta de relato directo. Deve ter ido, em parte
por aquilo que é o Caminho Português de Santiago (Caminho Central), já então
percorrido, que passa por Santarém, Tomar e Alvaiázere. O resultado é o interessantíssimo
livro que acaba de sair no Clube de Autor com o título Por este reino acima
e subtítulo No primeiro trekking da História de Portugal. Li-o em menos
tempo do que demora a ir a pé de Lisboa a Vila Franca de Xira.
O livro de Cadilhe esteve
para se chamar, revela o autor na introdução, O caminho do pequeno António.
Será talvez um exagero chamar “pequeno” ao “jovem” que fez a viagem. Tendo
falecido com 35 anos (acima da média da idade na Idade Média), estava então a
meio da sua vida: teria cerca de 40 anos se quisermos colocá-lo nos tempos de
hoje, em que a longevidade ultrapassa os 80 anos. O título que ficou definitivo
é forte, evoca Fausto, não o de Goethe, mas o Bordalo Dias. De facto, uma parte
da viagem foi feita literalmente por esse rio acima, numa barcaça a subir o
Tejo até Valada do Ribatejo.
Eu já conhecia a prosa
escorreita do escritor da Figueira da Foz, autor de 13 outros livros de viagens.
Em particular, tinha lido Nos Passos de Santo António. Uma viagem medieval,
saído em 2016 também no Clube de Autor, no qual Cadilhe conta a revisitação que
empreendeu do percurso de vida de Santo António. O frade, muito impressionado
com o caso de seis franciscanos mortos em África (os “mártires de Marrocos”), decidiu
percorrer o caminho inverso ao da sua vinda de Lisboa (o caminho de Fernando
tornou-se o caminho de António) e prosseguir para Sul, com a ânsia de converter
o Magreb. Uma doença grave fê-lo, porém, voltar para trás. Não voltou, porque
uma tempestade violenta no Mediterrâneo levou-o até à Sicília e daí, por essa Itália
acima, caminhou até Assis, onde conheceu o fundador da ordem que tinha feito
sua. Mais tarde faria uma longa viagem ao Sul de França, onde a heresia cátara
se tinha espalhado no século anterior, num percurso que Cadilhe refez (um ponto
alto do seu livro, em sentidos real e figurado, é a sua passagem dos Alpes). Os
últimos anos da vida de António são bem conhecidos, pois a sua fama de pregador
e milagreiro não parava de crescer (quem não conheça a biografia leia Santo
António, de Agustina Bessa-Luís, que acaba de sair na Relógio d’Água). Morreu
nas imediações de Pádua, a 13 de Junho de 1231. É por isso que o poeta Pessoa, nascido
em Lisboa nesse mesmo dia do ano, foi baptizado com o nome de Fernando António.
Santo António tornou-se, rapidamente, no português mais global de todos os
tempos (rivalizará, nesse título, apenas com Fernão de Magalhães, cuja rota à
volta do mundo Cadilhe também seguiu, relatando-a num outro livro, Nos
Passos de Magalhães).
O século XIII, em plena
Idade Média Cristã, foi um período extraordinário. Nele viveu um outro
português global, Pedro Julião ou Hispano, também de Lisboa, que foi em 1276-77
o único papa português, sob o nome de João XXI. Pedro Hispano terá tido como
condiscípulos na Universidade de Paris grandes nomes da Igreja: São Tomás de
Aquino, dominicano, e São Boaventura, franciscano. António, tendo-se alimentado
das bibliotecas monásticas portuguesas, também foi um académico nas universidades
de Bolonha, Toulouse e Montpellier. Os sermões que chegaram até nós são bastante
eruditos. A universidade é, de resto, um dos maiores legados medievais: a
primeira, entre nós, foi criada em Lisboa em 1290, a pedido dos priores de São Vicente
de Fora e de Santa Cruz, entre outros, e está hoje em Coimbra. Andou, durante a
Idade Média, entre Lisboa e Coimbra. Sempre me interroguei como é que a
Universidade veio de Lisboa para Coimbra. Agora já sei: os poucos mestres e discípulos
vieram a pé pelo caminho que Cadilhe descreve. Não se pode dizer que a
Universidade estava parada.
