quarta-feira, 30 de março de 2016

Os telemóveis são uma inevitabilidade na escola?

Imagem retirada daqui
Abaixo pode ler-se a tradução e adaptação realizada por Joana Branco de um um texto intitulado Como lidar com o uso de telemóveis em sala de aula, assinado por Ben Johnson e publicado num sítio designado por Edutopia (aqui).

O seu conteúdo é bastante paradoxal, mas traduz bem o que se vai dizendo sobre a presença dos telemóveis na escola: provocam distracção, isso é certo, mas se foram tirados aos alunos eles ficam num tal estado de ansiedade que acabam por perturbar a aula; o esforço para um professor tirar um telemóvel é tal que não valerá a pena incomodar-se. E, claro, depois, há os pedagogos que afirmam tratar-se de uma excelente "ferramenta educativa". Importa pensar nisto tudo: no modo como se aprende (a nossa capacidade de aprendizagem não vai além da resolução de uma tarefa de cada vez); no modo como nos relacionamos ("encafuados" em nós ou dando alguma atenção aos outros e ao conhecimento que nos podem proporcionar), à função e ao papel do professor (tolerar tudo o que a sociedade decide impor-lhe ou assumir o dever de educar) e, sobretudo, na função da escola (temos claro qual ela seja?).
Quando questiono os alunos sobre a dependência dos seus telemóveis, invariavelmente, respondem-me “o telemóvel é a minha vida”. 
Tenho dificuldade em entendê-lo, mas talvez esta adição seja comparável, nas gerações mais velhas, à dependência do walkman
Os alunos usam convenientemente os telemóveis para se “desligar” do que não lhes interessa. Alguns argumentam que estudam melhor com música, e não adianta argumentar que, na verdade, o cérebro não consegue focar-se em mais do que uma tarefa em simultâneo. Existem, inclusivamente, no mercado, camisolas com capuz com auriculares embutidos, de modo a que os alunos possam “barricar-se” do mundo, com poucas chances de serem detetados.  
O Frenesim das Sms 
[Enquanto professor] está cansado de ver os alunos a trocar mensagens entre si estando sentados lado a lado? LOL. E o que dizer do aluno astuto que consegue tirar apontamentos enquanto responde a mensagens sob a secretária? Está frustrado pela linguagem incorreta e os erros ortográficos que ressaltam dos trabalhos académicos?
Sabia que o número médio de sms entre jovens é de cinco mil por mês? Alguns alunos suplantam mesmo este número. 
Acatando a Realidade 
Os telemóveis nos estabelecimentos de ensino são uma inevitabilidade. Assim sendo, os professores devem abraçá-la ou aplicar, no seu extremo, a política de “se vejo um telemóvel, fico com ele!”? Como pode um professor controlar dezenas de alunos? Vale a pena o aborrecimento que tal certamente acarreta? 
Não há respostas fáceis a tamanha celeuma. O que quer que se decida é um desafio. Talvez o melhor a fazer seja cada professor desenvolver as suas próprias regras de utilização do telemóvel. Caso o docente opte pela permissão do seu uso, os alunos terão de entender de antemão que tal deverá apenas cumprir um propósito educativo, tendo de se sujeitar a constantes vigilâncias (o que também se aplica aos tablets). 
Optando por uma tolerância 0 
Estabelecer que não se permite o uso dos telemóveis requer, primeiramente, um conhecimento dos órgãos de gestão. Serão também inevitáveis as constantes advertências, aliadas à necessidade de conduzir a aula de modo ativo, para que os alunos não caiam na tentação de dar uma olhadela nos visores dos dispositivos.
A verdade é que o uso de telemóveis pode tornar-se num verdadeiro problema de indisciplina e de gestão de aula se as regras não forem devidamente esclarecidas desde o primeiro dia.

4 comentários:

Anónimo disse...

Os telemóveis na Escola é uma estupidez, mas, o Wi-Fi é um crime.

Anónimo disse...

Sim! Como se atrevem eles a dar às crianças acesso à Internet? Para quê dar-lhes telemóveis? Aliás, para quê dar-lhes o que quer que seja?

Agora a sério, qual é o problema de haver Wi-fi nas escolas?

Quanto à média de 5 mil sms por mês (no artigo, não no seu comentário), é o quê?? Uma pessoa envia e recebe em média um total de 5 mil sms por mês?! A pessoa mais "radical" que conheci neste aspecto chegava às 1 500, e não foi por conhecer poucas pessoas. Será que em 4/5 anos o mundo mudou assim tanto?

Eduardo Martinho disse...

Em complemento, a propósito deste assunto, recorde-se a metáfora de “o sapo e a água quente”:
http://tempoderecordar-edmartinho.blogspot.pt/2016/03/o-telemovel-na-escola-um-problema.html

Anónimo disse...

Sim, afirmativo, nos últimos 4 a 5 anos o mundo mudou imenso, ainda que silenciosamente, para a maioria, a capacidade de acompanhar o que está em jogo está irremediavelmente fora da sua capacidade perceptiva e inteligível.
O Wi-Fi é apenas o princípio, um dos meios mais radicais para que tudo o resto nos seja negado.

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