A colecção “Descobrir a Ciência”, que começou há pouco a ser
distribuída nas bancas de jornais associada ao “Correio da Manhã” e à “Sábado”,
é uma colecção sobre o Universo, a Terra e a Vida, que coloca ao alcance de
todos que as mais recentes descobertas científicas. “Ciência para todos” poderia,
portanto, ser o nome desta colecção de títulos muito diversos, que, começando
com “Depois do Big Bang”, de Alberto Fernández Soto, astrofísico na Universidade de Cantabria, Espanha,
vai incluir logo nas primeiras entregas outros títulos interessantes como “Na Pista
de Einstein”, “Mundo Quântico”, “Porque
somos como somos?” e “O Cérebro Artístico”, da autoria de outros cientistas,
que nos desvendam não só os mistérios do Universo em grande escala mas também
os mistérios da vida que apareceu no nosso planeta, em especial o extraordinário
cérebro humano.
Haverá, na colecção, outras obras com títulos sedutores como
“A Ciência da Ficção Científica” ou a “A Ciência do Sexo”; livros de grandes
pensadores mundiais como “A Origem da Humanidade e o seu futuro biológico” de Francisco Ayala,
professor de Filosofia e Biologia na Universidade da Califórnia; e livros que
apresentam a ciência que está a entrar nas nossas vidas como a genómica
(“Genes, ambiente e cultura”), a biologia do envelhecimento (“É possível travar
o envelhecimento? “), a nanotecnologia (“Nanomundos”) ou a exploração espacial (“Rumo
às estrelas”). Semana a semana o leitor poderá descobrir várias áreas da
ciência mais moderna. E fá-lo-á com facilidade graças ao grafismo atraente, a ilustrações e a caixas explicativas que revelam uma clara preocupação
pedagógica. Tendo já lido os primeiros volumes, só posso dizer que eles me
abriram o apetite para os demais. Há muitos bons livros de divulgação da
ciência em Portugal, mas faltava nos quiosques uma colecção plural e
actualizada que nos convide a todos, os pais e os filhos, para a grande aventura
do conhecimento.
Os cientistas mais não são do que os enviados da sociedade
às fronteiras do conhecimento. A sociedade espera deles que revelem as suas descobertas
de modo a que possam ser entendidas. Só quando anunciarem as suas descobertas de
um modo inteligível estas serão, não deles, mas de todos. De facto, é errado
pensar que a ciência é dos cientistas, a ciência é de nós todos. Os cientistas
e divulgadores que escreveram a colecção “Descobrir a ciência”, que são
responsáveis por descobertas nos seus domínios de especialidade, colocaram ao
alcance de um público muito vasto aquilo que sabem, fizeram com que o seu saber
passasse a ser também o nosso.
A sociedade contemporânea depende fortemente da ciência –
seja no trabalho, nos transportes, nas comunicações, nas diversões, etc. – mas
nem sempre temos a consciência disso. É graças à investigação científica que
conseguimos hoje comunicar pelos telemóveis e pela Internet e é graças a ela que
começamos a ter carros sem condutor e entregas de encomendas por drones. É também graças à investigação científica que conseguimos
saber o tempo de amanhã ou que conseguimos planear e controlar redes de
trânsito. O sector da saúde ilustra particularmente bem o enorme poder da
ciência nas nossas vidas: foi graças a avanços científicos que hoje vivemos
mais e melhor do que viveram os nossos avós. Depositamos esperanças na
continuação desses avanços para que os nossos netos vivam ainda mais e melhor.
Doenças como o cancro podem hoje ser encontradas através de exames genéticos e de
imagens do interior do corpo e podem ser tratadas com equipamentos e
medicamentos sofisticados. Amanhã, com a medicina personalizada, poderão ser
feitos tratamentos ainda mais eficazes: poderão ser fabricadas moléculas à
medida de um certo doente ou poderão ser construídos nanorobôs que destruam os
tumores. Mas só conhecendo minimamente a
ciência – em particular conhecendo os métodos da ciência – conseguiremos usá-la
bem. Os livros da série “Descobrir a ciência” fornecem as bases da ciência.
Além de resumirem o essencial do que se sabe hoje, enumeram também as grandes
questões que orientam a investigação actual, por exemplo: como podemos remediar
o aquecimento global? Como vamos obter energia sem prejudicar o ambiente?
Haverá vida fora da Terra? Poderemos algum dia ir às estrelas?
Perguntaram um dia a
Einstein o que é que ele tinha de especial para ter descoberto tanto sobre o
Universo. O sábio respondeu sabiamente:
“Eu só tenho uma curiosidade apaixonada”, Para entrar na ciência, só é preciso
ser curioso e não há ninguém que não o seja. Todos o somos, em maior ou menor
grau. Einstein foi apenas o mais curioso de todos os seres humanos que viveram
no século passado. Para muita gente é um génio distante do comum dos mortais.
Mas está ao nosso alcance aproximar a nossa curiosidade da curiosidade dele. Com
a leitura de bons livros de divulgação científica poderemos vir a tratar o
Einstein por tu.
2 comentários:
É bom para si que acredite nisso que escreveu. O seu cientismo fica aqui demonstrado.
É sempre refrescante ver pessoas a usar essa palavra tornando óbvio que não fazem ideia do que ela significa. Só mostra o quão necessários artigos como este são.
De qualquer, escolheria "cientismo" em qualquer dia do ano em vez de tretas como homeopatia, anti-vacinação e "alterações climáticas são um mito".
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