Numa longa viagem há
tempo para observar, conversar, reflectir. E há surpresas. Destaco dois episódios
pícaros: o encontro matinal do caminhante com dois bêbedos em Azinhaga do Ribatejo
(eu diria que na Idade Média os antepassados daqueles ébrios já bebiam) e o
encontro de um sofá à porta de um cemitério em Casais, Tomar (aí a morte bem pode
esperar sentada). Qual foi para o autor a melhor etapa da sua viagem? Encontrou,
quase no fim, de Fonte Coberta para Conímbriga, “o troço mais arrebatador,
emblemático e gratificante de toda a caminhada.” Eu, que conheço essa parte
do trajecto, não o posso desmentir.
A marcha do tempo é um caminho de avanço da velocidade. Em 1798 a
primeira mala-posta demorou 40 horas de Lisboa a Coimbra. Quando, em 1884, o primeiro
comboio chegou, vindo de Santa Apolónia, a Coimbra B, levava mais de três horas
de viagem. Hoje regresso de Lisboa a Coimbra pela A1 em menos de duas horas e
acho que nunca mais chego a casa. Vivemos com a fúria da velocidade.
Em 1909, o italiano Marinetti glorificou no seu Manifesto Futurista a “beleza da velocidade”: “Um automóvel de corrida com seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, que corre sobre a metralha, é mais belo que a Vitória de Samotrácia.” Escreveu Álvaro de Campos, o engenheiro seduzido por Marinetti: “Numa velocidade crescente, insistente, violenta, Hup-la hup-la hup-la hup-la.” Alberto Caeiro, em contraste, criticou a pressa: “Não tenho pressa. Pressa de quê?/ Não têm pressa o sol e a lua: estão certos./ Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,/ Ou que, dando um pulo, passa por cima da sombra. Não; não sei ter pressa.” Gonçalo Cadilhe, ao propor-nos este trekking que nos permite recuar à Idade Média, não faz mais do que exaltar a beleza da lentidão, uma beleza de que necessitamos.
Carlos Fiolhais
NOVAS ENTRADAS NA BIBLIOTECA ”CORONA”
Na minha última contribuição para
As Artes entre as Letras, deixei o registo de meia dúzia de livros sobre
a pandemia que nos últimos meses invadiu o mundo. O número de infectados com o
coronavírus e de vítimas mortais tem crescido de modo impressionante. À hora a
que escrevo esses valores são, respectivamente e em números redondos, quinze
milhões e seiscentos mil. Vivemos num tempo de incerteza: quando a primeira vaga
assola com muita força países como os Estados Unidos, o Brasil e a Índia, cada
um deles com mais de um milhão de casos de infecção, multiplicam-se as vozes
sobre uma eventual segunda vaga. Não sabemos como vai ser.
A pandemia tem facetas
científicas e sanitárias, mas também económicas, sociológicas, políticas e
filosóficas. A crise vai continuar connosco durante mais algum tempo e com ela
a necessidade de reflectir sobre algumas mudanças sociais e políticas. Embora a
doença tenha felizmente diminuído em Portugal, ela ainda nos dá razões para preocupação. E o impacto económico, sendo já claro que é
enorme, tem ainda uma amplitude bastante incerta. Está a crescer, como é
natural, o número de livros sobre a pandemia. Venho acrescentar mais alguns
títulos que entretanto vieram a lume em português e que aqui ordenarei por
ordem alfabética do apelido do autor.
- Donatella Di Cesare, Vírus soberano? A asfixia
capitalista. Edições 70. A autora, professora de Filosofia na Universidade
“La Sapienza” de Roma e intelectual pública que tem estudado a violência, os
emigrantes e a identidade, reflecte sobre o impacto do vírus, que ela designa
de “soberano” devido à sua “corona”, nas nossas vidas. Apesar de Di Cesare estar
amplamente traduzida, é o seu primeiro livro em português europeu. A tradução é
de António Guerreiro, o crítico cultural do suplemento ípsilon do jornal
Público e da revista Electra
da Fundação EDP. O livro foi, de resto, distribuído com o Público.
- Daniel Defoe, Diário da
peste, Clássica Editora. Um clássico literário sobre epidemias do autor de Robinson
Crusoe. O escritor e jornalista inglês foi testemunha da peste negra de
Londres de 1665, que ele aqui descreve
num livro cuja primeira edição é de 1722. Existe uma edição portuguesa
deste livro com tradução do escritor João Gaspar Simões (Diário da Peste de
Londres, Presença, 1964), mas só se encontra, e com muita sorte, nos
alfarrabistas. A tradução da nova edição é de Maria João Bento, sendo a
introdução do escritor inglês Anthony Burgess, o autor de Laranja Mecânica.
