terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Que moralidade têm os países para pedir às escolas e aos professores para resolverem os problemas de sustentabilidade do mundo?

Na continuação de texto anterior (aqui)


“Age de tal modo que haja uma vida depois de ti”.
Hans Jonas (1903-1993)

Depois de 25 anos de negociações ao mais alto nível da política internacional, realizou-se na primeira quinzena deste mês, em Madrid, mais uma Conferência das Nações Unidas focada nas alterações climáticas. O seu lema foi: "É tempo de agir". Na verdade, "era" tempo de agir. Melhor: era, há muito tempo, tempo de agir. Porém, não foi possível, mais uma vez, regulamentar o famoso Artigo 6.º do Acordo de Paris, referente às emissões de carbono (ver, por exemplo, aqui e aqui), ainda que os problemas de sustentabilidade da terra (destacados na Agenda do Horizonte 2030 da ONU), estejam longe de se reduzir a elas.

Nessa Cimeira estiveram representados mais de duzentos países, em cujo currículo escolar terão destacada a educação ambiental, a educação para a sustentabilidade, ou uma educação que se assemelhe; nas suas escolas haverá projectos, actividades e dinâmicas de sensibilização das crianças, dos jovens, das famílias, da comunidade para os múltiplos perigos que espreitam a vida (humana, animal e vegetal) e o planeta.

Que moralidade têm esses países, depois de Paris e de todas as outras reuniões que realizaram até esta Cimeira, para, através dos seus ministérios da educação, solicitarem às escolas e aos professores uma acção empenhada e eficaz em matéria de tão grande relevância e para a qual não conseguem um entendimento? De resto, estamos perante um problema que só pode ser debelado por via de uma acção política forte e segura. A escola e os seus professores pouco ou nada podem fazer, além do que já fazem.

Hans Jonas, filósofo que formulou o "princípio da responsabilidade", que acima transcrevi, teve o cuidado de sublinhar que ele é dirigido mais à acção pública, envolvendo, em primeira instância, a política, do que ao comportamento individual.
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Jonas, H. (1995). El principio de la responsabilidad. Ensayo de una ética para la civilización tecnológica. Barcelona: Herder

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