domingo, 27 de março de 2016

A FÍSICA DOS OVOS DE PÁSCOA


Retomo uma crónica minha publicada no Sol há oito anos:

O ovo surgiu antes da galinha. E, segundo uma tradição persa muito antiga, o Universo teria nascido de um ovo primordial. Esta é uma teoria mitológica do “big bang”, mas talvez seja por isso que, no renascer da Primavera (na religião católica associado à Ressurreição), se façam bonitos ovos – os ovos de Páscoa – para oferecer. Estes começaram por ser ovos cozidos aos quais se  pintava a casca com motivos alegóricos, mas agora são também e sobretudo deliciosos ovos de chocolate.

Podem fazer-se interessantes experiências de física com ovos crús ou cozidos. Muita gente sabe que a qualidade de um ovo cru se pode verificar colocando-o em água. Se afundar estará bom, ao passo que se flutuar estará provavelmente estragado. Claro que só se devem cozer os ovos bons! Um ovo depois de cozido fica muito parecido com um ovo cru. Como distingui-los?

Pois pode-se distingui-los por meio de experiências simples, sem destruir o ovo cru. Uma delas consiste em pôr os ovos a rodar. O ovo cru tem mais inércia a rodar devido à presença de líquidos no seu interior (o processo de cozedura muda a estrutura das proteínas, dando-lhe uma consistência sólida). Pelo contrário, o ovo cozido começa a girar sem grande dificuldade. Se tentarmos parar o movimento, por exemplo pressionando suave e brevemente  o ovo com um dedo, o ovo cru tende a continuar a girar, ao passo que o ovo cozido se imobiliza imediatamente.

Mas há uma experiência ainda mais engraçada para distinguir os dois ovos. Coloque-se um ovo cozido – pode ser um lindo ovo de Páscoa todo pintado – a rodar a partir da sua posição de equilíbrio, isto é, o ovo na horizontal. É preciso impulsionar bem o ovo numa superfície larga. Então o inesperado acontece: a certa altura o ovo eleva-se, passando a girar em torno do seu eixo de simetria, isto é, com o ovo em pé e não o ovo deitado. O mesmo já não acontece com um ovo crú. A nova situação dinâmica é estável num caso e não no outro.

O leitor pode divertir-se a fazer estas experiências agora pela Páscoa!

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