- Miguel Valle de Figueiredo (fotografias)
e Bruno Vieira Amaral (texto), Cidade
suspensa. Lisboa em estado de emergência. Fundação Francisco Manuel dos
Santos. Uma obra, da colecção “Retratos” daquelas Fundação, de algum modo
semelhante à que a Guerra e Paz publicou da autoria de Inácio Ludgero
(fotógrafo) e José Jorge Letria (escritor), pois se trata de documentar o vazio que se
abateu subitamente sobre os espaços urbanos. As legendas de Vieira Amaral
começam como na Bíblia: “Naquele tempo,….” O valor da venda do livro reverte
integralmente para o livreiro, constituindo uma pequena contribuição para um
sector em crise.
- Bernard-Henri Lévy, Este vírus
que nos enlouquece, Guerra e Paz. Mais um “livro vermelho” da Guerra e Paz,
pequenos textos de pensadores conhecidos, em que o filósofo francês, nascido na Argélia como Albert Camus, cujas posições têm suscitado ampla polémica
(incluindo ataques com uma torta na cara), se insurge contra aqueles “que
querem aproveitar o coronavírus para arrasar o que a civilização ocidental tem
de melhor” (da sinopse). A tradução
é de João Luís Zamith e André Tavares Marçal
- Igor Prokopenko,
Coronavírus, um vírus assassino. Vírus desconhecido ou arma biológica? Marcador.
Este livro de um jornalista televisivo russo que é responsável por um programa sobre
“segredos militares” é lixo. Mete invasores do espaço e tudo… O leitor não
acredita? Pois na p. 26, pode ler-se: “Os cientistas encaram seriamente a
origem extraterrestre do novo coronavírus chinês”. É uma vergonha para a Marcador,
que pertence ao grupo Presença, ter publicado esta obra. O tradutor António
Pescada é um bom profissional, que já nos
tem dado o melhor da literatura russa
(venceu o Grande Prémio de Tradução da Associação Portuguesa de Tradutores de
2018 por traduções suas de Dostoievski e Soljenitsin), mas isto é do pior que a
Rússia de Putin nos pode dar: desinformação, ou, como agora se diz, “fake
news.”
- Vários, Bode Inspiratório,
Escape Goat, Um folhetim criado por 46 escritores durante a pandemia de
Covid-19, Relógio d’Água. As regras deste jogo literário, que tem uma
edição bilingue, são simples: um começa e o seguinte tem de continuar. Começou
Mário de Carvalho e acabou Luísa Costa Gomes, passando a corrente por Afonso
Cruz, Cristina Carvalho, José Mário
Silva, Gonçalo M. Tavares, Rui Zink, etc. Deve ter sido uma boa reinação,
durante o confinamento, a escrita de uma história a várias mãos, com cada autor
a tentar dificultar a continuação pelo seguinte. A introdução é da escritora
Ana Margarida Carvalho filha do primeiro (“filha de peixe…”).
- Vários, Ressurgir, 40
perguntas sobre a pandemia, Paulinas, coordenação de Artur Morão, Diana Ferreira,
Mendo Henriques e Nuno André. Trata-se de um grande conjunto de depoimentos de
vozes nacionais, alguns co-autores e outros ditos colaboradores especiais, organizadas
por cinco temas: Vida, Saúde e
Solidariedade; Pessoal - Familiar; Ciência, Informação e Cultura; Economia Sustentável; e Espiritualidade.
A capa traz um quadro renascentista da arca de Noé.
- Ivan Krastev. O Futuro por Contar.
Como a pandemia vai mudar o nosso mundo, Objectiva. Da autoria de um
conceituado cientista político búlgaro, investigador do Instituto de Ciências Humanas
de Viena, que tem uma coluna na edição internacional do New York Times,
e autor entre outras obras de After Europe. Neste seu primeiro livro em
português, analisa o impacto do vírus na globalização, na geoestratégia mundial
e, em particular, no projecto europeu.
Tanta coisa dita e tanta coisa
ainda por dizer. Fico com a ideia de que esta biblioteca, a que chamo por
simplicidade “Corona,” ainda vai no seu início.
Boas férias e muita saúde!
NOVIDADES EDITORIAIS CLASSICADIGITALIA
Série “DIAITA - Scripta & Realia” [textos]
- Nelson Ferreira, Galeno de Pérgamo. As faculdades dos alimentos. Livro I (De alimentorum facultatibus I). Tradução, estudo e notas, com revisão de terminologia botânica por Jorge Paiva (Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2020) 218 p.
[O presente livro apresenta a primeira tradução para português do livro I de uma das obras mais relevantes de Galeno de Pérgamo. Este tratado sobre as propriedades dos alimentos oferece uma visão geral do saber de Galeno sobre as ciências naturais, mais precisamente no âmbito do domínio da medicina e do conhecimento empírico sobre as propriedades da comida e da fisiologia. Ao abordar a natureza das coisas, Galeno tende a usar um processo analítico baseado na relação entre diferentes elementos que interagem em um sistema particular. Relativamente aos antigos hábitos alimentares e à saúde, este modo de obter informação e formular hipóteses tem potencial para gerar hierarquias e está atestado no De alimentorum facultatibus I, no qual os alimentos são avaliados considerando o resultado particular do seu efeito no metabolismo de um paciente. Em suma, este livro é um paradigma da ciência de Galeno e pode explicar por si só o impacto de Galeno na ciência moderna.]
Série “Investigação” [Estudos]
- António Rebelo & Carlota Miranda Urbano (coords.). Isabel, Rainha e Santa: pervivência de um culto centenário (Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2020). 310 p.
[O culto da santidade e das relíquias constitui um fenómeno de notável fecundidade, não só no domínio religioso, mas no domínio artístico e literário, social e político. D. Isabel de Aragão foi uma figura notável no seu tempo e o culto que nasceu em torno da sua figura e das suas relíquias conheceria um progresso sem retorno. Este livro estuda diferentes manifestações do fenómeno desde a morte da Rainha até à modernidade, nas implicações teológico-espirituais do culto das relíquias, no estudo da espiritualidade mendicante que inspirou D. Isabel, no de obras de arte, como o primeiro túmulo da Rainha, ou da literatura celebrativa do seu heroísmo, passando pela leitura de fontes documentais reveladoras das circunstâncias históricas, sociais e políticas da evolução do culto da Rainha Santa no Mosteiro de Santa Clara, no Colégio das Artes, na Universidade e na cidade de Coimbra.]
Memória e Cidadania
De onde vem este impulso de apagamento da memória e de destruição? Qual é o ideal em nome do qual lutam? A justiça?
Chamou-me a atenção um livro recentemente publicado por um professor de Harvard que retoma a questão da defesa das Humanidades em ordem ao pensamento político: James Hankins, Virtue Politics: Soulcraft and Statecraft in Renaissance Italy (Harvard University Press, 2019). Quem assiste a este regresso dos bárbaros ao Ocidente não lhe pode ficar indiferente.
O livro Política de Virtudes salienta o papel essencial da formação do carácter na formação da sociedade, tanto dos cidadãos como dos seus líderes. Segundo este eminente historiador, o que mais preocupava os humanistas do Renascimento não era reformar leis ou instituições, mas moldar os cidadãos. E fizeram-no através de um novo programa de educação a que chamaram studia humanitatis ou artes humaniores (hoje humanidades ou liberal arts).
Com esta expressão anunciavam que o conhecimento das letras e das artes tornava os homens ‘mais humanos’, dando-lhes a conhecer a sua própria natureza. Para o ‘humanista’, o studium (que em latim significa dedicação, amor, zelo) era a nova forma de dignificação do homem. Os studia humanitatis seriam assim o zelo ou dedicação ao que é humano.
Do ponto de vista ético, era algo inovador: a elevação do homem à uirtus era alcançada pelo studium (o esforço individual, o talento e o trabalho), e não pela linhagem ou por qualquer outra sorte de privilégios sociais.
É assim que se entende o binómio inseparável virtus et litterae dos colégios da Companhia de Jesus – instituições criadas para concretizar este ideal da humanitas comum, inseparável das litterae. O amor pelo saber conduzia à excelência moral, ou seja, à virtus.
Para os humanistas, a legitimidade do governante provinha acima de tudo das virtudes do seu carácter. E assim respondiam a questões ancestrais do debate político: Como se reconhece um mau governante? Pode um bom homem servir um regime corrupto? Que virtudes são necessárias a um líder? Qual é a fonte de legitimidade política?
Hoje temos uma vaga ideia de que uma pessoa que estudou numa Faculdade de Letras sabe falar mais além do seu mundo técnico-profissional, é uma companhia mais interessante para jantar, publica até uns livros de poesia, sabe tudo sobre feminismo e igualdade de género, e cumpre todos os dogmas do politicamente correcto. Porém, quando se trata de fazer uma carreira ou de governar o mundo, não temos uma visão séria sobre o que deve ser a educação em humanidades, nem sobre o lugar da memória colectiva num programa de estudos. A chamada educação liberal foi progressivamente enfraquecida e desqualificada.
O mesmo James Hankins afirma que a ‘hermenêutica da suspeita’ da nova esquerda politizou a educação humanística. E começou a acusar a educação liberal e os livros do cânone de serem bastiões de privilégios; a afirmar que o verdadeiro objectivo daquela educação era manter as barreiras de classe; e que a tradição ocidental não passava de uma construção ideológica feita por intelectuais do regime, ao serviço do poder.
Quando se trata de fazer uma carreira ou de governar o mundo, não temos uma visão séria sobre o que deve ser a educação em humanidades, nem sobre o lugar da memória colectiva num programa de estudos. A independência do corpo docente – continua – foi gradualmente desmantelada: “agora somos todos abelhas operárias, servindo o monstruoso regimento de burocratas”.
Com o objectivo de minar a autoridade do passado ocidental, os historiadores da nova esquerda focaram-se no racismo e no sexismo. E bloquearam a nossa capacidade de elogiar os antepassados. Tornou-se lugar comum obrigatório da historiografia denunciar as imoralidades do passado, sempre vistas do alto da nossa perfeição. Na medida em que as obras do cânone eram instrumentos de privilégio e opressão, foi preciso desacreditá-las e bani-las dos programas (para proteger os jovens da sua leitura).
O que esses historiadores não vêem é que elogiar antepassados é a condição de toda a civilização, como escreveu Rémi Brague e, antes de todos, Cícero, no seu discurso em defesa do poeta Árquias, magna carta do humanismo e das letras: honor alit artes. O louvor é o motor da arte e da cultura, a sua fonte nutritiva.
Assim, não é só a educação que está doente, é a cultura que está em evidente decadência. Senão, perguntemos, continua Rémi Brague. Será que ainda somos capazes de elogiar? Será que ainda estamos conscientes de possuir algo pelo qual estarmos gratos? No lugar da memória colectiva pusemos o nosso ego inchado. O Culto do Ego (Le cult du moi), do escritor francês Maurice Barrès (1862-1923), conheceu muitos seguidores durante o século passado e ainda hoje se exprime sob vários nomes: desenvolvimento pessoal, auto-realização, auto-expressão, autenticidade, e assim por diante (...)
Privar as gerações daquilo que é a sua memória colectiva é deixá-las entregues a si próprias – para depois as governar segundo interesses. Desconsiderar a memória colectiva das gerações é o primeiro passo para desmantelar o seu património. Primeiro desqualifica-se o cânone literário, depois muda-se o paradigma (da educação, da arte, da cultura) e por fim acaba-se decapitando estátuas e incendiando catedrais góticas (...).
Vivemos uma crise civilizacional que, segundo James Hankins, tem semelhança notável com a crise civilizacional do século XIV, que trouxe as humanidades à existência enquanto plano de estudos. Essa crise, tal como a vê o autor, é causada pelo vazio da liderança moral e pela incapacidade de, nos estados-nação, as elites globalizadas se fazerem respeitar pelos cidadãos (...).
Os humanistas ensinaram que as humanidades podem fornecer disciplina moral – a arte da alma – necessária para formar o tipo de governantes e cidadãos indispensável ao bom governo. As humanidades podem cultivar a excelência moral e intelectual humana, que a nossa tradição considera como virtude.
É neste sentido que James Hankins defende o estudo dos clássicos entre os valores de uma sociedade pluralista. Homero e Aristóteles têm um papel importante a desempenhar na formação do carácter. Com esse legado aprendemos que a polis são os cidadãos e não as muralhas nem os barcos viúvos de homens (Tucídides, 7.77.7). Se a polis são os cidadãos, haverá melhor educação para a Cidadania e Desenvolvimento do que a formação do carácter do cidadão? E haverá melhor polis para viver do que aquela cujos cidadãos cultivam a excelência moral?
Margarida Miranda
terça-feira, 28 de julho de 2020
Cartas e petição para manter o ensino da cultura clássica num colégio jesuíta
Pode um aluno não frequentar a disciplina de "Cidadania e Desenvolvimento? - 2
... o currículo escolar integra o que de melhor uma geração pode oferecer em termos de educação formal à seguinte, tanto em termos de conhecimentos disciplinares que lhes oferece, como em termos de estimulação das suas capacidades.
... os construtores do currículo não se deixam influenciar por quaisquer interesses que se desviem desse desiderato, move-os apenas e só a finalidade última que se imputa à educação: a maior aproximação possível da perfeição humana e do bem da humanidade.
... o Estado, que tem assumido a responsabilidade da educação formal, reconhecerá e legitimará o currículo, no pressuposto de que ele será benéfico para todos, implicando a aceitação de todos.
Assim, se no currículo consta Matemática, todos têm de aprender o que se encontra determinado que se aprenda nesta área. O mesmo para a Geologia, a Física, a História, a Geografia, a Língua, etc. e, mesmo, para a Cidadania...
Portanto, um encarregado de educação/associação de encarregados de educação não poderá impedir que o/s seu/s educando/s frequente/m esta ou aquela disciplina, este ou aquele módulo/tema/actividade/projecto... porque o Estado tem, nesta matéria, em nome do direito universal à educação, a última palavra. Palavra que, voltando acima, será a melhor que se pode dar.
Há vários exemplos que corroboram o que acabo de dizer: os "Criacionistas" nos Estados Unidos da América não ganharam a batalha contra os professores de Biologia; a British Historical Association de Inglaterra não conseguiu afastar, em definitivo, o estudo de questões sensíveis da História.
Acontece que a realidade distancia-se, mais ou menos, do acima descrito: o Estado não deixa a sua orientação política à margem do currículo, sendo isso mais visível numas disciplinas do que noutras. E não é a matriz democrática que invalida esta afirmação, acontecendo que tal matriz deixa, na actualidade, a porta dos sistemas de ensino aberta aos mais variados "agentes da sociedade" que só têm a ganhar com a "ajuda"/"apoio" que dizem querer prestar à educação. Isto para já não falar da forte e devastadora influência do "politicamente correcto", que faz o Estado ceder de múltiplas formas.
Foquemos a atenção na ainda recente disciplina de "Cidadania e Desenvolvimento", deixando de lado todas as outras. Com antecedentes que lhe deram a actual forma, tem sido afirmada com o centro do currículo escolar na produção/construção do "cidadão de sucesso". O seu ideário é escrito na mais fina retórica (pseudo) educativa: reconhecem-se os interesses e necessidades dos alunos, a ligação à família, a importância de se atender ao contexto social, cultural, etc.
Mas quando se passa para a sua concretização curricular percebe-se o carácter prescritivo da maior parte das suas dezassete áreas: empreendedorismo, literacia financeira, bem-estar animal, voluntariado, saúde, mundo do trabalho... são, na forma como estão enunciadas, precisamente o que a educação não pode ser: doutrinamento.
Uma afirmação destas requer justificação. Tenho tentado fazer isso em vários artigos, explicando que a "educação" implica a formação para o exercício do livre arbítrio enquanto o doutrinamento conduz e condiciona as decisões que cabem a cada um. Acresce que o doutrinamento que confere substância à componente de Cidadania é exercido desde os primeiros anos de escolaridade, sendo, em grande medida preparado pelos "agentes da sociedade" que têm muito a ganhar com a abordagem ideológica junto dos alunos e das suas famílias.
segunda-feira, 27 de julho de 2020
PALAVRAS QUE CONSOLAM!
sábado, 25 de julho de 2020
O SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE E AS FINANÇAS PÚBLICAS
quinta-feira, 23 de julho de 2020
MEUS PREFÁCIOS E POSFÁSCIOS
Aproveitei o tempo de confinamento para organizar a minha bibliografia. Recorto dela a lista de prefácios e posfácios, que fiz a pedido de autores e editores:
1. EIGEN, Manfred ; WINKLER, Ruthild – O jogo : as leis naturais que regulam o acaso. Trad. e pref. FIOLHAIS, Carlos. 1.ª ed. Lisboa : Gradiva, 1989. 455 p. (Ciência Aberta ; 28). Tít. orig.: Das Spiel - Naturgesetze steuern den Zufall. [p. 9-13]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40998).
2. FEYNMAN, Richard Phillips – O que é uma lei física?. Pref. e trad. FIOLHAIS, Carlos. 1.ª ed. Lisboa : Gradiva, 1989. 222 p. (Ciência Aberta ; 35). ISBN 9726621380. Tít. orig.: The Character of the Physical Law. [p. 7-9]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40996).
3. MANDELBROT, Benoît – Objectos fractais : forma, acaso e dimensão ; seguido de Panorama da linguagem fractal. Pref. e trad. FIOLHAIS, Carlos ; MALAQUIAS LIMA, José Luís, trad.. 1.ª ed. Lisboa : Gradiva, 1991. 296 p. (Ciência Aberta ; 51). ISBN 9726622158. Tít. orig.: Les objects fractals. [p. 7-8]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40999).
4. MAYER-KUCKUK, Theo – Física nuclear : uma introdução. Trad. e pref. de FIOLHAIS, Carlos ; FERREIRA MARQUES, Rui. Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian, Serviço de Educação, 1993. 481 p. ISBN 9723105985. Tít. orig.: Kernphysik - Eine Einführung. [p. 5-7]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41043).
5. HAWKING, Stephen W. – O fim da Física. Pref. e rev. cient. FIOLHAIS, Carlos ; trad. ROSA, José Gabriel. Lisboa : Gradiva, 1994. 84 p. (Ciência Aberta ; 63). ISBN 9726623456 Tít. orig.: Is the end in sight for theoretical physics?.. [p. 7-14]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41024).
6. PROVIDÊNCIA, Constança. ; REIS, Isabel Schreck – Ciência a brincar : descobre a Terra!. Pref. FIOLHAIS, Carlos. 1.ª ed. Lisboa : Bizâncio [etc.], 2001. 61 p. (Ciência a Brincar ; 2). ISBN 9725301323. [p. 11-12]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41189). [4.ª ed. de 2007)
7. EHRLICH, Robert – Nove ideias malucas em ciência : algumas delas podem mesmo ser verdade. Trad. MARQUES MEIRELES, Florbela; rev. cient. e pref. FIOLHAIS, Carlos. Lisboa : Gradiva, 2002. 242 p. (Ciência Aberta ; 119). ISBN 9726628601. Tít. orig.: Nine crazy ideas in science : a few might even be true. [p. 13-16]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41023).
- FIOLHAIS, Carlos; NOGUEIRA, Fernando ; MARQUES, Miguel, eds. – A Primer in Density Functional Theory. Pref. eds. New York : Springer, 2003. 256 p. (Lecture Notes in Physics ; 620). ISBN 3540030822. [v-vii]
- SÉRGIO, Manuel – Para um novo paradigma do saber e... do ser. Pref. FIOLHAIS, Carlos. Coimbra : Ariadne Editora, 2005. 109 p. (Momentos ; 5). ISBN 9728838131. [p. 11-16]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40712).
- TRINDADE, Margarida, ed. – Profissão cientista : retratos de uma profissão em trânsito. Pref. FIOLHAIS, Carlos. Lisboa : Associação Viver a Ciência, 2005. 36 p. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41001). Pp.?? ISBN??
- FIOLHAIS, Carlos, coord. – Einstein entre nós : a recepção de Einstein em Portugal de 1905 a 1955. Pref. FIOLHAIS, Carlos. Coimbra : Imprensa da Universidade, 2005. 207 p. (Documentos) ISBN 9728704607. [p. 7-10]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40986).
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- ABREU, José Luís Pio de – Quem nos faz como somos : genes, signos, identidades. Pref. FIOLHAIS, Carlos. Lisboa : Dom Quixote, 2007. 198 p. ISBN 9789722033312. [p. 11-15]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41120)
- SILVA, Ferreira da – Metafísica [poética]. Pref. FIOLHAIS, Carlos – A Física, a metfaísica e a poesia. Porto : Fundação Eng. António de Almeida, 2007. 93 p. ISBN 9789728386719. [p. 11-17]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40995)
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17. FERNANDES, Joaquim – O grande livro dos portugueses esquecidos. Pref. FIOLHAIS, Carlos. [Lisboa] : Círculo de Leitores e Temas e Debates, 2008. 346 p. ISBN 9789896440237. [p. 13-16]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41119)
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19. HAWKING, Stephen, coord. – Aos ombros de gigantes. Coord. cient. e pref. FIOLHAIS, Carlos ; trad. SANTOS ROCHA, Heloísa Beatriz ; MORICONI, Lis Lemos Parreiras Horta ; rev. téc. MORICONI, Marco; DUTRA, Sérgio Mendes; adapt. português europeu FIOLHAIS, Carlos ; MARTINS, Décio Ruivo ; OLIVEIRA, Orlando. 1.ª ed. 2010 Alfragide : Texto Editores. 1287 p. [5.ª ed. 2017 ] Tít. orig.: On the shoulders of giants. ISBN 9789724742724. [p. 11-13]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41124).
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38. RIBEIRO MENDES, João – O realismo experimental e os seus críticos. Pref. FIOLHAIS, Carlos. Vila Nova de Famalicão : Húmus, 2015. 281 p. ISBN 9789897551819. [p. 9-14]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/41121).
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40. HALÍK, Tomáš ; GRÜN, Anselm – O abandono de Deus : quando a crença e a descrença se abraçam. Um diálogo moderado por Winfried Nonhoff ; pref. FIOLHAIS, Carlos; trad. MORÃO, Artur. Prior Velho : Paulinas, 2017. 222 p. (Poéticas do Viver Crente. Linhas de Rumo). ISBN 9789896735678. [p. 5-12]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/40991)
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42. WEYL, Hermann – Simetria. Trad. MARQUES, Florbela; rev. cient. e posf. FIOLHAIS, Carlos – O que Weyl não podia saber. 1.ª ed. Lisboa : Gradiva, 2017. 182 p. (Ciência Aberta ; 220). Tít. orig.: Symmetry. ISBN 9789896167646. [p. 153-159]. (Disponível em Estudo Geral: http://hdl.handle.net/10316/43480)
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44. ANDRÉ, João Paulo, Poções e Paixões: Química e Ópera, pref. FIOLHAIS, Carlos - Ópera e Química, duas fitas de uma só hélice. Lisboa : Gradiva, 2018, 452 p. ISBN 9789896168117. [p-11-17]. Disponível em http://dererummundi.blogspot.com/2018/03/meu-prefacio-pocoes-e-paixoes-quimica-e.html
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48. RODRIGUES, André - Números que contam histórias, 90 factos que provavelmente não conhece sobre Portugal. Posf. FIOLHAIS, Carlos- Tudo é número. Pref. João Duque. Lisboa: Contraponto, 2019, 224 p. ISBN 9789896661892. [p. 217-219] Disponível em http://dererummundi.blogspot.com/2019/04/tudo-e-numero-meu-posfacio-ao-livro.html
49. BARBOSA, João - Piadas secas, infrassecas e ultrassecas sobre ciências, pref. FIOLHAIS, Carlos. - Um prefácio nada seco. Lisboa: Gradiva, 2019, 120 p, ISBN 978989616900. [p. 9-13] Disponível em http://dererummundi.blogspot.com/2019/05/um-prefacio-nada-seco-202-piadas-secas.html
50. WALLACE-WELLS, David - A Terra Inabitável: uma história do futuro, pref. FIOLHAIS, Carlos, Apocalipse agora. Lisboa: Lua de Papel, 2019, 365 p., ISBN 978989234712 [p. 17-19] Disponível emhttp://dererummundi.blogspot.com/2019/10/apocalipse-agora.html
51. PIEDADE, António . Diálogos com ciência, il. PIMENTEL, Maria, pref. FIOLHAIS, Carlos, Porto: Trinta por uma Linha. 96 p., ed. rev. da ed. autor de 2015. (Kid Pocket Books, 3) ISBN 9789895437641 [p. 9-12]
52. FRANCO, José Eduardo, A Europa ao espelho de Portugal. Ideia(s) de Europa na cultura portuguesa, pref. FIOLHAIS, Carlos. Lisboa: Temas e Debates e Círculo de Leitores, 2020, 289 p., ISBN 9789896445980. [p. 9-15] Disponível em: http://dererummundi.blogspot.com/2019/12/meu-prefacio-a-europa-ao-espelho-de.html
53. CASTRO CALDAS, Alexandre ; RATO, Joana - Neuromitos, Ou o que realmente sbemos sobre como funciona o nosso cérebro. pref. FIOLHAIS, Carlos – Neuromitos. O confronto da intuição com a realidade; posf. CRATO, Nuno. Lisboa: Contraponto, 2020, ISBN 9789896662356, [p. 13-17]. Disponível em: http://dererummundi.blogspot.com/2020/05/prefacio-nueuromitos-de-alexandre.html
54. FIOLHAIS, Carlos; Franco, José Eduardo; PAIVA, José Pedro, dirs. - História Global de Portugal, Introdução geral, Lisboa: Círculo de Leitores e Temas e Debates, 2020. 662 p. ISBN 9789896446352 e 9780724252629. [p. 13-19].
56. AFONSO, Nadir- Obra Completa. FIOLHAIS, Carlos, pref. dos vols. “Nadir. Face a Face com Einstein”, “Universo e pensamento” e “O Tempo não existe. Manifesto.” Porto: Editora da Universidade do Porto [No prelo].
57. MALCATA, F. Xavier – O Tempo e as Palavras. Colectânea de poemas, Porto, 2020 [No prelo]
58.
FERNANDES,
Joaquim - Os Filhos de Ícaro. Crónica
dos pioneiros portugueses das “máquinas de andar pelo ar”, Lisboa: Gradiva.
Prefácio: Os ascensores aos céus. Lisboa: Gradiva [Em preparação].
O corpo e a mente
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